Olá, aluno(a), do curso Técnico em Administração, que está realizando a disciplina de Administração Financeira e Orçamentária! Está gostando do conteúdo da matéria? Esperamos que sim. Sabemos que a matemática pode ser um problema para muitos, e não tem como se falar em administração financeira e orçamentária se não realizarmos alguns tipos de contas, mas apenas soma, subtração, multiplicação e divisão. Essa operações matemáticas são importantes, pois, por meio delas, obtemos o resultado referente a questões financeiras.
Como já aprendemos em lições passadas, o dinheiro tem um preço, que são os juros. Uma pessoa só desiste do dinheiro no momento presente se souber que terá algum ganho com isso. Pessoas, a todo momento — inclusive, você, isso mesmo, você, aluno(a) —, quando compram algo com seu dinheiro, está fazendo uma troca entre duas coisas que gostaria de ter, mas, para ter uma, precisa desistir de outra, e só fará essa troca se realmente valer a pena.
Vamos exemplificar: algum produto que você comprou em algum estabelecimento comercial teve que ser pago com dinheiro, certo? Por qual motivo você trocou o seu dinheiro pelo produto? Por esperar um retorno positivo por sua posse, por uma necessidade alimentar, de vestuário, de comunicação, de lazer etc. O ponto é que, se o produto não fosse do seu agrado, você não o compraria.
No mundo financeiro, acontece algo similar, no entanto o que se espera de volta não é um produto ou um serviço, mas dinheiro. Uma empresa realiza um investimento porque quer ter lucros, um banco empresta dinheiro para as pessoas e empresas porque sabem que, com isso, terão juros (e a juros compostos, como vimos na lição passada). De forma geral, o mundo financeiro funciona sempre objetivando ganhos financeiros.
Nem todo investimento, no entanto, converte-se em ganhos, pois, por diversos motivos, eles podem vir a dar prejuízos. Por essa razão, para evitar que investidores apliquem seu dinheiros em projetos que não darão retorno, metodologias de análise de investimento foram criadas, dentre elas, o valor presente líquido, que é uma das mais aplicadas por sua simplicidade metodológica e aplicação. Ficou curioso(a)? Será essa metodologia que aprenderemos nesta lição!
Será que todos os investimentos financeiros são seguros? Sabemos que essa é uma realidade ainda não comum para você, aluno(a), mas tentaremos compreender como funcionam as decisões de investimentos, principalmente para as empresas.
Antes, porém, voltaremos ao exemplo, tendo você como o indivíduo em nosso cenário hipotético construído. Imaginemos que hoje, isso mesmo, hoje, no momento em que você está lendo esta lição, você acaba de descobrir que um familiar muito distante deixou para você uma grande herança. No entanto existem algumas condições para que você possa colocar suas mãos nela, mas, caso não aceite tais condições, terá direito apenas a 10%.
A primeira condição é que, antes de você usá-la para comprar o que você quiser, inicialmente, precisará investi-la, por exemplo: numa construção de uma fábrica, na compra de terras, em mercadorias do mercado financeiro, ou seja, em algo que faça com que ela tenha algum rendimento (como você já sabe, pelas lições passadas, são os juros). A segunda condição é que essa herança aumente em, pelo menos, 50%, depois disso, ela será toda sua.
Agora que você já sabe fazer contas com percentual, dado que a herança recebida seja de R$ 100.00,00 (cem mil reais), se você fizer ela render 50%, o valor total que você poderá gastar será de R$ 150.000,00 (um ótimo valor, não é mesmo?). Nessas condições, você tentaria atender as duas condições ou pegaria apenas os 10% (que será de R$ 10.000,00)? Ou tentaria investir para ter direito a gastar R$ 150.000,00?
Muitos podem optar pelos R$ 10.000,00, mas muitos (talvez, você) preferirão tentar investir. Veja que, ainda que os valores sejam muitos distintos (R$ 10.000,00 e R$ 150.000,00), a decisão ainda é difícil, pois quem garante que você conseguirá ter um rendimento de 50%? E supondo que você consiga, quanto tempo isso pode levar? Justamente, para tentar resolver esse tipo de situação, que metodologias para avaliações de projetos de investimento existem, para indicar qual tipo de investimento vale a pena, ou não, fazer e qual o tempo de retorno entre eles ou, mesmo, para comparar dois ou mais distintos investimentos.
O exemplo da herança, ainda que simples, retrata muito bem o que as empresas passam, ao objetivarem investir seu dinheiro para ter ganhos, mas com a incerteza de saber se tal investimento vale a pena, ou não.
Como veremos na lição, o valor presente líquido é uma forma de trazer a valores presentes um fluxo de caixa a um valor presente (fique tranquilo(a), todos esses termos novos que você não conhece serão explicados na seção conceitual). Mas qual a importância disso? A resposta a essa pergunta depende do tipo de pessoa que a faz. Para você, aluno(a), pode ser uma pergunta que a resposta, por mais fácil e simples que possa ser, não tenha uma utilidade direta em sua vida, talvez, não agora. No entanto, para empresários, que podem ser os que já possuem uma empresa e objetivam expandi-la, comprando mais máquinas, contratando mais trabalhadores ou, até mesmo, abrindo uma filial em outra cidade, ou para entre os potenciais empresários, ou seja, aqueles que, ainda, não possuem um negócio, mas pretendem iniciar um, essa resposta é muito importante.
Como você já aprendeu, nem sempre uma pessoa ou empresa tem todos os recursos necessários para realizar um investimento, motivo pelo qual precisa pegar recursos emprestados e, para isso, terá que pagar por eles, podendo ser esse pagamento na forma de juros simples ou compostos. Dessa forma, você acha que vale a pena pegar dinheiro emprestado, pagar juros e aplicar em algo que não trará retornos positivos? Agora, sim, a resposta é única e objetiva para todos os públicos: não! Não vale a pena, pois se perderá dinheiro, e ninguém gosta de perder dinheiro, não é mesmo? Por essa razão, para tentar ajudar no processo de tomada de decisão, foram criadas metodologias de análise de viabilidade de projetos. Por viabilidade, entenda análise de um investimento que vale a pena fazer (ou seja, um projeto viável), ou não (projeto não viável).
Grandes empresas, a todo momento, estão tomando decisões de investimento para expandir suas atividades, mas apenas o farão se tiver algum critério objetivo de informação que indique que, de fato, vale a pena concretizá-lo. Por isso, nesta lição, você aprenderá uma das mais comuns e aplicadas ferramentas de análise de viabilidade financeira, o valor presente líquido.
Voltando à questão inicial da seção, por que trazer a valores presentes um fluxo de caixa a um valor presente? A resposta, agora, é: para saber se um empresário deve, ou não, investir em um projeto!
Agora que você já conhece os juros, ou seja, o valor do dinheiro no tempo, e como eles são calculados pela metodologia simples e composta, daremos um grande passo e veremos, em termos da administração financeira e orçamentária, as técnicas para avaliação de viabilidade de um projeto. No entanto vamos com calma nesse assunto, ok? O que é um projeto? O que quer dizer o termo viabilidade? Como esses podem ser conceitos novos para você, então, compreenderemos esse assunto por partes, abordando o que nós já sabemos sobre o tema administração financeira e orçamentária, certo?
Como visto em lições passadas, ninguém investe seu dinheiro esperando ter um retorno negativo, certo? Se uma pessoa investe R$ 100,00, espera receber, ao fim do período, esse mesmo valor, no mínimo. Acontece que todo investimento está sujeito a riscos. Imagine que uma grande empresa tenha intenção de abrir uma filial em sua cidade, o que seria muito bom, pois geraria emprego, renda e consumo, de forma que todos, empresa e população, ficariam em melhor situação se esse investimento ocorresse, certo? A resposta é: depende. Para população, sempre será melhor a empresa realizar o investimento, mas, para a empresa, nem sempre, pois pode ser que seja um mal investimento, ou seja, ela pode perder dinheiro.
Antes de você julgar a empresa, saiba que você, direta ou indiretamente, faz isso, ainda que não com dinheiro. Quando você compra um produto, você avalia o custo-benefício, ou seja, se o benefício que terá com ele vale o preço. Quando isso não acontece, é normal ficarmos estressados, não é mesmo? A ideia aqui é exatamente igual, quem investe analisa o custo-benefício, mas, para esse caso, tanto o custo como o benefício são medidos em termos de dinheiro, ou seja, o quanto será aplicado e o quanto será recuperado.
Você investiria seu dinheiro em algo que não lhe daria benefício algum? Ou, pior, você pegaria emprestado dinheiro de alguém, um banco, por exemplo, pagando juros por tal empréstimo, para investir em algo que não teria bom retorno? Por mais óbvio que possa parecer, a resposta é não.
Uma empresa pode optar por fazer grande investimento, mas, para isso, terá que desembolsar grande quantidade de recursos financeiros. Pode acontecer da empresa não ter todo o dinheiro necessário, tendo que pegar empréstimos e pagar juros por eles, que, como você já aprendeu a calcular, podem ser do tipo simples ou composto (os bancos, normalmente, cobram juros compostos). Dessa forma, a decisão de investimento deve ser tomada com cuidado, não somente para não gerar um prejuízo, mas também para que o investidor não possa ficar com, além de um prejuízo, uma dívida no banco.
Se existem riscos, porém, nunca será possível saber, com certeza, se o investimento é bom. Imagine as pessoas e empresas que, no começo de 2020, fizeram investimentos, pegaram empréstimos nos bancos para financiar a abertura de uma firma, de um negócio, e, logo em seguida, veio a pandemia da Covid-19 e mudou tudo. O risco é algo inato a qualquer tipo de análise relacionada ao futuro, principalmente em termos de dinheiro, mas existem algumas metodologias desenvolvidas que permitem análises que podem, ao menos, indicar possíveis bons negócios (PUCCINI, 2011). Dado que você já sabe sobre os juros, fica muito mais fácil compreender a metodologia que será aprendida nesta lição, o valor presente líquido, ou, simplesmente, VPL.
Quando um investidor aplica/investe seu dinheiro a juros, ele receberá um total de dinheiro maior que o inicial. Esse recebimento pode ser em parcelas, o que vamos chamar de fluxo de caixa, ou apenas o valor total após um período de tempo (mais comum em investimento financeiros como ações) (PUCCINI, 2011). Resgatando o que você já sabe, se você possui em sua conta hoje R$ 100,00 e investe em uma aplicação durante cinco meses, a uma taxa de juros simples de 10% ao mês, em cada mês, você receberá:
J = 100,00 x 0,1 x 5 = 50,00
Essa é uma conta possível de se fazer mesmo sem utilizar a fórmula, vamos tentar? Se o valor é de R$ 100,00, 10% desse valor é R$ 10,00. Como a quantidade de meses é cinco, basta multiplicar R$ 10,00 por cinco, que resultará em R$ 50,00. O que é importante para nós, nesse momento, é que o valor final da aplicação será de R$ 150,00, dado pela soma dos R$ 100,00 com os R$ 50,00 gerados pelos juros, certo? Se alguém lhe perguntasse se esse é um bom investimento, o que você falaria? Pare um pouco aqui a leitura e pense qual seria sua resposta.
Após pensar, provavelmente, você dirá que é um bom investimento, pois a aplicação de R$ 10.000,00 se tornou R$ 15.000,00, ou seja, um valor maior que o aplicado, algo bom, certo? Errado! Mas por quê? A resposta esbarra justamente no conceito que já aprendemos, os juros. Não é possível comparar, diretamente, um valor futuro de um investimento com seu valor passado, pois é necessário considerar o valor do dinheiro no tempo.
Por valor do dinheiro no tempo, entende-se o rendimento que o dinheiro teve no período considerado (no caso do exemplo, um retorno de 10% ao mês (ROSS et al., 2013). Para corrigir esse problema, utiliza-se o VPL. Essa metodologia é empregada quando se tem por objetivo analisar o valor presente de um fluxo de caixa (períodos em que o dinheiro será aplicado, podendo ser dias, meses ou anos) e o seu valor inicial, para dizer se, a dada taxa de juros, o valor final é maior que o inicial (ROSS et al., 2013).
A ideia por trás dessa metodologia é obter um valor que seja líquido, ou seja, que desconsidere os ganhos ou as perdas da aplicação do dinheiro no tempo. A fórmula indicada a seguir mostra como é possível obter o VPL. Não se assuste com ela, pois, por mais complexa que possa parecer, sua aplicação é bem simples e demandará de você apenas conhecimentos de soma, subtração, multiplicação e divisão.
Em que:
VPL: Valor Presente Líquido.
PV: Valor presente.
CFt: Fluxo de caixa no período t.
I: Taxa de desconto, também chamada taxa mínima de atratividade (TMA).
t: Período.
O critério de decisão na aplicação do VPL é o seguinte, de acordo com Puccini (2011):
VPL menor que 0: não é um bom projeto.
VPL = 0: indiferente.
VPL maior que 0: é um bom projeto.
Vamos ver alguns exemplos? Imagine que uma empresa possua R$ 1.000,00 e pretende investir parte dele, R$ 500,00, em alguma aplicação financeira (como títulos ou ações). Esse empresário pode também, em vez de aplicar em ações, investir na abertura de uma fábrica, fábrica essa que daria, também, um retorno financeiro ao longo de um período.
Chamaremos a aplicação em ações de investimento A e a aplicação na fábrica de investimento B. O investimento A gerará um fluxo de caixa de R$ 400,00, durante quatro meses, enquanto o B, um fluxo de R$ 200,00, durante seis meses. Talvez, você possa pensar: R$ 400,00 multiplicado por três é igual a R$ 1.200,00, e R$ 200,00 multiplicado por seis, também, é igual a R$ 1.200,00, então, não faz diferença, certo? Errado, porque não se considerou o valor do dinheiro no tempo (o rendimento dos juros). Dado que os juros desse período é de 5%/ano, qual seria o seu VPL? utilizaremos a fórmula do VPL da seguinte forma:
O VPL do investimento A foi de R$ 89,29, ou seja, um valor positivo, bem diferente dos R$ 200,00 (1.200,00 - 1.000,00) certo? Antes mesmo de irmos para o segundo investimento, podemos concluir que o primeiro é um bom investimento, visto que ele trará um retorno positivo de R$ 89,29 (basta lembrar da regra de decisão, se VPL é maior que 0, é um bom investimento). Mas temos mais um investimento para comparar, o B, será que ele, também, será bom, ou seja, o VPL será maior que zero? E, se maior, será que vai ser ainda melhor que o investimento A, ou não? Para resolvermos isso, usaremos a fórmula:
Veja que, para o caso do investimento B, o VPL também foi superior a 0, ou seja, positivo, de modo que esse investimento traria um retorno de R$ 15,14 para nosso investidor hipotético (veja, novamente, que o valor líquido foi bem inferior aos R$ 200,00).
Pela metodologia do VPL, você poderia dizer se os investimentos A e B são bons, sim ou não? Caso tenha entendido, corretamente, a metodologia, a resposta é sim! Veja que, quando consideramos o valor do dinheiro no tempo, ou seja, quando indicamos o juros sobre o fluxo de caixa (ou períodos em que o dinheiro retornará, no caso de nosso exemplo, mensalmente), o resultado difere de simplesmente pegarmos o valor do retorno do juros (PUCCINI, 2011).
Ambos os investimentos dão um retorno positivo, pois, no primeiro caso, o retorno é de R$ 89,29 e, no segundo, R$ 15,14, ambos positivos, indicando que há ganhos financeiros. Mas veja que, com o VPL, você pode fazer mais do que isso, pois, além de indicar se um investimento é bom ou ruim, você pode comparar dois investimentos! No caso dos exemplos utilizados, qual traz o melhor retorno, A com R$ 89,29 ou B com R$ 15,14? A resposta é o primeiro, pois o ganho é maior!
Existem muitas aplicações para o uso do VPL, considerando que se saiba a taxa de desconto aplicado (o termo i que vai na equação, normalmente, é indicado por uma taxa de juros ou taxa mínima de atratividade) bem como o valor e o período do fluxo de caixa, o VPL pode ser mensurado. Não pense você que, apenas, empresas utilizam essa metodologia, indivíduos que não têm empresa, mas querem dar início a um negócio, também utilizam essa ferramenta, pois, como indicado no início, sempre haverá risco em um investimento e, por meio do VPL, é possível ter uma noção sobre o retorno que ele apresentará bem como as alternativas possíveis que podem ser comparadas, como fizemos, utilizando o VPL.
Nesta lição, você aprendeu sobre o valor presente líquido. No entanto, se não souber alguns conceitos importantes sobre essa ferramenta, torna-se difícil compreendê-la, mas você, aluno(a), já possui o conhecimento de tais conceitos, como valor do dinheiro no tempo (juros), rendimento de um investimento e taxa de juros simples e composta.
Ao se trazer um fluxo de caixa (termo que você agora, também, já conhece), um investidor, seja uma pessoa física (um indivíduo), seja uma pessoa jurídica (uma empresa), é capaz de analisar e comparar o valor do dinheiro gerado pela aplicação com o valor inicial que foi investido. Pela regra do VPL, se um investimento tiver um VPL positivo, vale a pena realizá-lo, pois o retorno financeiro que ele gerou foi maior que o aplicado inicialmente. No entanto, para um VPL negativo, não vale a pena investir, pois o retorno do investimento foi menor que o aplicado. Para um VPL igual a zero, o investidor é indiferente, pois o valor do retorno foi igual ao aplicado.
Para que fique claro esse conceito e essa regra de decisão do VPL, análise o quadro a seguir e indique com um x na coluna à direita quais dos investimentos apresentados na coluna esquerda valem a pena ser realizados.
Após realizar o desafio, você perceberá que, por mais simples que pareça, a análise de um bom investimento é fator fundamental para um(a) bom(boa) profissional na área da gestão, como você, aluno(a) do curso Técnico em Administração. No futuro, você terá que tomar decisões importantes para a empresa que trabalhar ou, quem sabe, para a sua própria empresa, e, por meio das metodologias, você estará apto(a) a lidar com esses momentos realizando, de forma eficiente, uma boa decisão.
PUCCINI, A. Matemática financeira objetiva e aplicada. São Paulo: Elsevier, 2011.
ROSS, S. et al. Fundamentos de administração financeira. Porto Alegre: Bookman, 2013.