Olá, estudante! Na lição anterior, estudamos a inovação incremental e o impacto nas vendas. Vimos que, em um mundo onde tudo muda de forma extremamente rápida, é essencial que as empresas acompanhem e se antecipem às tendências de consumo da sociedade, adaptando-se constantemente para permanecerem à frente do mercado. Agora, nesta lição, exploraremos o conceito de inovação disruptiva. Assim como a inovação incremental, ela surge em resposta às mudanças sociais.
Para um(a) Técnico(a) em Administração, compreender a inovação disruptiva significa estar atento às oportunidades de criar mercados ou redefinir os existentes, muitas vezes, explorando nichos negligenciados ou desenvolvendo tecnologias que desafiam as convenções atuais. Portanto, ao longo deste estudo, exploraremos como a inovação disruptiva pode influenciar o desenvolvimento de produtos e serviços, ao mesmo tempo em que transforma modelos de negócios e estratégias de gestão.
Prepare-se para entender como ideias disruptivas podem impactar positivamente o mundo dos negócios.
Imagine que você tem uma empresa que, tradicionalmente, vende bolos. Desde sempre você utiliza uma mesa, uma batedeira e uma geladeira. Mas, infelizmente, recentemente as vendas caíram e você tem que inovar para permanecer no mercado. Diante dessa situação, você decide inovar introduzindo um novo tipo de bolo no mercado. Este novo produto requer a adoção de novos equipamentos, como um liquidificador, um rolo compressor e um freezer. Ou seja, mudará toda a sua linha de produção. Note que essas mudanças não se limitam a melhorias incrementais nos produtos ou nos processos existentes. Pelo contrário, representa uma inovação disruptiva, pois envolve a introdução de novas tecnologias e novos métodos de produção que, além de revitalizar o interesse dos consumidores, também abrirá novos mercados.
Isso é inovação disruptiva, uma mudança que requer alterações totais ou quase totais na empresa. Além disso, vale ressaltar que, às vezes, essas mudanças podem impactar até fora da empresa como transporte, distribuição, embalagem e venda. No exemplo da empresa de bolo apresentado, isso se torna evidente: ao passar de bolos armazenados em geladeira para bolos armazenados em freezer, certamente, o processo de transporte, distribuição e embalagem precisará ser diferente. Portanto, a decisão de mudar completamente a linha de produção para introduzir um novo tipo de bolo utilizando novos equipamentos é um exemplo claro de inovação disruptiva no contexto empresarial.
Vamos aprender mais sobre isso?
Para ilustrar como a inovação disruptiva pode ser vista na prática, utilizaremos um relato hipotético. Contarei uma história envolvendo uma pequena empresa chamada InnovateTech, que estava determinada a mudar o cenário do mercado com uma inovação disruptiva. A equipe acreditava que poderia revolucionar a forma como as pessoas compravam e vendiam produtos online, e a inovação deles foi um aplicativo de realidade virtual chamado Shop360. O aplicativo permitia aos usuários experimentarem, virtualmente, os produtos antes de comprá-los, era como entrar em uma loja física, mas tudo acontecia no conforto da sua casa. Os consumidores podiam visualizar os produtos em 3D, experimentar roupas virtualmente, testar eletrônicos e até mesmo ver como os móveis ficariam em seus próprios espaços.
No início, muitos eram céticos em relação à ideia. No entanto a InnovateTech acreditava que a Shop360 poderia proporcionar uma experiência de compra mais envolvente e convincente do que qualquer coisa disponível no mercado. Eles lançaram o aplicativo e começaram uma campanha de marketing agressiva para destacar suas características únicas. A Shop360 rapidamente ganhou a atenção dos consumidores, especialmente daqueles que buscavam uma forma mais interativa de fazer compras online. A empresa começou a formar parcerias com grandes varejistas e marcas para integrar seus produtos à plataforma. A ideia de "experimentar antes de comprar" tornou-se um diferencial crucial.
O impacto na indústria de vendas foi notável. As lojas tradicionais começaram a sentir a concorrência, enquanto a Shop360 atraía uma base de usuários cada vez maior. A inovação disruptiva transformou a experiência de compra, ao mesmo tempo que influenciou as estratégias de marketing das empresas concorrentes. Logo, outras empresas começaram a perceber que precisavam acompanhar essa tendência de inovação. Algumas começaram a investir em tecnologias semelhantes, enquanto outras buscaram formas mais criativas de melhorar a experiência do cliente. A competição gerou um ciclo de inovação constante, à medida que as empresas buscavam se destacar em um mercado cada vez mais dinâmico.
As vendas da InnovateTech dispararam à medida que a Shop360 se tornou sinônimo de uma nova era de compras online. A empresa revolucionou a forma como as pessoas compravam, e inspirou uma onda de inovação em toda a indústria. As empresas que abraçaram a mudança e adotaram tecnologias disruptivas conseguiram se manter relevantes, enquanto aquelas que resistiram foram gradualmente deixadas para trás. Sendo assim, as histórias da InnovateTech e da Shop360 são exemplos de como a inovação disruptiva pode transformar radicalmente um setor e influenciar significativamente as vendas. A capacidade de antecipar as necessidades dos consumidores e oferecer soluções inovadoras pode ser a chave para o sucesso em um mundo empresarial em constante evolução.
A inovação disruptiva é um conceito introduzido por Clayton Christensen, na década de 1990, para descrever um tipo específico de inovação que transforma radicalmente uma indústria ou mercado estabelecido. Esse tipo de inovação melhora os produtos ou os serviços existentes, ao mesmo tempo que os reestrutura de maneira a oferecer algo completamente novo e, muitas vezes, mais acessível. Ao contrário da inovação incremental, que envolve melhorias graduais e contínuas nos produtos ou nos processos existentes, a inovação disruptiva cria uma mudança abrupta, muitas vezes, deslocando as empresas incumbentes que não conseguem se adaptar a tempo (Silveira, 2020).
Sendo assim, a criatividade desempenha um papel fundamental na inovação disruptiva. Ela é essencial para identificar novas oportunidades, pensar de maneira original e encontrar soluções inovadoras que possam potencialmente transformar mercados ou indústrias inteiras. De acordo com Barreto (2004, p. 73):
A criatividade parte de um problema, na maioria esmagadora dos casos. O problema, contudo, é sempre, invariavelmente, componente ativo, verdadeira razão de ser de tudo o que se compreende sob o título de ‘criatividade’. Simplesmente não há criatividade sem problema referente.
Ou seja, quando pensamos na inovação disruptiva, a busca por transformar indústrias ou mercados estabelecidos inicia-se com a identificação de lacunas ou desafios não atendidos. Esses problemas são como impulsores para desenvolver novos produtos, serviços ou modelos de negócios que resolvam essas lacunas e que ofereçam algo radicalmente novo e frequentemente mais acessível. Neste contexto, a criatividade é essencial para a inovação disruptiva, pois permite às empresas adaptarem tudo aquilo que será necessário.
As inovações disruptivas, geralmente, começam em nichos de mercado menos atraentes ou com necessidades não atendidas, antes de evoluir para ameaçar os produtos ou os serviços convencionais. Elas podem, inicialmente, ser menos sofisticadas ou ter um desempenho inferior, mas, ao longo do tempo, ganham aceitação e melhoram suas capacidades até se tornarem competitivas. Temos alguns exemplos históricos de inovações disruptivas, entre eles alguns bem conhecidos, como a introdução dos computadores pessoais, que deslocaram as antigas máquinas de processamento de dados, e claro, o advento dos smartphones, que transformou as indústrias de telefonia móvel e de câmeras digitais. Essas inovações disruptivas alteraram fundamentalmente a forma como as pessoas vivem e trabalham e melhoraram os produtos ou serviços existentes, transformando-os radicalmente.
As inovações disruptivas frequentemente alteram as preferências e os comportamentos dos consumidores, assim, se um novo produto ou novo serviço atende a necessidades de forma mais eficaz ou oferece uma experiência melhor, os consumidores podem migrar para essa opção, impactando as vendas dos produtos existentes. Um exemplo notável disso são os celulares. Antigamente, os celulares eram utilizados, principalmente, para ligações, e quem gostava de tirar fotos sempre tinha consigo uma máquina fotográfica. Porém, atualmente, os celulares muitas vezes, possuem câmeras melhores do que as máquinas fotográficas, ou seja, os celulares – agora smartphones – por meio de uma inovação disruptiva, tiraram de cena – quase que totalmente – as máquinas fotográficas.
Outro aspecto fundamental a ser ressaltado é que as empresas que introduzem inovações disruptivas podem se tornar concorrentes mais fortes e agressivas. Isso pode levar a uma competição mais intensa no mercado, com as empresas estabelecidas enfrentando desafios para manter suas fatias de mercado e seus volumes de vendas. Como exemplo disso podemos relembrar algo que ocorreu alguns anos atrás. Tínhamos diversas marcas de telefones com teclados físicos e funcionalidades básicas e, de repente, chega ao mercado um dispositivo touchscreen intuitivo, uma interface de usuário revolucionária e com a capacidade de baixar aplicativos diretamente no dispositivo.
Além disso, um ponto crucial a ser destacado é o seguinte: a competitividade em termos de preço pode resultar na redução das margens de lucro. Com a introdução de novas tecnologias e modelos de negócios, as empresas, muitas vezes, são obrigadas a diminuir seus preços para permanecerem competitivas. Isso pode significar margens de lucro mais estreitas para as empresas estabelecidas, impactando diretamente suas receitas. Um exemplo claro disso são os notebooks: anteriormente, esses dispositivos eram mais caros do que os computadores de mesa e, geralmente, eram acessíveis apenas para pessoas com maior poder aquisitivo. No entanto, hoje em dia, o cenário mudou drasticamente, e já é possível encontrar notebooks com preços mais acessíveis que os computadores de mesa. Ou seja, com esse exemplo, vemos como a competição em preço pode influenciar as preferências e a acessibilidade dos consumidores.
O fato é que, as inovações disruptivas, muitas vezes, resultam na rápida adoção de novas soluções, o que pode levar a uma mudança no foco do mercado. Empresas que não conseguem se adaptar podem perder participação de mercado e ver uma queda nas vendas. Por outro lado, a inovação disruptiva também pode criar oportunidades de crescimento para empresas que conseguem adotar e capitalizar as novas tendências. Assim, empresas inovadoras podem ver um aumento nas vendas à medida que conquistam novos clientes e mercados. Portanto, a inovação disruptiva, muitas vezes, exige que empresas existentes atualizem e/ou evoluam seus produtos e serviços para permanecerem relevantes. Isso pode envolver investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento, marketing e treinamento de equipes de vendas.
Em resumo, a inovação disruptiva pode ter um impacto substancial nas vendas, tanto positiva quanto negativamente, dependendo da capacidade das empresas existentes de se adaptarem às mudanças e capitalizarem as novas oportunidades.
Enquanto Técnico(a) em Administração, você precisará compreender a inovação disruptiva e seus impactos nas vendas porque isso afeta diretamente a competitividade e a sustentabilidade das empresas. Entender esses conceitos permite antecipar mudanças no mercado e ajustar estratégias de forma proativa. Além disso, possibilita o desenvolvimento de novas estratégias competitivas que exploram oportunidades de crescimento. Isso é importante, pois, ao ignorarmos a inovação disruptiva, podemos ter uma perda de relevância no mercado e dificuldades para competir com novos entrantes que adotam tecnologias mais eficientes. Assim, a adaptação às novas demandas dos consumidores e a redefinição das estratégias de vendas e marketing também se tornam essenciais para comunicar eficazmente os novos benefícios oferecidos pelos produtos ou serviços inovadores.
Como vimos no decorrer da lição, tanto consumidores quanto empresas podem levar tempo para se adaptar a novas tecnologias disruptivas. A resistência à mudança, por sua vez, pode impactar as taxas de adoção, influenciando diretamente as vendas, especialmente se os clientes perceberem barreiras para a transição. Além disso, a inovação disruptiva, muitas vezes, acelera o ciclo de vida do produto. Isso pode significar que os produtos existentes têm um tempo de vida útil mais curto, exigindo estratégias de vendas mais ágeis e a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças no mercado. Podemos ver as inovações disruptivas como novos modelos de negócios. As empresas podem precisar ajustar suas estratégias de precificação e modelos de receitas para competir efetivamente ou maximizar o valor gerado pela nova abordagem. E claro, com isso, a forma como os produtos são entregues ao mercado pode ser drasticamente alterada, necessitando de adaptação aos novos canais de distribuição ou a redefinição de parcerias comerciais para manter ou aumentar as vendas.
De maneira geral, as inovações disruptivas podem trazer consigo melhorias na eficiência operacional, e as empresas que não conseguem acompanhar essas mudanças podem enfrentar custos mais altos em comparação com concorrentes inovadores, o que pode impactar diretamente a competitividade e as margens de lucro. Ou seja, a inovação disruptiva, muitas vezes, redefine as expectativas dos clientes em termos de experiência. Empresas que não conseguem atender a essas novas expectativas podem perder clientes para concorrentes mais inovadores. Assim, a forma como uma empresa abraça ou resiste à inovação disruptiva pode influenciar sua reputação no mercado. Por sua vez, a percepção de uma marca como inovadora ou antiquada pode afetar diretamente a confiança do cliente e, consequentemente, as vendas. Em resumo, podemos dizer que a inovação disruptiva pode ser um catalisador de mudanças significativas nas dinâmicas de mercado e nas estratégias de vendas. Empresas que conseguem antecipar, abraçar e se adaptar a essas mudanças têm maior probabilidade de prosperar, enquanto aquelas que resistem ou ignoram a inovação disruptiva correm o risco de perder relevância e participação de mercado.
Agora, para que você veja que inovar nem sempre é tão simples quanto parece, quero deixar um desafio. Considere que você foi contratado por uma empresa e terá que criar um produto. A ideia é uma inovação disruptiva, ou seja, criar um mercado, ou deslocar a demanda para novos produtos e serviços. Lembre-se de que podemos utilizar a inovação disruptiva em diversos setores, então, use a criatividade. Depois de criar o produto, aproveite a oportunidade e compartilhe com seus colegas a(s) ideia(s). Quem sabe essa ideia futuramente não se torne realidade, não é mesmo?
Bons estudos!
BARRETO, R. M. Criatividade em propaganda. 12. ed. São Paulo: Summus, 2004.
SILVEIRA, V. C. O que é inovação disruptiva. GV-Executivo, v. 19, n. 1, p. 33-35, 2020.