Olá, estudante! Na lição anterior, aprendemos sobre a Matriz BCG e com ela vimos como analisar o andamento de nossos produtos e serviços, ou seja, ver se eles estão tendo sucesso ou insucesso. Com isso, a Matriz BCG vai nos apontar aquilo que precisamos mudar ou substituir. Isso nos traz ao tema desta lição: Produtos e tecnologias e seus substitutos.
Nessa aula, discutiremos a relevância de analisar constantemente o mercado, reconhecendo a necessidade de adaptar nossas tecnologias e produtos quando for preciso. Compreenderemos que a inovação não é apenas uma escolha estratégica, mas também uma necessidade estratégica e competitiva, impulsionada pela constante evolução do mercado.
Ao final dessa lição, teremos uma visão mais clara de como a análise de mercado e a prontidão para substituir produtos e tecnologias desempenham um papel vital na manutenção da competitividade e no atendimento às demandas em constante mutação dos consumidores. Vamos explorar juntos essa fascinante jornada rumo à excelência empresarial.
Você que faz parte da nova geração, possivelmente está acostumado com a praticidade dos computadores portáteis e conexões de internet ultra rápidas, mantendo-se constantemente conectado ao que ocorre no mundo. No entanto, vale a pena recordar que nem sempre foi assim. Antes da popularização dos computadores portáteis, o mais comum era o de mesa – que ainda existe – composto por elementos distintos como tela, teclado, mouse, CPU etc.
Antes da era da internet veloz, capaz de viralizar notícias em questão de minutos, as coisas transcorriam em um ritmo consideravelmente mais lento. Carregar uma página era uma tarefa demorada, e, acredite se quiser, às vezes nem sequer funcionava. Pode parecer algo curioso agora, mas, naquela época, era praticamente a ‘idade da pedra’ de tudo que temos hoje.
Mas, você consegue identificar por que essa transformação ocorreu? Bem, já te adianto que principalmente devido à incessante necessidade de inovação e à substituição de produtos e serviços. Mas, calma! Será exatamente sobre esse processo de mudança e evolução que você terá a oportunidade de explorar nesta lição. Vamos lá?
Havia uma pequena cidade chamada Greenville, que era famosa por suas maçãs. Os pomares locais produziam as maçãs mais suculentas e saborosas da região. Os habitantes de Greenville dependiam muito da venda dessas frutas para sustentar suas famílias e manter a economia da cidade funcionando. No entanto, em um determinado ano, uma praga devastadora atingiu os pomares de maçãs, destruindo grande parte da colheita. Isso deixou os agricultores e os moradores de Greenville em uma situação difícil. Sem a principal fonte de renda da cidade, as pessoas começaram a procurar alternativas para sustentar suas famílias.
Foi quando um jovem empreendedor local chamado David teve uma ideia brilhante. Ele percebeu que poderia plantar pêssegos em seu terreno, que tinham um ciclo de crescimento mais curto e eram menos suscetíveis a pragas. David começou a cultivar pêssegos em larga escala e logo se viu inundado com uma colheita abundante. Ele rapidamente se tornou o principal fornecedor de pêssegos na cidade. Diante disso, outros agricultores em Greenville também viram a oportunidade e começaram a plantar produtos alternativos, como peras, ameixas e cerejas. A cidade começou a diversificar sua produção agrícola, reduzindo sua dependência exclusiva das maçãs.
Enquanto isso, os habitantes da cidade também se adaptaram à mudança. Os pêssegos, peras e outras frutas passaram a fazer parte regular da dieta das pessoas, e a cidade começou a ganhar reputação por sua variedade de frutas de alta qualidade. Com o tempo, os pomares de maçã em Greenville se recuperaram da praga, mas a cidade nunca mais foi tão dependente de uma única cultura. A diversificação trouxe prosperidade e resiliência à comunidade, e eles aprenderam uma valiosa lição sobre a importância de produtos substitutos e a adaptação às mudanças no mercado.
Assim, Greenville se transformou em uma cidade conhecida não apenas por suas maçãs, mas também por suas outras frutas deliciosas, tornando-se um exemplo de como a diversificação e a busca por produtos substitutos podem fortalecer uma economia local.
Produtos ou serviços substitutos podem ser utilizados para satisfazer a mesma necessidade ou desejo do consumidor. Eles são frequentemente considerados concorrentes diretos, uma vez que os consumidores podem optar por um ou outro com base em vários critérios, como preço, qualidade, conveniência e preferências pessoais. Produtos, tecnologias e seus substitutos são conceitos importantes na economia e no mundo dos negócios, principalmente, quando se fala em negociação e vendas. Antes de continuarmos, vamos entender cada um deles:
Os produtos e serviços atendem as necessidades ou os desejos dos consumidores. Eles podem ser tangíveis (físicos) ou intangíveis (como serviços). Os produtos físicos incluem coisas como eletrônicos, roupas, automóveis, alimentos, móveis etc. Já os produtos intangíveis englobam serviços como educação, consultoria, entretenimento, cuidados de saúde, entre outros.
As tecnologias são métodos, técnicas, ferramentas, processos ou conhecimentos que são usados para criar ou melhorar produtos e serviços. Elas podem abranger uma ampla gama de campos, desde tecnologia da informação e comunicação até tecnologias de manufatura, energia, medicina, entre outros. Um ponto importante sobre as tecnologias, é que elas frequentemente evoluem ao longo do tempo, impulsionando inovações e melhorias em produtos e serviços.
Os substitutos são produtos, serviços ou tecnologias que podem ser usados no lugar de outros produtos para atender a uma necessidade semelhante. Substitutos são relevantes principalmente na análise de concorrência e estratégia de negócios. Além disso, eles podem influenciar os preços, a demanda e a participação de mercado.
A relação entre produtos, tecnologias e seus substitutos é complexa e dinâmica. As empresas precisam acompanhar de perto as mudanças tecnológicas e as preferências dos consumidores para se manterem competitivas. Por exemplo, a introdução de uma nova tecnologia pode criar produtos substitutos que afetam negativamente as vendas de produtos mais antigos. Ao mesmo tempo, as empresas podem usar tecnologias inovadoras para criar produtos melhores que não possuam substitutos próximos. Além disso, a análise de produtos, tecnologias e substitutos é essencial na tomada de decisões estratégicas, como investir em pesquisa e desenvolvimento, diversificar produtos, entrar em novos mercados ou ajustar preços para se adaptar à concorrência.
Vamos de exemplo?
Na indústria automobilística, os carros elétricos (figura 01) podem ser vistos como substitutos dos carros a gasolina, pois ambos atendem à necessidade de transporte, mas com diferentes tecnologias e impactos ambientais. Eles ainda não estão tão presentes em nosso dia a dia, porque, segundo Freitas (2012, p.3) “os carros elétricos atuais são em geral caros e têm pouca autonomia em relação aos de combustão interna (com exceção dos muito caros)”.
Produtos substitutos criam o que chamamos de concorrência direta para as empresas que os produzem ou fornecem. Isso incentiva a concorrência no mercado, estimula a inovação e leva a preços mais competitivos. Vale lembrar que a concorrência é garantida por Lei pela Constituição de 1988. Como afirma os artigos 170 e 172:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995).
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros. (Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 1988).
Observe que o texto da Constituição de 1988 menciona a importância da concorrência no mercado ao citar o artigo 170, que estabelece os princípios da ordem econômica no Brasil. Mais especificamente, o quarto princípio listado no artigo 170 é a ‘livre concorrência’. Essa menção destaca que a livre concorrência é um dos princípios fundamentais que regem a ordem econômica brasileira, ou seja, isso significa que a competição justa e aberta entre empresas é considerada essencial para o funcionamento saudável do mercado, incentivando a eficiência, a inovação e a oferta de produtos e serviços de qualidade a preços competitivos. Em relação ao artigo 172, ele trata da regulação de investimentos de capital estrangeiro, incentivos para reinvestimentos e regulamentação da remessa de lucros para fora do país. Embora não se refira diretamente à concorrência no mercado, pode influenciar indiretamente a dinâmica competitiva, especialmente no que diz respeito aos investimentos estrangeiros e suas implicações na economia nacional.
Empresas que enfrentam uma concorrência mais intensa podem ser motivadas a melhorar seus produtos e serviços para manter ou expandir sua base de clientes. Além disso, eles oferecem aos consumidores opções e liberdade de escolha. Isso é um benefício para os consumidores, pois permite a eles selecionar produtos que melhor atendam às suas necessidades, orçamento e preferências pessoais.
Ter produtos substitutos disponíveis pode tornar uma economia mais resiliente a choques e mudanças nas condições econômicas. Se um produto enfrentar escassez ou aumento de preço, os consumidores podem recorrer a alternativas. Isso sem contar que a presença de produtos substitutos afeta a elasticidade da demanda, que se refere à sensibilidade dos consumidores às mudanças nos preços. Quando há muitos produtos substitutos disponíveis, a demanda por um produto em particular tende a ser mais elástica, o que significa que pequenas alterações no preço podem levar a grandes mudanças na quantidade demandada.
Empresas precisam considerar produtos substitutos ao desenvolver estratégias de marketing e precificação. Conhecer a concorrência e os produtos substitutos ajuda a definir preços competitivos, criar estratégias de diferenciação e inovação e direcionar o marketing de forma eficaz. E vale ressaltar que, para empresas que atuam em diferentes mercados, a inclusão de produtos substitutos em seu portfólio pode ser uma estratégia eficaz para mitigar riscos e aproveitar oportunidades em diferentes setores.
Mas, por que eu preciso saber sobre produtos substitutos? Há alguns anos as pessoas assistiam os filmes por fita VHS, depois por DVD até então chegar a internet e os streamings. Imagine a situação das videolocadoras que por um tempo ouviam que o ramo de alugar VHS e DVS era algo promissor, e de repente foram substituídos pelos streamings! Perceba que uma análise equivocada pode custar postos de trabalho e lucro dos proprietários, por isso, estar atento ao mercado e ao que pode vir a substituir seus produtos ou serviços é essencial.
Agora, imagine que você foi contratado para administrar um posto de gasolina. Não sabemos o quanto de petróleo há no mundo, ele pode acabar de uma hora para outra. Sem contar que as mudanças na tecnologia acontecem e mudam muito rápido, ou seja, um lançamento de um carro elétrico bom e barato pode gerar a troca da frota de carros em todo o mundo rapidamente.
Nessa situação, ao que você como administrador deve estar atento? O que você deve fazer para que o posto de gasolina que você administra não se torne um grande fantasma, assim como aconteceu com as videolocadoras? Pense sobre isso e discuta com seus colegas da turma sobre esse assunto! O que posso te adiantar é que independente da área, é preciso estar atento às mudanças para acompanhar os produtos e serviços substitutos.
BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 1946. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui-cao46.htm. Acesso em: 13. out. 2023.
FREITAS, J. C. N. de. Projeto e análise ao funcionamento de carros elétricos. 2012. Dissertação de mestrado integrado em Engenharia Mecânica. Universidade do Minho. Disponível em: https://repositorium.uminho.pt/handle/1822/22557. Acesso em: 23 out. 2023.