Ambiente Externo
A atipicidade do ano de 2020 se deveu, fundamentalmente, à pandemia provocada pelo vírus denominado de Covid-19, que rapidamente se alastrou pelo mundo. O primeiro caso foi confirmado no Brasil no dia 26 de fevereiro e, a partir daquela data, os números se ampliaram muito, gerando profundos efeitos econômicos e sociais.
Em termos econômicos, o Banco Central do Brasil – Bacen – projetou, no início de 2020, uma taxa de crescimento econômico, medida pela variação do Produto Interno Bruto – PIB – de 2,30%, conforme pode ser observado na primeira figura abaixo. Ao final do ano, o resultado apurado pelo Bacen foi de -4,40% (segunda Figura abaixo). Essa expressiva queda do Produto teve consequências diretas sobre os níveis de renda, emprego e arrecadação. A queda poderia ter sido maior se não tivessem sido adotadas algumas medidas anticíclicas, a exemplo do auxílio emergencial e da abertura de novas linhas de crédito para o setor produtivo. A perda relativa da capacidade fiscal da União, em consequência da queda no nível de arrecadação advinda da Covid-19, exigiu, por conseguinte, a necessidade de ajustes fiscais e de corte de despesas em diversos setores da economia e o FNDE não foi uma exceção.
Fonte: BACEN - Boletim Focus – Disponível em: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus. Acesso em: 12/02/2020.
Fonte: BACEN - Boletim Focus – Disponível em: https://www.bcb.gov.br/publicacoes/focus. Acesso em: 12/02/2020.
No campo social, além da ampliação do desemprego de mão de obra, escolas foram fechadas e aulas foram interrompidas. Professores tiveram que se adaptar a uma nova rotina de ensino a distância. Evidenciou-se a necessidade de ampliação do parque tecnológico nas escolas e expansão da renda de modo a permitir que cada vez mais alunos possam adquirir computadores e que tenham acesso a Internet. Novos paradigmas na gestão do conhecimento no Brasil e no mundo estão sendo postos e o grande desafio atual consiste em reduzir desigualdades sociais e regionais, principalmente na educação.
Foi nesse cenário internacional e interno desfavorável que o FNDE foi convocado a executar seus programas e projetos na área de Educação em 2020. Os resultados desse esforço são apresentados ao longo deste Relatório.
Em períodos de crises, o planejamento estratégico ganha ainda mais relevância por fornecer trilhas consistentemente construídas e baseadas em dados oriundos de séries históricas. Uma dessas trilhas é o Plano Nacional de Educação – PNE -, aprovado em 2014 e vigente por 10 anos, com metas a serem perseguidas, e contemplando possibilidades de ajustamentos de estratégias decorrentes de novos contextos. O FNDE vem tendo importante papel na execução do PNE, via ações colaborativas com os entes federados e ações de caráter supletivo.
Fonte: MEC
A aprovação do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação - Fundeb, por meio da Emenda Constitucional – EC 108/2020 se constituiu num segundo destaque, em termos de alteração do cenário externo. Esse Fundo é um dos principais mecanismos de financiamento da Educação Básica pública brasileira. A EC que aprovou o novo Fundeb trouxe, como inovações a Regulamentação do Valor Aluno Ano/ Total (o chamado VAAT), mais recursos para a Educação Infantil (VAAT-EI), a preservação da cesta de impostos vinculados ao Fundo, a valorização dos profissionais da Educação Básica e ampliação das categorias contempladas, o aperfeiçoamento dos mecanismos de acompanhamento desse Fundo pela sociedade, a complementação da União por resultados educacionais (VAAR) e novos fatores de ponderação de equidade (fiscal e socioeconômica). Essas mudanças terão, em maior ou menor medida, impactos diretos sobre os programas do FNDE e exigirão um continuo e persistente aumento da eficiência da Autarquia.