Projeto de Ensino
Proposta
Com o projeto de ensino Baquaqua, busca-se trabalhar nas turmas de 2ª série da EPTNM (Educação Profissional Técnica de Nível Médio), do CEFET-MG, em caráter transdisciplinar e multicampi, com a única (auto)biografia de um escravizado que passou pelo Brasil, Mahommah Gardo Baquaqua. Ele narra sua vida na África Ocidental, seu processo de sequestro e escravização, assim como sua luta insistente pela liberdade e pelo retorno à sua terra natal no contexto da primeira metade do século XIX (até por volta do ano de 1857, quando se tem a última notícia do protagonista na Inglaterra). Além da força de sua narrativa, a vida de Baquaqua torna-se um excepcional objeto de estudo por nos apresentar seus trânsitos pelo Atlântico não apenas como rotas de exploração e violência, mas como trilhas de liberdade. A base principal e norteadora do projeto foi elaborada de forma multicampi, em 2021, a partir de um grupo de professores do DHIS (campus I - Belo Horizonte) e do DFGTM (campus Timóteo). Além disso, o projeto foi remodelado, no caso da unidade de Timóteo, para um projeto de ensino transdisciplinar.
Público-alvo
Discentes da 2º série dos cursos técnicos:
Desenvolvimento de Sistemas | Edificações | Química
Objetivos
Apresentar o tema da História da África, da escravidão moderna e do abolicionismo a partir das (auto)biografias de escravizados, destacando a atuação desses homens e mulheres como sujeitos históricos.
Estabelecer uma relação de empatia com as vivências do passado marcadas pelo racismo, pela sevícia e pela exploração do trabalho.
Demonstrar como se procede a análise histórica e literária de um documento (auto)biográfico, sublinhando a metodologia científica aplicada que permite construir as relações entre a trajetória individual e as macroestruturas do contexto em que foi produzida.
Identificar as singularidades da história e da geografia das regiões por onde Baquaqua transitou, em especial, da África Ocidental, com sua diversidade cultural e étnica, bem como suas potentes relações comerciais.
Comparar as práticas de escravidão realizadas entre as sociedades africanas e aquela utilizada massivamente com fins de ganho econômico pela indústria escravista moderna.
Atribuir às pessoas escravizadas o protagonismo de sua própria história, abordando temas que privilegiam os atos de resistências e de negociação desses sujeitos em um contexto marcado pela desigualdade de forças.
Exercitar a autonomia do discente e que o mesmo aprenda a trabalhar de modo mais solidário e colaborativo.
Valorizar a própria identidade étnica-social e cultural.