Materiais

Importante: há vários materiais a seguir que serão de grande auxílio para esta etapa, fiquem à vontade para explorá-los!

Artigos & Capítulos de livros

LOVEJOY, Paul E. Identidade e a miragem da etnicidade. A jornada de Mahommah Gardo Baquaqua para as Américas. Afro-Ásia, Salvador, n. 27, 2002, p. 9-39.


Clique aqui para acessar o artigo! 

"Referências à etnicidade são frequentes no estudo dos africanos escravizados nas Américas, mas a forma como o conceito de etnicidade é compreendido tem sido objeto de consideráveis debates e divergências. Eu defendo que reconstruções de conceituações de etnicidade oferecem a possibilidade de preencher uma lacuna metodológica no estudo da escravidão. A lacuna consiste na ausência de dados sobre o que aqueles escravos pensavam e em que eles acreditavam. Por esta razão, a 'interessante narrativa' de Mahommah Gardo Baquaqua reveste-se de especial importância, tendo em vista a sua odisseia incomum, de alguém escravizado na África ocidental, aparentemente entre o início e meados dos anos 1840, e transportado para o Brasil por volta de 1845, alcançando sua liberdade na cidade de Nova Iorque em 1847 [...]" (LOVEJOY, 2002, p. 9-10).  

 

SILVA, Rafael Domingos Oliveira da. A nação contraditada: autobiografias de escravizados e o abolicionismo nos Estados Unidos (século XIX). Almanack, Guarulhos, n. 27, 2021, p. 1-42.


Clique aqui para acessar o artigo! 

A partir de documentos autobiográficos, escritos por mulheres e homens negros escravizados entre fins do século XVIII e ao longo do século XIX, sobretudo no território estadunidense, este artigo propõe uma aproximação aos variados significados da liberdade no interior

de sociedades escravistas do mundo atlântico. Para tanto, focaliza os discursos e as ideologias abolicionistas; as ressignificações políticas da ideia de nação; e o papel da fé e da teologia cristã em um contexto de intenso conflito no qual a escravidão, enquanto instituição, ocupava o epicentro do debate. O artigo procura, ainda, ampliar as considerações sobre a vida pública das autoras e autores das autobiografias, já bastante conhecidas em certas culturas historiográficas, embora ainda permaneçam sob o reduzido escrutínio dos historiadores brasileiros. Grande parte dessas pessoas atuou fortemente no movimento abolicionista, realizou congressos e palestras nos Estados Unidos e na Europa, e esteve envolvida nos mais calorosos debates parlamentares da época. Assim, compreender suas trajetórias políticas e públicas é uma forma de compreender também como as intrincadas relações entre brancos e negros competiam e se filiavam no processo de construção da nação estadunidense; bem como a atuação de escravizados no contexto de desagregação do sistema escravista e suas lutas pela consolidação da condição de liberdade. 

MACHADO, Maria Helena P. T. Entre dois beneditos: histórias de amas de leite no ocaso da escravidão. In: XAVIER, Giovana; FARIAS, Juliana Barreto; GOMES, Flávio (org.). Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro, 2012, p. 199-213. 


Clique aqui para acessar o texto

REDIKER, Marcus. A evolução do navio negreiro. In: ___. O navio negreiro: uma história humana. São Paulo: Companhia das Letras, 2011, p. 50-82


Clique aqui para acessar o texto! 

KARULA, Caroline. 'Perigosas' amas de leite: aleitamento materno, ciência e escravidão em A Mãi de Família. História, Ciência, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 19, supl., dez. 2012, p. 197-214.


Clique aqui para acessar o artigo! 

O artigo examina de que modo, em A Mãi de Familia, jornal veiculado na Corte (1879-1888), a defesa do aleitamento materno esteve imbricada com questões relativas à escravidão. São analisados, em especial, artigos assinados 

pelo médico Carlos Costa, principal redator e fundador do periódico. Começando por apresentar o jornal, destaca-se a luta em prol do aleitamento materno como tema de grande relevância, visando educar a mulher para desempenhar satisfatoriamente a maternidade dentro dos parâmetros higiênicos. Discute-se, em seguida, como o fato de a maioria das amas de leite ser escrava influenciou na argumentação contra o aleitamento mercenário. Por fim, analisa-se um conto publicado no jornal, no qual são narradas as desventuras de uma ama de leite cativa. 


Para pensar novas formas de escravidão na atualidade, este artigo traz uma breve retomada do que foi o período escravocrata brasileiro, indo da exploração indígena à africana e afro-brasileira. O sistema escravagista contou com 

humilhações, castigos físicos e o sentimento de pertença de brancos sobre os negros. O regime deixou heranças que baseiam a estrutura social, a mais evidente é o racismo, que se transforma para seguir atuante. Pós-abolição a ideia de que existe um lugar e profissões para a população negra também são reflexos desse período. Para as mulheres negras, os resquícios da escravização doméstica se fazem contemporâneo com a permanência intencional do perfil majoritário entre as empregas domésticas. A Reforma Trabalhista brasileira instigou ideias de novas escravidões no país, analogias infames para um território que, por séculos, explorou um grupo sobre pretexto racial. 

PIRES, Cláudia Luisa Zeferino; OYARZABAL, Larissa da Silva. Abolição da escravatura: 131 anos de liberdade ou ilusão? Revista Literatura em Debate, Erechim, v. 13, n. 24, p. 4-14, jan./jun. 2019.


Clique aqui para acessar o artigo! 

Podcast

Fonte: Spotify | Atos e fatos da história. Narrativas da liberdade: a história de Baquaqua, mar. 2021. Acesso em: 20 maio 2022.

Entrevistas & Reportagem

“Uberização” do trabalho: caminhamos para a servidão, e isso ainda será um privilégio.

Entrevista (trecho) com Ricardo Antunes

Entrevista com Ricardo Antunes, professor titular de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP.

Heitor Peixoto

Congresso em Foco | 25 de julho de 2019.

"O livro [que o senhor está lançando, O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital] expõe as vísceras do que chama de “uberização” do trabalho, processo que talvez devesse suscitar um urgente debate sobre consciência de classe, dada a precarização a que esses trabalhadores estão submetidos. Mas como fazer esse debate e promover uma luta contra esses efeitos, quando esse trabalho precarizado é tudo o que restou para tantos trabalhadores brasileiros?

Essa forma que nós hoje denominamos como 'uberização do trabalho' é o mascaramento de relações assalariadas, que assumem a aparência do trabalho do empreendedor, do trabalho do prestador de serviços, dos trabalhos desprovidos de direitos.

Nós vimos recentemente a morte de um trabalhador que estava entregando alimentos do Rappi. Quando ele começou a se sentir mal, não teve nenhum tipo de atendimento digno dentro da empresa para a qual estava entregando aquilo que foi solicitado a essa empresa, não teve atendimento por parte do serviço público de saúde, e essa é a tragédia dos trabalhadores, digamos assim, 'uberizados'.

São trabalhadores que seguem o que na Inglaterra se chama 'o contrato de zero hora' ('zero-hour contract' em inglês; ou os 'recibos verdes' em Portugal; ou o que existiu na Itália até 2017: o trabalho pago por voucher). São modalidades de trabalho intermitente, em que os trabalhadores são chamados a trabalhar, e só recebem por aquelas horas que trabalham. O tempo que eles ficam esperando, eles não trabalham.

Os direitos desaparecem, porque se desvanece a figura do trabalhador ou da trabalhadora, e se faz aflorar a falsa ideia de um empreendedor, de um PJ, de um trabalhador que é dono do seu instrumental de trabalho, e isso faz com que a degradação da vida no trabalho no capitalismo do nosso tempo chegue a um patamar que se assemelha, em plena era informacional-digital, à era da Revolução Industrial.

É por isso que eu digo no meu livro que nós estamos vivendo uma era de escravidão digital. O mundo maquínico informacional-digital, ao invés de trazer a redução do tempo de trabalho, as melhores condições de trabalho, mais tempo de vida fora do trabalho, menos penúria no trabalho, tem sido o oposto.

Por quê? Isso é muito importante: porque se trata de uma tecnologia que não tem valores humanos ou societais. O mundo informacional do nosso tempo, do qual a indústria 4.0 é o seu pretenso ápice, não tem um sentido humano ou societal, e sim um sentido de valorizar, ampliar a riqueza das grandes corporações.

O resultado disso é que nós temos uma heterogeneidade muito grande do trabalho, mas com um traço em comum: a homogeneização que caracteriza esse mosaico de trabalhos distintos, que é a tendência à precarização. Esse vai ser, digamos assim, o ponto mais importante nas lutas do nosso tempo.

Nós vimos em maio deste ano uma primeira paralisação, uma primeira greve de amplitude global dos trabalhadores e das trabalhadoras da Uber. Naturalmente, que ninguém possa esperar que a primeira greve seja a mais potente de todas, mas ela é um exemplo de descontentamento frente a esse tipo de trabalho. Os trabalhadores e as trabalhadoras sabem que para sobreviver trabalhando numa empresa como Uber, Cabify, 99, Rappi e todas as outras que nós não paramos de ver crescer, eles têm que trabalhar 10, 12, 14, 16, às vezes 18 horas por dia. Isso coloca uma questão fundamental: não é possível aceitar.

E como é que é possível lutar contra esses efeitos? Primeiro: retomar as questões vitais. O trabalho deve ter, na medida em que ele se constitui numa atividade vital, elementos de dignidade, que essa nova modalidade de trabalho não apresenta. Segundo: não é possível aceitar a corrosão, a derrelição, a devastação cabal dos direitos do trabalho.

Nós acabamos de ver no Congresso essa medida horrorosa da chamada liberalização econômica, em que, de sopetão, algumas dezenas de artigos da CLT estão sendo fraudados novamente. O Brasil está se convertendo numa Índia. Esse monumental país da Ásia, com mais de um bilhão de habitantes, tem centenas de milhões de trabalhadores desempregados. E mais: a Índia tem um contingente imenso de indivíduos que estão abaixo da linha mínima da dignidade humana. São pessoas que vivem um padrão de vida típico de um indivíduo que tenta sobreviver na indigência.

O Brasil caminha tragicamente para esse quadro de indigência que tipifica a Índia, e não é por acaso. Tanto lá na Índia como aqui, há uma burguesia riquíssima, que não tem limites em se expandir. Basta dizer que os cinco maiores e mais ricos empresários brasileiros recebem uma renda que se aproxima àquela que é produzida por 100 milhões de pessoas no mesmo país. É esse nível de tragédia social que nós não podemos aceitar [...]".


Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/591102-uberizacao-nos-leva-para-a-servidao-diz-pesquisador. Acesso em: 20 maio 2022.

Logo abaixo, reportagem do canal Meteoro Brasil (YouTube) sobre a greve dos entregadores 

em junho de 2020.

Fonte: YouTube | Meteoro Brasil. A greve dos entregadores, 15 jun. 2020. Acesso em: 20 maio 2022.

No vídeo ao lado, Flávia Oliveira conversa com o jornalista Leonardo Sakamoto sobre o panorama atual da escravidão moderna.

Entrevista com Leonardo Sakamoto

Fonte: YouTube | Canal Futura. Escravidão moderna, 22 jul. 2019. Acesso em: 3 jun. 2022.


Site

Slaves voyages 


Clique aqui para acessar o site