22/04/2025 - Via Editorial
Acabou. Chegou ao fim o papado de Francisco I, o Papa das minorias e das controvérsias. Quando comunidades LGBTs, agnósticos, ateus, budistas, candomblecistas, não católicos, lamentam a morte de líder da maior religião do mundo, costumeiramente, diríamos que algo de "errado" aconteceu. Todavia, eu diria que, algo certo aconteceu. O argentino, Jorge Mario Bergoglio, em seu papado, atraiu a ira de conservadores e o respeito de progressistas. Muitos, não católicos lamentaram sua morte, enquanto que, muitos conservadores vibraram.
Diferente de um posicionamento histórico da igreja, Francisco não colocou-se como barreira para a busca de Deus. Pelo contrário, abriu as portas da igreja a todos aqueles que desejavam buscar Deus. Sem hipocrisia, sem egocentrismo, sem pensar nos desagrados, o Papa, mostrou que Deus não é monopólio dos beatos e beatas e a igreja seria um espaço aberto para pessoas de todas as tribos.
Irreverente, corajoso, caminhava ao lado de seu tempo em uma instituição, muitas vezes, retrograda, conservadora, quando não, medievalista. Há quem o criticasse abertamente. Há quem o amasse abertamente. Francisco, o Papa, foi menos progressista do que gostaria de ser, todavia, mais do que a instituição imaginaria que fosse. Francisco foi exemplo de homem, de cristão, de Papa. Dificilmente veremos outro nesta década. Francisco, sentiremos sua falta.
06/03/2025 - Via Editorial
Desde o sucesso de "Ainda estou aqui" (I´m still here em inglês), uma questão me faz refletir: Como o país do melhor filme estrangeiro, ainda dá crédito aos defensores da ditadura?! Pra quem não sabe, o vencedor do Oscar retrata a história do político e opositor do regime ditatorial, Rubens Paiva, e sua esposa, retratando de forma sútil, porém dramática, sem deixar de ser real, os horrores do regime brasileiro.
Entretanto, quando deixamos as telonas e o passado, retornando ao presente, percebemos que tentativas de golpe militar não estão distantes e, defensores de torturadores, também não.
Os milhões de brasileiros que lotaram o cinema, se emocionaram, aplaudiram e debateram sobre a triste epopeia de Eunice Paiva, uma das personagens do filme da vida real, também, sentiram um pouco do sofrimento daqueles que foram perseguidos entre 1964-1985. As sessões de tortura e os assassinatos pelos agentes do governo foram reais e vitimizaram homens, mulheres e, pasmem, até crianças.
Desse período, pelo menos deveria ficar o aprendizado de tempos difíceis lembrando daquilo que muitos querem esquecer. Essa é a função da arte e da história. Aliás, o esquecimento, também, serve a um propósito; justifica ações; reproduz a história que, parafraseando Napoleão Bonaparte, retorna como uma farsa. Se as barbaridades de tempos atrás forem devorados por Cronos, o passado deixa de ser e a ação pedagógica da lembrança não nos trará novas lições.
Ainda estou aqui é pedagógico e deveria ser obrigatório em todas as escolas pois, se não conseguimos evitar que adultos idolatrem a ditadura, devemos cuidar dos nossos jovens e adolescentes para que, com eles, a história não se repita. A democracia custou muito caro e foi paga com vidas. Repetir a história não deve ser opção.
19/06/2024 - Via Editorial
Desde o início do ano, atualizar diferentes espaços dessa página, tornou-se uma tarefa muito mais árdua que outrora. Para qualquer docente de SP, a capacidade de implementação de novos projetos tornou-se uma tarefa digna de titãs. A demanda de trabalho, a pressão da SEDUC, o clima organizacional, as relações interpessoais entre outros problemas vivenciados no ambiente empresarial, chegaram a educação.
Qual o problema disso tudo? EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA E ESCOLA NÃO É EMPRESA!
Com a chegada de Tarcísio/Feder em SP, a busca incessante por metas e resultados tem adoecido a classe docente. Entretanto, quantificar educação, como sabem todos os teóricos da pedagogia, é uma tarefa muito difícil. Inteligências pertencem ao aspecto humano e não ao lógico/matemático. É importante, sim, buscar resultados, porém, de forma alguma, eles refletirão um dos aspectos mais extraordinários do homem: o conhecimento.
Ainda assim, traduzindo em números o que está acontecendo na educação paulista, em 2023, segundo dados da própria SEDUC, tornamo-nos mais "burros". Segundo o SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar), no ano passado atingimos nossas piores marcas em uma década - considerando inclusive o período da pandemia. Os dados mostram uma ingerência da educação paulista a partir da chegada de Renato Feder. O secretário da educação, que havia prometido liberdade de cátedra em sua apresentação para a Rede no início de 2023, passou a obrigar o uso de um material, no mínimo, duvidoso cujos erros, até hoje, podem ser observados.
Analisando de forma mais minuciosa os rumos tomados pela educação paulista, é nítida a tentativa de criação, por parte do poder executivo paulista, de seu próprio projeto de poder desvinculando-se ao máximo, das estruturas federais. Negação do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) buscando construir seu próprio material; recusa de verbas federais para programas do governo do estado, ataques ao presidente Lula e exaltação de seu antecessor investigados em inúmeros casos de corrupção etc. Para Tarcísio, 2026 já começou. De olho na presidência e, principalmente, colocando-se como herdeiro do bolsonarismo, o governador paulista busca fundar seu próprio projeto de poder: a República de São Paulo. Porém, esse castelo de cartas é tão frágil quanto as fake news de sua trupe. O grande problema, infelizmente, é que muitos acreditam.
15/03/2024 - Via Editorial
Foi dada largada para mais uma jornada do conhecimento e, 2024, começa com incertezas para muitos professores na maior rede de educação da América Latina. São Paulo, mais uma vez, utiliza seu descomunal número de alunos para experimentar métodos de ensino-aprendizagem baseando-se no princípio de que a tecnologia está ao alcance de todos. Ledo engano.
Falta o básico para os estudantes, como alimentação e saneamento. Quem dirá tecnologia! "Feder Multilaser" quer impor à educação algo que não está ao alcance de todos. O Sr. Multilaser quer, a todo custo, que, para garantir a educação dos jovens, famílias adquiram aquilo que não se alimenta. É a chantagem charlatã de quem tem como única preocupação a quantidade de dólares que ganhará amanhã.
Eis, caro leitor, os antagonismos entre um governante egocêntrico capitalista e sua população miserável. A educação paulista tem se tornado um pouquinho de tudo, menos democrática.
01/12/2023 - Via Editorial
Caminhamos rumo ao fim de mais um ano letivo. E, talvez, pelo 4º ou 5º ano seguido, sendo guiado por experiências em política educacional com resultados malsucedidos. Amadorismo? Acredito que não. "Incompetência" seria a palavra.
A educação paulista tem se tornado um laboratório apocalíptico de experiências em gestão educacional que incluem, entre outros, mudanças no plano de carreira dos servidores; alterações escabrosas na grade curricular; imposição de Atividades Pedagógicas Diversificadas (APD) na escola; mudanças na Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC) e tantas outras.
As modificações assinadas pelos últimos dois secretários da educação, Rossieli Soares e Renato Feder, além da antipatia dos servidores, também, não trouxeram os resultados esperados (se os tivesse conseguido não haveria tantas mudanças ano após ano). Algumas medidas, inclusive, foram adotadas valendo-se de justificativas esdrúxulas. Aparentemente, o motor dessas alterações é o ódio ao educador.
Para 2024 temos mais mudanças. Novidade?! As experiências com a educação não findaram. O laboratório da SEED mantém o "córtex pré-frontal" do seu cérebro desligado. Ainda não adquiriram a capacidade de medir consequências das desastrosas políticas educacionais gestadas como experiências. É preciso fazer o "Beaba" com competência, antes dos novos experimentos. Se não aprendermos a caminhar, como vamos correr?!
05/04/2023 - Via Editorial
“Os homens criam as ferramentas, as ferramentas recriam os homens” (Marshall McLuhan)
A frase acima, atribuída pensador das mídias Herbert Marshall McLuhan, parece muito bem sintetizar a relação que estabelecemos com as mídias e redes sociais digitais na atualidade. A afirmação do teórico foi, inclusive, utilizada no brilhante documentário "Nós que aqui estamos por vós esperamos", dirigido pelo cineasta brasileiro Marcelo Masagão. A obra-prima, baseada na obra "A Era dos Extremos" do historiador inglês Eric Hobsbawn, exibe o breve século XX e todas as suas nuances entre pequenos e grandes personagens retratando, entre outros temas, o desenvolvimento e aperfeiçoamento da tecnologia.
Refletindo sobre o trabalho de ambos, McLuhan e Masagão, não poderia deixar de pensar, o quanto seria interessante uma reflexão sobre a relação conjunta dos usos e desusos da tecnologia na atualidade. O que diria McLuhan sobre um adolescente que não desconecta do smartphone mesmo nos momentos mais essenciais do aprendizado? Como Masagão construiria um documentário sobre o "mais breve ainda" séc. XXI no que diz respeito as relações construídas por meio das redes sociais que conectam "amigos" que nunca conhecemos ou as Fake News que balançaram o mundo político brasileiro e estadunidense?
Na era da informação/desinformação, o pensamento de McLuhan e o olhar cinematográfico de Masagão poderiam oferecer um deleite de crítica e aprendizado sobre um mundo cada dia mais perdido em sua própria (r)evolução.
As ferramentas tecnológicas são, por consequência, uma extensão do homem. Com ela, estabelecemos uma relação cíclica de construção/reconstrução daquilo que somos e/ou que almejamos ser. O grande desafio, nessa perspectiva, é integrar o jovem nessa correlação estabelecida entre o homem e a tecnologia. Muitos, apenas permeiam o ambiente tecnológico, mas não o dominam. Se deixam dominar.
A frase que ilustra o início desse artigo, ainda, é atual e, provavelmente, sempre será. Nós, criadores de toda essa tecnologia somos, também, moldados por ela. A questão é: Como dominá-la? Eis um dos grandes dilemas da educação no séc. XXI! Produzir, nessa grande "aldeia global" dominada por códigos binários, jovens críticos e conscientes de seu papel é uma tarefa difícil! Antes, precisamos repensar a prática docente e refletir o quanto nós, professores, conseguimos lidar com a tecnologia para, enfim, ensinar nossos jovens. O desafio é grande e, por enquanto, estamos, apenas, dando os primeiros passos.
05/03/2023 - Via Editorial
O ano letivo, que ainda dá os primeiros passos, nos reserva novos desafios sem, ao menos, solucionar problemas anteriores. Antes, nossa preocupação era o consumo de conteúdo digital em sala de aula. Agora, também, a produção dele.
Evidentemente, tecnologia e educação não mais se separam e nós, professores, tentamos direcionar a aprendizagem usando as TICs de maneira responsável na busca do conhecimento. Entretanto, o controle de acesso não está nas mãos do docente. Indicamos as ferramentas para aprendizagem. Pais e/ou responsáveis ficam com a contrapartida: o que não acessar.
Redes sociais como TIK TOK, febre do momento, tem conteúdos interessantes. Porém, antes de tudo, é preciso saber filtrar. Ademais, o que chama a atenção dos jovens, não são produtores de conteúdo explicando sobre conflitos entre países ou curiosidades da biologia. As referências são produtores de conteúdo que exploram a sexualidade por meio de danças sensuais e músicas pornográficas. Não raro, alunos de 11 ou 12 anos cantam as modinhas 18+ em sala de aula que fazem sucesso na internet.
Ao advertir alunos sobre o uso do aparelho de celular sem fins pedagógicos em sala, percebi, em alguns casos, lives abertas transmitindo momentos da aula para a rede. Alguns, ainda, assistem e interagem com colegas em outras salas de aula enquanto professores escrevem no quadro ou não estão por perto para "vigiar" o uso do aparelho. Fora do ambiente escolar, a exposição dessas crianças e jovens na rede, muitas vezes, fica descomedida e carece de todo cuidado com a exposição de suas imagens.
A escola tenta, dentro do possível, disciplinar e instruir sobre o uso consciente e responsável das redes. No entanto, é preciso que a família, também, se atente aos influenciadores que seu filho acompanha. Afinal de contas, muitos jovens passam mais tempo nas redes do que interagindo com seus pais.
17/03/2021 - Via Facebook
No dia mais mortal da pandemia, o líder do governo diz que a situação é "até confortável".
Foram 2798 mortos ontem! Se os números não chocam mais, sua humanidade está se esvaindo junto com comentários que minimizam a tragédia ou ridicularizam os atingidos pela pandemia.
No "país de maricas", como disse nosso presidente, a tragédia vitimou o equivalente à 94 ataques terroristas ao World Trade Center. Ou, então, 1419 acidentes aéreos como o do vôo TAM 3054, nossa maior tragédia da aviação.
Tenho certeza que, muitos daqueles que apertaram 17 em 2018, tiveram alguém próximo que pegou COVID e, se não aconteceu nada de mais grave, teve medo de perder para a doença. Seu medo é "frescura" e "mimimi"? Se considera um "covarde"?
O homem que exaltou a plenos pulmões um torturador e assassino no Congresso Nacional não poderia zelar pela vida de ninguém como presidente. Os sinais eram claros! A vida, não teria espaço em seu governo.
Hoje, infelizmente colhemos um resultado trágico daquele outubro de 2018. Espero que a História possa ensinar a trilhar um caminho diferente
10/03/2021 - Via Facebook
Bolsonaro sentiu o golpe e, agora, está ameaçado.
Não existiu na oposição, até agora, um nome que fizesse frente aos devaneios de Jair Messias Bolsonaro. O presidente, longe da racionalidade que se espera do cargo, sempre adotou um discurso negacionista em relação à pandemia. Ao evitar máscaras, "mascarou" o perigo que essa doença representa. Não à toa, é chamado de "mito".
Mas, o "mito", é uma estória que, em grande parte, está longe da racionalidade do mundo real, mas que, de alguma forma, o representa. Assim é Bolsonaro! No entanto, uma importante parcela da sociedade acredita em suas teorias por mais fantasiosas que sejam.
Parafraseando Jacques Abbadie, Bolsonaro pode enganar algumas pessoas durante algum tempo, muitas durante muito tempo, mas não pode enganar todas durante todo o tempo.
A retomada de consciência social e política começa a emergir em um momento que imaginava-se Lula fora de combate. O ex-presidente é um estadista racional com um poder discursivo que, as próximas 10 gerações de Bolsonaro não terá.
Bolsonaro entendeu que precisa mudar e sabe que sua reeleição está em risco. Seus discípulos o seguirão e defenderão suas ações por mais contraditórias e antagônicas que possam parecer. Esses transformaram a política em religião.
Minha dúvida é: Será que os outros cairão no golpe novamente?
09/03/2021 - Via Facebook
Moro nunca escondeu que fazia política, e não justiça. STF está julgando o óbvio que, qualquer pessoa que não foi tomada pela cegueira das paixões políticas, já sabia.
Não defendo Lula, mas a espetacularização do lavajatismo alimentou parasitas e criou monstros políticos que tentamos, hoje, enfrentar.
O espetáculo midiático que assistíamos, todos os dias no JN, alimentou o ódio e trouxe à superfície personagens e discursos dos quais, em outros momentos (períodos de mais consciência) nos envergonharia.
Tentou-se manipular a história, com certo sucesso. Como poderia um presidente cuja taxa de aprovação, em final de mandato, chegou a 80% ser execrado pelos mesmos que, antes o apoiava.
Não defendo Lula, nem o condeno. Apenas alerto, como historiador e jornalista, que nossos julgamentos e nossa percepção política do que se tornou o Brasil é, na verdade, resultado de toda essa confusão provocada pelo lavajatismo e pelas manipulações da grande mídia.
Vamos levar um tempo para entender o que está acontecendo. O Tribunal da História é implacável. Enquanto isso, é hora de corrigir os erros e mudar os rumos. Ainda dá tempo...