Ao longo da história recente, os Estados Unidos consolidaram sua posição como potência global não apenas pelo poder militar e diplomático, mas, sobretudo, por seu peso econômico. Essa força, entretanto, tem sido cada vez mais utilizada como ferramenta de coerção em nome de interesses nacionais, muitas vezes ignorando os princípios de cooperação e respeito mútuo entre nações. As sanções econômicas unilaterais impostas a diversos países e o chamado “tarifaço” promovido durante o governo Donald Trump escancararam o uso político da economia como forma de pressão.
O que se viu na gestão Trump foi um retrocesso ao multilateralismo. As tarifas alfandegárias elevadas contra produtos da China, da União Europeia, do México e, principalmente, do Brasil demonstraram que o protecionismo econômico foi resgatado sob a bandeira do "America First". Essa política, apresentada como forma de proteger a indústria norte-americana, na prática desestabilizou cadeias produtivas, aumentou custos globais e alimentou tensões comerciais que ainda repercutem.
No caso do Brasil, a sobretaxa de 50% sobre produtos nacionais que entrará em vigor a partir de 1º de agosto, fere setores estratégicos e contraria uma parceria histórica e superavitária dos EUA nos últimos anos. De aliado comercial, o Brasil passou a ser tratado como concorrente incômodo. A retórica de Trump e a tentativa descabida de interferência nas instituições brasileiras desconsidera implicações sociais e econômicas no Brasil e nos EUA de tais medidas, sacrificando empregos e empresas em ambos os países.
As sanções econômicas impostas a países como Cuba, Venezuela, Irã e Rússia também levantam sérias questões éticas. Embora justificadas sob o argumento de defesa da democracia ou combate ao terrorismo, muitas dessas medidas acabam por afetar as populações civis, dificultando o acesso a medicamentos, alimentos e tecnologias. Trata-se de punições que raramente atingem elites políticas e que, não raro, alimentam o ressentimento e o nacionalismo em regimes autoritários.
É preciso dizer com todas as letras: os Estados Unidos, ao utilizarem sua força econômica como arma geopolítica, contribuem para a instabilidade internacional e para o enfraquecimento das instituições multilaterais. O comércio não deve ser um instrumento de chantagem, mas sim de diálogo, troca e prosperidade mútua.
A comunidade internacional não pode seguir refém dos interesses de uma única potência. A construção de uma ordem mais justa passa pela rejeição de práticas coercitivas e pela valorização de soluções negociadas, onde todos — e não apenas os mais fortes — tenham voz e vez.
O Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, é importante para valorizar a cultura, a história e os direitos dos povos originários do Brasil. A data reforça o respeito à diversidade, combate o preconceito e dá visibilidade às lutas indígenas, como a defesa de seus territórios. Também destaca o papel essencial que essas comunidades têm na preservação da natureza. Ao celebrar esse dia, reconhecemos que os povos indígenas estão vivos, resistem e têm muito a ensinar.
#Trump
Trump e o "tarifaço" - Donald Trump impôs tarifas de até 50% sobre importações de quase 50 países, incluindo Brasil, China e membros da União Europeia. A medida visa proteger a indústria americana e corrigir o déficit comercial, mas gerou críticas internacionais por seu caráter unilateral e impacto no comércio global. O Brasil reagiu na OMC, classificando as tarifas como arbitrárias e caóticas. Os impactos econômicos do atual "tarifaço" promovido por Donald Trump são amplos e afetam tanto os Estados Unidos quanto diversos países, incluindo o Brasil. Empresas brasileiras viram suas exportações encolherem, o que pressionou a balança comercial e gerou incertezas no setor industrial. Em resposta, o governo brasileiro acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC) e anunciou medidas de retaliação.
Bolsonaro: do apoio de Trump à tornozeleira - O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que o ex-presidente Jair Bolsonaro terá que usar tornozeleira eletrônica e ficar sem acesso a redes sociais a partir desta sexta-feira. As medidas restritivas vieram poucos dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar o Brasil com tarifas de 50% sobre todos os produtos. Quando anunciou a tarifa, Trump enviou uma carta ao presidente Lula criticando o julgamento de Bolsonaro no Supremo, classificado pelo presidente americano como "caça às bruxas". Neste vídeo, o repórter da BBC News Brasil João Fellet relembra a linha do tempo com os principais acontecimentos recentes da crise entre EUA e Brasil, avaliada por especialistas ouvidos pela BBC como "grave" e "sem precedentes".
Donald John Trump, nascido em 14 de junho de 1946, em Nova York, é empresário, ex-apresentador de TV e político norte-americano. Formado em Economia pela Universidade da Pensilvânia, construiu um império imobiliário com a Trump Organization. Ganhou notoriedade como apresentador do reality The Apprentice. Foi o 45º presidente dos EUA (2017–2021) e, após perder a reeleição em 2020, retornou ao poder como o 47º presidente em 2025, vencendo Kamala Harris. É o primeiro presidente dos EUA a cumprir dois mandatos não consecutivos desde Grover Cleveland. Sua gestão é marcada por políticas nacionalistas, protecionismo econômico e forte polarização política. Em 2024, tornou-se também o primeiro presidente eleito com condenações criminais. Casado com Melania Trump desde 2005, tem cinco filhos de três casamentos. Trump continua sendo uma figura central e controversa na política americana contemporânea