Saúde Mental da Mulher
* Jéssica Amanda Morais Rodrigues
CRP 15/3944
Biologicamente a mulher tem seus mecanismos cíclicos que são diferentes da saúde masculina, não que o homem não tenha seus ciclos e fases, mas por um sistema reprodutor e personalidades distintas das necessidades do homem as mulheres sofrem com aumentos drásticos hormônios, como na menopausa, gravidez, menstruação.
Um tópico que hoje tem se falado bastante, é o climatério da mulher, que é o período biológico onde a mulher deixa de produzir hormônios que possibilitam gerar outra vida, entre tantas outras questões como autoregulação de temperatura, emocional, tudo isso graças a diminuições significativas hormonais. O que devemos distinguir bem é que a mulher na nossa era não é mais considerada uma anciã por entrar no climatério, ela continua com sua vitalidade, seus desejos e busca por uma vida produtiva. Diferente de antes, que a mulher quando chegava nessa fase, era tida como fase final da vida, sendo associada pela improdutividade e até anulando seus desejos como mulher.
Uma outra fase é o Transtorno Disfórico Menstrual (TPM), é em geral, numa fase antes ou depois da menstruação, onde tem uma forte variação emocional, existem teorias onde é colocado pra fora coisas que a mulher vem acumulando ao longo do mês. Podem surgir humor deprimido, agressivo, irritabilidade, cansaço, mudança do padrão alimentar, alteração do sono, dor de cabeça ou náuseas.
Fase Puerperal, é tida após o parto, pode causar fortes períodos deprimidos e ansioso. Existe, o que posso chamar de subtranstorno da gestação, que é chamado de Blues, caracterizado por sintomas leves de tristeza, baixa auto-estima, dificuldade de cuidar da criança, estímulo ou vontade para amamentar.
Ainda no pós-parto temos a depressão que já tratamos aqui, seus principais sintomas são tristeza constante, sem causa, aparente, alteração do sono, alteração do apetite, diminuição do interesse e do prazer nas atividades gerais, até para amamentar sua cria, dores no corpo, baixa auto-estima, uma preocupação de achar que não é capaz de ser uma ‘boa mãe’, o qual um psiquiatra estudioso na área, Hewdy Ribeiro, alega que de 10 a 19% das mães que não se cuidam podem cometer suicídio.
Um erro social que a familiares e amigos cometem nessa fase, invés de apenas ter uma escuta empática é o julgamento, “como pode numa fase dessas ela sentir-se triste”, “não é uma boa mãe por não conseguir amamentar”, entre tantos outros comentários desnecessários que só causam mais angústia para a mulher. Até porque não depende da boa vontade dela apenas, mas é um forte processo neuropsicológico.
Psicose Puerperal, trata-se de uma entidade clínica neuropsiquiatra onde há a perda ou a incapacidade por parte da pessoa sintomas como delírios (alterações do pensamento, onde a mulher passa a ter entendimento errôneo da realidade).
No compêndio de Saúde CID 10 descrito pelo F53.1 – Transtornos Mentais e comportamentais graves associadas ao puerpério não classificadas em outra parte.
Uma forte característica são as alucinações, que são alterações no senso de percepção onde o portador vê imagens, pessoas, objetos que os outros no mesmo ambiente não conseguem ter a mesma percepção. Comportamentos desorganizados, assim como seu discurso. Tais sintomas são contidos na psicose, e em momentos de crise é orientado o afastamento da mãe para um tratamento adequado, para evitar o infanticídio.
Vale lembrar que estamos tratando de casos graves de transtornos, não convenientes e nem pertinentes comentários maldosos de pessoas desinformadas, é preciso saber que não é falta de caráter ou falta de amor, ou falta de Deus, mas é um transtorno que qualquer pessoa pode adquirir. Como todo transtorno psiquiátrico a ciência não dar conta em sua totalidade de explicar por terem atreladas questões muito subjetivas, mas não é culpa da mãe. Mulheres que apresentam esse quadro vão precisar de uma atenção especial para as próximas gestações
Esses tópicos são muito importantes de serem trabalhados para dar visibilidade ao sofrimento que a mulher passa em determinados momentos, porque não frescura da mulher, mas coisas reais e cientificamente comprovadas.
Referências Bibliográficas e sugestões de leituras para aprofundamento do tema
CID 10. Brasília: DATASUS, 2021. Disponível em: http://datasus1.saude.gov.br/sistemas-e-aplicativos/cadastros-nacionais/cid-10.
RIBEIRO, Hewdy Lobo et al. Medicina Baseada em Evidências e Saúde da Mulher. Disponível em: https://revistardp.org.br/revista/article/view/194/172. Acessado em: 29 de Janeiro de 2023.
A saúde mental da mulher é saúde para família.