Quebrando tabus: falar de anormalidade sexual é preciso!

* Jéssica Amanda Morais Rodrigues

CRP 15/3944

Vivemos numa sociedade superficial, que vive em busca de uma “perfeição” que não existe, excluindo tudo aquilo que os incomoda, como se fatos e pessoas deixassem de existir. Colocando pessoas a margem da sociedade, sem nenhuma condição de ressignificar a sua existência. Ou ainda legitimando atos machistas como padrões a se viver.

Enfim, estamos aqui hoje para falar de um tema que é um tabu social, viemos para falar de sexo, ou melhor, anormalidade da preferência sexual. Uma palavra pouco conhecida que é a parafilia, é um distúrbio do padrão sexual, onde sua fonte de prazer não se encontra no ato, mais no objeto, ou em algumas outras práticas.

São transtornos que existem e acometem muitos a nossa volta, e que quanto mais negamos, mais nos pegam de surpresa. Vamos falar aqui sobre os principais transtornos como: Exibicionismo, Voyeurismo, Pedofilia, Sadomasoquismo, Frotteurismo e Zoofilia.

1. Exibicionismo – é uma tendência recorrente ou persistente de expor seus órgãos genitais a estranhos, a pessoas em locais públicos, sem desejar ou solicitar contato mais estreito, mais com o objetivo de chocar as pessoas, o que o deixa em geral excitado.

2. Voyeurismo – tendência a observar pessoas em atividades sexuais ou íntimas como o tirar a roupa. O prazer consiste em que a pessoa observada se aperceba do fato.

3. Pedofilia – é a preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos ou meninas. Alguns autores estabelecem uma idade máxima de treze anos para caracterização da pedofilia.

4. Sadomasoquismo – consiste numa atividade sexual que implica dor, humilhação ou subserviência. Vale estabelecer uma diferenciação. Se o sujeito prefere ser o executante, trata-se de sadismo, se o sujeito prefere ser o objeto de tal estímulo, fala-se de masoquismo. Vale ressaltar que o indivíduo obtém a excitação sexual por comportamentos sádicos quanto masoquistas. O sufocamento como forma de aumentar o prazer pode ser incluído como um comportamento sadomasoquismo.

5. Frotteurismo – tocar ou esfregar-se numa pessoa sem o seu consentimento. Geralmente essas pessoas atacam muito em ônibus, trem ou metrô.

6. Zoofilia – o prazer vem da relação sexual com alguns animais.

Vale ressaltar que na internet existem vários sites e grupos de compartilhamento de fotos ou vídeos das particularidades de cada transtorno, principalmente da pedofilia, zoofilia e sadomasoquismo. Sobre o sadomasoquismo temos como exemplo um filme de grande sucesso que é o “50 tons de cinza”, o qual descreve bem tais características.

Seu diagnóstico não é feito apenas diante do relato de um sonho apenas ou um fato isolado, mais de desejos e sensações descritas por um mínimo de seis meses. O qual os sujeitos tendem a ficar transtornados e obsessivos com o tema.

Apesar de não serem aceitos em comum acordo social, tais sujeitos não procuram tratamento, o transtorno é acometido, em geral nos homens, os quais são os nossos principais casos estudados.

 Como a maioria dos casos são detectados em homens (não que isente mulheres de ter). O machismo ainda é o principal inimigo de seu tratamento, pois é um assunto de “homem”, o qual se repercute socialmente que homem pode ter algumas “regalias” ou simplesmente ser “ogro”. Então a questão de gênero ainda é um tabu social, assim como a legitimação e empoderamento do sexo masculino.  Existem estudos resumidos sobre o assunto, o que realça o pouco interesse social de esclarecer para tratar. Enquanto isso, pessoas sofrem tais transtornos, é afetado diretamente como sujeito, e afeta a outros, como em qualquer outro caso psicológico.

 Nos Estados Unidos geralmente existem terapias grupais, de partilhas e superação de tais desejos. No Brasil pouco se tem, porque a maioria das pessoas preferem fingir que não existe, ou repugnam apenas. Mais a indicação para fazer psicoterapia é bem clara.

Falar sobre o tema e estudar é preciso, para minimizar sofrimentos psíquicos.

Caso se identifique com algum caso, busque ajuda, tenha a plena certeza que não terá um ambiente recriminatório, mas um espaço de ressignificação!

Referências Bibliográficas e sugestões de leituras para aprofundamento do tema

DSM-5. Manual Diagnostico e Estatistico de Transtornos Mentais. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7721387/mod_resource/content/0/Manual%20Diagno%CC%81sico%20e%20Estati%CC%81stico%20de%20Transtornos%20Mentais%20-%20DSM-5.pdf. Acessado em: 29 de Janeiro de 2023

Considerações sobre Parafilia e Transtornos Parafílicos. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/parafilias-e-transtornos-paraf%C3%ADlicos/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-parafilias-e-transtornos-paraf%C3%ADlicos#:~:text=Parafilias%20s%C3%A3o%20fantasias%20ou%20comportamentos,si%20pr%C3%B3prio%20ou%20do%20parceiro. Acessado em: 29 de Janeiro de 2023