Dislexia, já ouviu falar?!
Dislexia, já ouviu falar?!
Dislexia, já ouviu falar?!
* Jéssica Amanda Morais Rodrigues
CRP 15/3944
Existem muitos questionamentos de pais que chegam no consultório com o seu filho disléxico. O maior medo, em geral, é saber quais possibilidades seu filho terá de “aprender”. Sabemos que a cobrança por um “melhor aprendizado” é inquestionável e por isso, muitos pais sofrem bastante.
O “mundo do disléxico”, é pouco desbravado, pois temos pouco tempo de estudo na área, mais o que sabemos já é o suficiente para criar um ambiente de possibilidades para as crianças que tem o transtorno.
Vamos definir, primeiramente, o que é aprendizagem.
A aprendizagem é um processo constante no desenvolvimento do sujeito, seja na mudança de hábitos, de pensamentos ou estado existencial.
Temos várias definições sobre a palavra, pois depende muito da abordagem e sua visão de mundo.
A partir de uma visão construtivista podemos definir aprendizagem como:
“A aprendizagem é uma mudança inferida no estado mental de um organismo o qual é uma conseqüência da experiência e influi de forma relativamente permanente no potencial do organismo para o comportamento adaptativo posterior”. (TARPY, 1997, p. 8).
É de consenso geral que para existir aprendizagem é necessário a mudança, podendo ser caracterizada tanto internamente como externamente. Pode acontecer de várias formas, nunca de forma rígida. O processo é inato, ou seja, já nascemos com a possibilidade de aprender, porém o aprendido não é inato, mais é uma construção social.
A partir de tal definição, podemos entender melhor o disléxico. Foi, a partir de meados dos anos 70, que a neuropsicologia começou a estudar como se dava o processo “normal” da aprendizagem, e descobriram que existiam pacientes com uma perda na capacidade ou habilidade da linguagem falada ou escrita, que chama-se de afasia. Tais perdas ocasionaram transtornos dislexias adquiridas periféricas e dislexia adquiridas centrais. A primeira diz respeito a um transtorno nos quais os sistemas de análise visual estão danificados e a segunda se refere a uma agrupamento de transtornos em que o sistema visual é danificado na compreensão e/ou comunicação das palavras escritas.
Segundo Ellis (1995) existem dislexias adquiridas periféricas, centrais, fonológica e profunda.
As dislexias adquiridas periféricas são: Dislexia por negligência: incapacidade para ler as letras iniciais das palavras, embora tenham consciência de que elas existam. Dislexia de atenção: incapacidade de ler textos, ou seja, várias palavras na página, as palavras se misturam. Leitura letra por letra: inabilidade de ler uma palavra completa. Para poder pronunciar a palavra identificam letra por letra, quanto maior a palavra, mais tempo leva para identificá-lo.
As dislexias centrais são: Leitura não semântica: dificuldade na compreensão das palavras ou texto, embora consiga ler. Dislexia de superfície: leitura ruim de palavras irregulares, pronunciadas como se fosse regulares, não lendo corretamente, não saberá o significado da palavra.
Dislexia fonológica: dificuldade na leitura oral das palavras não familiares.
Dislexia profunda: incapacidade quase que total de leitura, de não palavras em voz alta, ou seja, inversão de palavras para o som.
Segundo Chiaratti e Hirt (2012) as principais dificuldades da dislexia de acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD).
· Demora a aprender a falar, fazer laço nos sapatos, a reconhecer as horas, a pegar e chutar bola, a pular corda.
· Tem dificuldades para:
- Escrever números e letras corretamente;
- Ordenar as letras do alfabeto, meses do ano e sílabas de palavras compridas;
- Distinguir esquerda e direta.
Para os pais que conseguem identificar tais características, é recomendado que inicie o tratamento com seu filho o quanto antes, para melhor desenvolvimento do mesmo. Pois o disléxico pode aprende, só que vai buscar em si uma forma diferente de aprender; muitos disléxicos chegam a fazer até universidade.
Lembrando que a responsabilidade de desenvolvimento da criança, de forma geral, está no âmbito familiar. Acredite no seu filho, e caminhe junto com ele. Pois precisará muito do apoio dos pais.
Referências Bibliográficas e sugestões de leituras para aprofundamento do tema
DSM-5. Manual Diagnostico e Estatistico de Transtornos Mentais. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7721387/mod_resource/content/0/Manual%20Diagno%CC%81sico%20e%20Estati%CC%81stico%20de%20Transtornos%20Mentais%20-%20DSM-5.pdf. Acessado em: 29 de Janeiro de 2023
CHIARATTI, Fernanda Germani de Oliveira; HIRT, Juliane Silveira Lima. Neuropisicopedagogia e o desenvolvimento humano. Indaial: Uniasselvi, 2012.
CLASSIFICAÇÃO de Transtornos Mentais e de comportamento da CID – 10: Descrições Clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
DSM. IV. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
ELLIS, A. W. Leitura, escrita e dislexia: Uma análise cognitiva. 2. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
LEFRANÇOIS, Guy R. Teorias da aprendizagem. Sâo Paulo: Cengage Learning, 2008.
MORAIS, A. M. P. Distúrbios da aprendizagem: uma abordagem psicopedagógica. 9. Ed. São Paulo: Edicon, 2002.
Para os pais que conseguem identificar tais características, é recomendado que inicie o tratamento com seu filho o quanto antes, para melhor desenvolvimento do mesmo.