Comprar o volume 1 R$ 50,00
Comprar o volume 2 R$ 50,00
Comprar os dois volumes R$ 100,00
Em 2020, antes de aparecer a pandemia de COVID 19, abrimos inscrições para uma Oficina de Criação Literária, ligada à Editora TextoTerritório, que possibilitasse o desenvolvimento da reflexão da prática ligada ao fazer ficcional. Buscou-se no projeto inicial analisar e desconstruir o que no senso comum foi demarcado como o próprio do literário.
Desde logo, na sua construção, no Brasil, percebia-se que o modelo de literatura a ser seguido trazia uma boa dose das noções românticas do escritor e do texto, bem como a presença de uma forma mais ou menos fixa que trazia a lembrança do parnasianismo e a presença, por exemplo, da rima e da cadência do som martelado. Pensar sobre esses preceitos foi nossa primeira tarefa enquanto grupo.
Para que a discussão ganhasse amplitude, buscou-se, na vasta produção de autores e críticos, não deixando de passar pelas questões filosóficas que concernem a um pensamento mais pontual sobre o próprio do escrever, os textos que nos serviriam de guia.
Muitos autores estiveram presentes conosco nesta caminhada. Platão, Aristóteles, Homero, Horácio, Calímaco, entre os antigos; do período clássico, alguns autores que refletiram sobre o ato de escrever e dos tempos modernos e contemporâneos, escritores como Baudelaire, Valery, Edgar Allan Poe, Goethe, Juan José Saer, Elias Canetti, Umberto Eco, Haroldo de Campos, Octávio Paz, entre outros.
Diversos críticos e teóricos também participaram das discussões, com contribuições fundamentais, entre eles, Luiz Costa Lima, Silviano Santiago, Octávio Paz, Valery, Szymborska, Lukács, Musil, Ian Watt, Coetzze.
No início desta bela jornada, cujos textos vocês lerão nos dois volumes que compõem a produção dos autores da oficina, dividimos os módulos em dois momentos e encontros que se deram de 15 em 15 dias, em espaço presencial. Após o surgimento da pandemia, os encontros se reestruturaram, passando ao espaço virtual e a oficina se fez semanal, apresentando a seguinte composição: dois encontros seriam para que se pudesse discutir, através de textos crítico-teóricos, algumas questões pertinentes à escrita que algumas vezes se propunham de forma mais lúdica e dois encontros nos quais discutiríamos a produção dos autores. Formato que se manteve durante esses dois anos.
Os textos, ao se iniciarem de forma ainda precária, como poderão observar ao terem os volumes em mãos, irão aos poucos ganhando, com o processo de elaboração e reelaboração, régua e compasso e uma assinatura própria, quando se empregam os fatos da língua a um modo que é próprio de cada um. Chama-se a atenção do leitor para a pluralidade de textos que o mesmo exercício provocou. É de importância fundamental notar a diversidade das autorias e a multiplicidade que cada um que, com sua criatividade, buscou dar sentido às notações que se fazem, quando se escreve, dos fatos humanos, dos fatos diversos a que o mundo sujeita os que nele vivem.
O longo aprendizado da escrita faz parte também do longo e ininterrupto aprendizado da vida. Talvez aprender a deslocar no texto o eu, exigente e poderoso, para a metamorfose no outro seja a busca mais contundente e difícil, mas também a mais prazerosa, quando se percebem as ideias, que sofreram o impulso das próprias vivências, se tornarem parte do mundo e nele agirem sem a interferência do que o autor pressupôs como leitura aceitável.
Muitas vezes fomos surpreendidos pela tentativa de o autor explicar o texto e pela contra leitura produzida pelos outros autores. É fascinante observar como o texto se desprende de seu autor e ganha o mundo. Sensação que terão vocês ao buscarem nos textos a presença de um mundo que está na difícil dialética entre o eu e o outro.
Corta daqui, acrescenta dali – a consciência do escrever aos poucos foi se agudizando e hoje torna-se presente na preocupação com que os escritores que aqui se fazem ler foram adquirindo ao logo desta nossa viagem. Viagem a que todo texto, se bem cuidado, convida o leitor a empreender.
Assumam suas naus, façam-se ao mar nestes textos que nos levam a países já achados e por achar, essas ilhas-de-não a que as ficções nos levam. Reinvente os textos como os autores reinventaram o mundo.