A rosa mareada
A rosa mareada
ISBN - 978-65-990004-9-2
1ª edição, 2022
Formato: Brochura com orelha 12x18 cm
66 páginas
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Orelha
A Rosa Mareada, novo livro de Rogério Batalha, confirma e expande o talento do poeta. Nas escolhas das palavras, da sintaxe e do corte, sempre preciso dos versos, o livro nos reapresenta os elementos com que compõe, a partir da casualidade dos acontecimentos, a dicção dura de seus poemas.
Se em Drummond o leitor encontra a rosa que rompe o asfalto, trazendo alguma esperança para os que viviam sob o cenho fechado da ditadura varguista, a rosa de Batalha irrompe no meio do caos desordenado da cidade suburbana como um amante de segunda ordem, que, desprovido de amor, recorre aos beijos das namoradas velhas para emudecer e ser emudecido. Ou assassinado.
A diferença entre o desejo burguês do poeta proletarizado de Rosa do Povo e o poeta jogado na sarjeta do vasto mundo deste A Rosa Mareada vem do fundo das escolhas e da vivência de um e de outro. A Rosa metaforizada na rosa socialista carece da experiência das desrosas dos que raquíticos sob zinco/ descem o morro para trabalhar/ às quatro e quarenta da manhã/ marcham tristes para as fábricas/ em busca de vale e cesta básica.
A expressão reduplica a dualidade drummondiana. Se lá o burguês veste a roupa do operário, aqui o operário se coloca na perspectiva do lúmpen, que chama o leitor para a briga, no saboroso “Dona das águas profundas”: ó senhora da navalha./ aquela que quando fala/ todos se abaixam.
A ancestralidade do rito não mais a serviço do encantamento burguês, mas distendido até o fio da navalha, até o corte e o sangue, que a memória (do país, das lutas inglórias, da chibata) explosiva e definitiva grita nos versos magistrais pelo poder de síntese que trazem: Fabrício morto era mais bonito do que vivo.//Fabrício morto/tinha a cara da esperança.
Dolorosa e necessária, a poesia de Rogério Batalha cumpre o seu fado, encontrar no mais ínfimo das vivências sujas, a beleza que explode como uma bomba neste país de máculas antigas.