ISBN - 978-85-65375-67-2
2ª edição, 2022
Formato:
Brochura com orelha 12x18 cm
136 páginas
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É um desafio lúdico acompanhar as rotas traçadas por Oswaldo Martins em sua poesia, com intertextos que cada poema instaura, não só com a literatura, mas também com a pintura, o cinema, a música, e toda forma de arte. E isso sem hierarquizar o erudito ou o popular, o nacional ou o estrangeiro. O que coloca o poeta num lugar ideologicamente privilegiado e intelectualmente livre.
Nessa arte, liberdade é fundamental, pois, para além do vasto diálogo com a cultura, o poeta também se ocupa de insuflar a inquietação dos metafísicos. A aporia que cinde o humano em corpo e espírito (seja o santo ou o das luzes) é combatida em nome da liberdade e da afirmação irrefutável da vida. Cosmologia do impreciso consagra e define a cosmovisão da poesia de Oswaldo Martins. Nela, a vida e a liberdade são reafirmadas através do erótico, em sua fortuitidade mais (ex-/im-)pulsiva: a buceta, sintomaticamente grafada com u, ratificando o gesto transgressor, a sedição da poesia. “Dobradura-porta/aberta ao absurdo”, como diz a “antimetafísica das apreciações”, é a buceta, mas também são os quadros e livros que “buscam/o que de buceta/são”. Trata-se de uma cosmologia, de uma “origem do mundo” digna do famoso quadro de Gustave Courbet. A imagem funda um jogo complexo em que as ideias de nascer e gozar, entrar e sair, circulam, do livro para a vida, da vida para o livro. Entre por ali, então, o leitor: pela constatação de que é entre os corpos que a vida se consuma, e que a utopia da poesia, da arte, enfim, é menos alimentar o espírito que tocar esse impreciso viver.