A cidade é um rim

A cidade é um rim

Felipe Boaventura

ISBN - 978-85-65375-37-5   

2ª edição, 2016

Formato:

Brochura com orelha 12x18 cm

120 páginas

Livro impresso

R$ 40,00 - frete para o Brasil incluso

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Sinopse

Walter Benjamin disse que o mais importante não é saber orientar-se na cidade, mas perder-se nela, como quem se perde numa floresta. E, para isso, precisa-se de instrução. Penso nessa passagem enquanto leio este A cidade é um rim, de Felipe Boaventura, e me percebo “perdido” no tráfego, nas esquinas e vielas dessa cidade, pisando em gravetos e encarando desfiladeiros (pra retomar a imagem de Benjamin).

A referência, no título do livro, ao órgão responsável por filtrar o sangue já indica a maneira como Felipe percebe a cidade. Ela não é tanto a protagonista ou o território (como ponto fixo, pelo menos) das ações, mas filtro de experiências através do qual enxergamos sutilezas, reentrâncias, desvãos, atrocidades e belezas da vida comum, cotidiana.

Com frases precisas, curtas e densas, capazes de inventar mundos complexos num espaço mínimo, A cidade é um rim traz um conjunto de narrativas que toca diretamente em nossos sensores afetivos. “A lentidão das 18 horas na Lagoa Rodrigo de Freitas”; “O encontro único entre um pai com o filho e a moça com o cachorro numa padaria do Jardim Botânico”; “uma (fictícia , mas provocadora) operação policial em pleno Leblon” ou um “tenso e brutal jantar em família num condomínio de luxo”, são todos cenários, personagens e acontecimentos comuns, cotidianos, de uma cidade que nos é, a um só tempo, estranha e familiar. Dentro dessa cidade, não importa tanto onde ou quando, mas como as coisas acontecem.

O próprio autor, a quem tive o prazer de conhecer em 2013, quando participou, com destaque, da edição da FLUPP Pensa (processo de formação de novos autores da Festa Literária das Periferias), é um personagem dessa cidade. Uma cidade que é tão múltipla e desconcertante que exige ser narrada exaustivamente. Felipe, com este livro, apresenta-se e se afirma como um desses narradores. Não tenho dúvidas de que vale a pena se perder na cidade que ele narra. Desde que se tenha a devida instrução. 

Ecio Salles