AGENDAS DO EDUCADOR

Durante essa gestão, todos os educadores do município receberam as Agendas do Educador, material na qual as diretrizes do trabalho da Secretaria da Educação estavam descritas.

Com características mais progressivas e concepções atreladas às teorias críticas e pós críticas do currículo, a proposta contida nas Agendas do Educador (2005 e 2006) trazia, no lugar de modelos, uma ideia na qual fossem realizados estudos sobre as aprendizagens e metodologias para subsidiarem o trabalho a partir da perspectiva inclusiva, fortalecendo a concepção de avaliação constituída nesta rede, juntamente à proposta do trabalho em ciclos.

Capa da Agenda do Educador - 2005

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

O conteúdo deste material, tal como qualquer outra agenda, possuía um formato comum, com a paginação dos dias da semana, separados pelos meses do ano e ao final, algumas folhas com pautas para anotações gerais. Ao abrir suas primeiras páginas, o professor se deparava com o texto introdutório – “Bases para a construção de um Projeto Político Pedagógico na rede municipal de Santo André”.

Trabalhando como uma secretaria única, naquela ocasião, a Secretaria de Educação e Formação Profissional (SEFP) apresentava, como um de seus princípios, "a garantia do respeito e da incorporação das identidades social, cultural, afetiva, étnica, de gênero e física de todos envolvidos em seus trabalhos, considerando as diferenças como parâmetro para uma melhor educação. O desenvolvimento de um Programa de Educação Inclusiva significa trabalhar com um grande complexo de agentes em suas relações e dinâmicas. No que se refere a Santo André, a SEFP tem sido um dos mais importantes agentes de inclusão na região, articulando vários setores pedagógicos-administrativos, professores, alunos, funcionários, projetos, programas, conselhos e comunidade, com o objetivo de orientar as ações e procedimentos na direção da inclusão sócio-cultural e educativa de todos os sujeitos envolvidos" (SEFP, 2005).

Cumpre ressaltar que, este material apontava para a autonomia e autoria docente, na medida em que, segundo a proposta da SEFP, caberia "ao conjunto de professores a discussão dos princípios de trabalho, os valores que os orientam, ou seja, os critérios que vão determinar as escolhas. O elenco de conteúdos ou de atividades, de fato, revela o lugar, a posição, a concepção desses professores. As escolhas é que darão conta de desenhar a paisagem curricular específica de cada Unidade Escolar e de cada Ciclo. São esses critérios que, uma vez explicitados, discutidos e apropriados pelo grupo de professores que vai dar consistência ao seu planejamento, ao funcionamento do currículo e à proposta político-pedagógica" (SEFP, 2005).

Capa da Agenda do Educador - 2006

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

O mapa de conteúdos praticado na rede foi reproduzido nas agendas 2005/2006, sendo extraído dos Planos Escolares de 2004 e sintetizado para suprimir as repetições.

Considerando o currículo como “tudo que acontece dentro da escola”, uma parte deste conjunto é regida pela “batuta do professor e pela equipe da escola”, e nesta lógica, atividades, projetos e conteúdos devem ser planejados de maneira proposital, estabelecidas como etapas a serem percorridas (SEFP, 2006).

Fragmento do Mapa de conteúdos praticado na rede municipal de Santo André (1º ciclo do Ensino Fundamental - anos iniciais)

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Fragmento do Mapa de conteúdos praticado na rede municipal de Santo André (2º ciclo do Ensino Fundamental - anos iniciais)

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Nestes materiais havia uma forte relação, não propriamente direcionada à técnica sobre como se “faz" o currículo, mas, inegavelmente, conforme sustenta Silva (2005), sobre aquilo que o currículo é capaz de fazer. Palavras e expressões como “leitura de mundo”, “contra hegemônicos”, “resistência” “transformação social”, “coletividade”, “emancipação” foram encontradas nos textos das agendas 2005/2006, e correlacionam-se, diretamente às teorias críticas do currículo.

“[...] As teorias críticas do currículo, ao deslocar a ênfase dos conceitos simplesmente pedagógicos de aprendizagem para conceitos de ideologia e poder, nos permitiram ver a educação de uma nova perspectiva” (SILVA, 2005, p. 17).

Na mesma medida, integram-se à concepção percebida no material, características que se alinham a ótica das teorias pós-criticas. Prova disso são algumas marcas deixadas pelo vocabulário nele concentrado: “identidade”, “gênero”, “raça”, “etnia”, “diferença”. “[...] O conceito de discurso efetuou um outro importante deslocamento na nossa maneira de conceber o currículo”, desta vez, mais atrelada as teorias pós-críticas (SILVA, 2005).

Em 2007, os profissionais da educação da rede municipal de Santo André receberam novamente as Agendas do Educador, porém, com uma outra configuração. Com este material, pretendia-se divulgar de maneira sistematizada para os docentes da rede, os projetos, programas e ações da SEFP, favorecendo o trabalho desenvolvido nas diferentes unidades escolares. As diretrizes estabelecidas no programa de governo, qualidade social do ensino, democratização da gestão e democratização do acesso à escola, são amplamente divulgados neste documento.

Capa da Agenda do Educador - 2007

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Fragmento de texto retirado da Agenda do Educador - 2007 - Ciclos e Avaliação

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Fragmento da Agenda do Educador 2007

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Fragmento da Agenda do Educador - 2007 - Política Inclusiva da Educação

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Fragmento da Agenda do Educador - 2007 - Cidades Educadoras

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Em 2008, os profissionais da educação receberam a última edição da Agenda do Educador, desta vez recheada de informações sobre a "Sabina - Escola Parque do Conhecimento". Inaugurada no ano anterior, este equipamento tinha como objetivo transcender o ensino formal, alcançando o saber científico, tecnológico e artístico de maneira lúdica e prazerosa. Como um grande laboratório interativo, o espaço havia sido cuidadosamente equipado com materiais, instrumentos e experimentos relacionados à diferentes áreas do conhecimento, dentre elas, Ciências da Terra, Ambiente e Natureza, Ciências Físicas e Tecnológicas, Ciências da Vida e Arte e Comunicação, além de oferecer exposições temporárias ou de longa duração (SEFP, 2008).

Capa da Agenda do Educador - 2008

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Fragmento da Agenda do Educador - 2008 - Apresentação da Escola Parque do Conhecimento Sabina

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Fragmento da Agenda do Educador - 2008 - Apresentação das aulas temáticas

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Assim, com a ideia de divulgar amplamente este espaço, as agendas traziam em seu texto inicial, os objetivos, a metodologia e as parcerias envolvidas deste projeto. O espaço ainda resiste às rupturas das políticas deste município.


Fragmento da Agenda do Educador - 2008 - Apresentação das aulas temáticas

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Fragmento da Agenda do Educador - 2008 - Imagem da área externa da Sabina

Fonte: Acervo documental da pesquisadora

Fragmento da Agenda do Educador - 2008 - Apresentação das aulas temáticas

Fonte: Acervo documental da pesquisadora