AFINAL, O QUE É CURRÍCULO?

O currículo tem sido objeto de estudos e pesquisas, concentrando-se não apenas ao universo escolar. Especialmente nas últimas décadas, pesquisadores críticos do currículo sustentam que este campo revela poder, disputas, ideologia e política, tornando-o um elemento ambíguo e polissêmico. Essa característica torna, ainda, o currículo como inacabado e em processo constante de construção.

Nesse sentido, tudo o que em “tese é ensinável e possível aprender”, acomoda-se no currículo. (SACRISTÁN, 2013, p. 17). Contudo, frente às dimensões que cercam o currículo, entende-se que, sendo tão complexo e marcado por sentidos polissêmicos, acaba fortemente influenciado pela conjuntura social, política, cultural e econômica do tempo e das relações em que está inserido.

Apple (2013, p. 71) afirma que “o currículo nunca é apenas um conjunto neutro de conhecimentos, que de algum modo aparece nos textos e nas salas de aula de uma nação”, e como resultado da seleção de alguém ou da visão de um grupo, privilegiam determinados conhecimentos considerados legítimos, como mais (ou menos) importante que outros.

Moreira e Candau (2007) se opõem a interpretação reducionista do conceito de currículo, compreendendo-o como “[...] experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em meio às relações sociais e contribuição para a construção da identidade dos estudantes, associados aos esforços pedagógicos e a intencionalidade educativa envolvida” (MOREIRA; CANDAU, 2007, p. 18).

Neste espaço, consideramos o currículo como um elemento múltiplo, complexo, polissêmico e até mesmo nebuloso. Sob essa ótica, traçamos um fio condutor na qual diferentes concepções de currículo se entrecruzam, constroem e reconstroem relações entre entre sujeitos, tempos, espaços, saberes, não-saberes, revelando um percurso na qual inúmeras escolhas tecem seu território e marcam, sobretudo, a natureza das memórias e da história do currículo de Santo André.