CAPÍTULO 5

OS GESTORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL E A MOTIVAÇÃO DA COMUNIDADE ESCOLAR EM ÉPOCA DE PANDEMIA


DANIELA VEIGA OLIVEIRA¹

MILENE RODRIGUES MARTINS²

RESUMO

Esta pesquisa buscou compreender como os gestores da Educação Infantil estão motivando a comunidade escolar em época de pandemia. Tem-se como objetivos específicos: verificar quais recursos foram utilizados pela gestão para motivar sua comunidade; observar os resultados dos recursos utilizados pela gestão; compreender a relação gestão/comunidade escolar pesquisada, constatando quais ações atenderam e respeitaram a participação de toda a comunidade escolar no decorrer desse processo. Tendo como metodologia adotada correspondente a pesquisa de campo, coletando e analisando dados obtidos através das entrevistas realizadas com a comunidade escolar pesquisada. Utilizando o método dialético por ser uma investigação que busca explicações e compreensão da realidade. E, tendo uma abordagem de forma qualitativa. Ao final da análise obteve-se como resultado, diferentes formas de recursos e incentivos por parte dos gestores, desde o início, e novas estratégias que surgiram durante essa nova caminhada escolar. Contudo, verificou-se que os gestores da escola pesquisada, apesar de não terem adesão do total dos alunos, estão tendo resultados significativos e positivos, se reinventando e alcançando seus objetivos, que é manter o vínculo educacional e a motivação dos envolvidos. Assim, proporcionando a continuidade do desenvolvimento infantil.

PALAVRAS-CHAVE:

Motivação. Aprendizagem. Mudanças.

¹ Pós-graduada em Gestão Educacional pelo Centro Universitário Cesumar – UniCesumar. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS. Pós-graduada em Psicopedagogia Institucional na Universidade Castelo Branco –UCB. E, pós-graduada em Mídias na Educação pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM.

² Licenciada em Física pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Mestra e Doutora em Educação para a Ciência e a Matemática pela Universidade Estadual de Maringá.

INTRODUÇÃO

Este artigo buscou compreender de que maneira a Gestão da Educação Infantil está motivando a comunidade escolar em época de pandemia, devido à necessidade de verificar como a gestão está motivando a comunidade escolar nesse momento difícil para toda sociedade, com abrangência mundial. Isto porque, com o surgimento do vírus Covid19 as relações mudaram, a escola mudou a forma de ensinar, os alunos da Educação Infantil necessitam de vínculo, estímulo para se desenvolver com qualidade e a família precisa de apoio para auxiliar suas crianças nesse processo. Assim, há uma necessidade de reinventar para atingir essas necessidades. Com objetivos específicos buscou-se verificar quais recursos que foram utilizados pela gestão para motivar sua comunidade; observar os efeitos dos recursos aplicados pela gestão; compreender a relação gestão/comunidade escolar pesquisada, constatando quais ações atenderam e respeitaram a participação de toda a comunidade escolar, no decorrer desse processo.

Embasando-se no referencial teórico que discute fatores importantes para o desenvolvimento desse estudo, tais como: papel motivador dos gestores, educação infantil, o papel do professor, a importância da família na escola e pandemia, mudança de ações e relações. Estes temas auxiliaram na compreensão e análise dos resultados obtidos. Tendo como metodologia correspondente o estudo de campo, por ser uma investigação que busca explicações e compreensão da realidade, tendo uma abordagem qualitativa.

Assim, obteve-se informações dos trabalhos desenvolvidos e incentivos por parte dos gestores, desde o início, e de outras estratégias que surgiram durante o processo, através de contribuições da comunidade escolar, as quais foram recebidas, pelos gestores, de forma positiva e enriqueceram a proposta dos mesmos.

FATORES IMPORTANTES PARA UMA NOVA FORMA DE ENSINAR E APRENDER

PAPEL MOTIVADOR DOS GESTORES

Ao pesquisar e ler vários estudos sobre o papel dos gestores na educação, sabe-se que são vários, em diferentes áreas, como: financeira; organizacional; pedagógica, entre outras. Mas, uma delas é buscar motivar seus profissionais em todas as situações, como, neste momento, ao qual a sociedade brasileira está passando, referente ao COVID 19. Com aulas diferentes, devido ao isolamento social. Portanto, se faz necessário buscar diferentes recursos para motivar os professores, alunos e família para manter-se o vínculo educacional, principalmente na Educação Infantil, onde as crianças necessitam do auxílio direto dos pais ou familiares para realizarem tarefas, jogos e brincadeiras, além de registrar e dar o retorno para a escola.

Assim, se faz necessário motivar os professores e auxiliá-los a utilizar recursos que antes pouco era usado, instigá-los a reflexão de práticas que possam ser realizadas em casa com recursos que possam ser encontrados nos domicílios dos alunos. Mas, sabe-se que a motivação contempla diversos fatores externos, como as condições de trabalho, o ambiente, o meio físico, recursos disponíveis e conhecimento dos mesmos. Desta forma, percebe-se que todos os profissionais precisam de motivação e, com os professores, não é diferente. Eles precisam estar motivados para lidar com os alunos e ensinar da melhor forma possível.

Então, nesse momento, quem deve desenvolver esse papel com os professores são os gestores. Esse trabalho deve ser contínuo, de modo que eles sintam-se sempre dispostos a ensinar e se preocupem com o aprendizado dos seus alunos, entendendo-os e buscando meios para que eles se desenvolvam, pois, professores motivados fazem toda a diferença mesmo as aulas não ocorrendo em ambiente escolar.

A escola que está conseguindo motivar os professores, consegue fazer com que as famílias participem das propostas junto com seus filhos influenciando no crescimento e desenvolvimento dos mesmos.

Então, se todos estiverem juntos elevarão o desenvolvimento cognitivo do aluno e atingirão bons resultados e estes empolgarão outros professores e alunos, que ainda estão iniciando a caminhada dessas novas formas de ensinar e aprender, um diferencial na Educação Infantil. Melhorando, dentro da atual situação, a qualidade de ensino desses profissionais, que estimulados continuam a buscar recursos para atingir seus objetivos. Mas, estes devem conhecer e refletir o contexto da comunidade a qual estão inseridos, para criar estratégias de motivação e incentivar a participação de todos. Lembrando que o aluno, neste momento, está no contexto domiciliar.

Assim, outro fator importante na motivação da comunidade escolar, que ocorre através dos professores e gestores, é estar ciente que estes precisam estar motivados para participar das atividades propostas, nesse momento de pandemia, em que muitos estão focados em subsistência, ou não veem relevância em incentivar seus filhos a realizá-las por estarem na Educação Infantil, que abrange alunos de 0 à 3 anos, faixa etária que é facultativo estar no ambiente escolar.

Então, para que se alcancem os objetivos, em tempo de pandemia se faz necessário que gestores escolares criem o hábito de motivar sua equipe de professores e comunidade escolar, porque a motivação é a chave para um bom desempenho e que se alcance bons resultados. A gestão escolar deve instigar o professor a crescer cada vez mais e a envolver-se frequentemente com as questões de aprendizagem, tanto com os alunos, quanto com toda a comunidade.

Contudo, sabe-se que o papel dos gestores, referente à cultura organizacional escolar constitui-se:

[...] em uma estratégia importante da ação de gestão tanto educacional como escolar, tendo em vista a necessidade de que essa cultura e clima se configurem em condição positiva e favorável na determinação da qualidade de ensino que seus alunos precisam receber, a fim de que suas experiências educacionais os levem a desenvolver condições pessoais e competências sociais importantes para uma vida produtiva e feliz (LÜCK, 2010, p. 25).

Desta forma, os gestores devem buscar considerar diferentes fatores para proporcionar, aos seus professores e comunidade escolar, meios de motivação e recursos que possibilitem desenvolver o aluno nas diferentes áreas do conhecimento, mesmo na atual situação, para que venha a conseguir resultados positivos.

EDUCAÇÃO INFANTIL E O PAPEL DO PROFESSOR

No desenvolvimento infantil, segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2019), a criança tem seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento da criança: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. A partir dos seis direitos, a BNCC estabeleceu também os campos de experiência, fundamentais para que a criança possa aprender e se desenvolver: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Nesse contexto, as atividades propostas buscam contemplar esses campos de experiências, seja através de música, leitura de histórias, brincadeiras, atividade de vida prática e jogos. Sempre de forma lúdica, porque é muito importante, na Educação Infantil, aprender brincando, porque a brincadeira é fundamental na aprendizagem e desenvolvimento da criança, pois é nesse momento em que ela exercita todos os seus direitos e estabelece contato com os campos de experiência, como protagonista de seu desenvolvimento. O professor tem o papel de observar e não interferir na brincadeira, somente se solicitado ou quando observa que a situação necessita da argumentação do mesmo, seja para orientar ou auxiliar o aluno.

O ambiente é organizado pelo professor, buscando sempre instigar as brincadeiras, seleção de materiais, incentivando a cooperação entre os alunos, buscando a socialização do espaço e o respeito entre os pares. Todos têm seu espaço e momento de explorar os recursos, esperando seu momento se este já estiver em uso por outro colega.

São nesses momentos que o professor observa e registra o desenvolvimento dos alunos, suas conquistas e suas dificuldades de compreender tal conceito que está sendo trabalhado.

A brincadeira proporciona o desenvolvimento da criança. Através do brincar ela aprende, experimenta o mundo ao qual está inserida, vivencia diversas possibilidades, relações, cria e explora sua autonomia e compreende as suas emoções, pois o principal objetivo da brincadeira é explorar e é nesse brincar que ela desenvolve suas habilidades. A criança compreende o mundo e aprende a lidar com suas limitações, frustrações, vitórias, valores, permitindo que reconheça seu papel na sociedade, pois segundo Vygotsky, Luria e Leontiev (2006, p. 134):

No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que ela é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento.

Então, para o autor o brincar é o momento em que acontece o desenvolvimento da criança. E, quando a criança escolhe sua brincadeira está trabalhando sua autonomia, ou seja, sua liberdade de escolher com que quer brincar, experimentar e explorar. Esse é um fator muito relevante para a vida toda, porque se faz necessário expressar desejos, vontades, escolhas, auxilia nas reflexões, independência e criatividade.

E o professor tem um papel fundamental, pois é um modelo a ser seguido pelos seus alunos, mas principalmente um profissional que busca o crescimento e desenvolvimento destes em diferentes áreas do conhecimento, e relaciona este conhecimento à realidade, ou seja, seja capaz de aliar a teoria à prática. Colocar o conhecimento aplicado à vida prática, dando sentido à relevância de aprender, facilitando o viver.

Na Educação Infantil, esse profissional se envolve mais com a afetividade, pois se faz necessário para o desenvolvimento infantil e porque a forma de aprendizagem vem do vínculo da criança com o professor. Em outras etapas, também é importante a afetividade, mas na Educação Infantil é muito difícil alcançar objetivos sem envolver a afetividade, dificilmente se tem resultados positivos. Nesse sentido, segundo Almeida, Mahoney e Wallon (2004, p.198):

À medida que se desenvolvem cognitivamente, as necessidades afetivas da criança tornam-se mais exigentes. Por conseguinte, passar afeto inclui não apenas beijar, abraçar, mas também conhecer, ouvir, conversar, admirar a criança. Conforme a idade da criança, faz-se mister ultrapassar os limites do afeto epidérmico, exercendo uma ação mais cognitiva no nível, por exemplo, da linguagem.

Assim, o professor deve buscar meios de criar, manter e fortalecer esse vínculo que auxilia no desenvolvimento infantil social e cognitivo. O professor, nesta etapa, é um dos responsáveis por estimular atitudes adequadas, de respeito ao outro, a cumprir regras de convivência, que todos têm seu espaço, conhecimentos e aprendizagens que levarão para outros ambientes de convívio. Além de que, o professor, em sua prática docente, deve proporcionar momentos de aprendizagens cognitivas, vida prática, conhecer seu ambiente e o mundo, instigando a curiosidade do aluno e seu espírito investigativo. Desta forma, a criança vai construindo sua identidade. E, é de suma importância que o professor proporcione um trabalho junto com a família, para que ambos auxiliem a criança na construção do conhecimento. Essa relação enriquece o desenvolvimento infantil, além de agregar diferentes experiências e troca constante de vivências.

Contudo, o professor tem um papel importante na vida das crianças, principalmente os que estão na educação infantil, pois estão trabalhando a base, permitindo que seus alunos experimentem diferentes recursos, experiências, conhecimentos e aprendizagens que auxiliará na construção de sua autonomia.

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA ESCOLA

A família é importante em todas as etapas da vida, nas vivências e relações. Mas, ela é extremamente primordial nos primeiros anos de vida, ou seja, na infância.

E, quando a criança vai para o ambiente escolar, onde percebe as diferenças, têm seus primeiros conflitos, conhecendo várias formas de perceber uma determinada situação, que se faz necessário a presença da família, para auxiliar, junto com o professor, essa criança a desenvolver-se, compreender e superar frustrações.

Essa relação entre a escola e as famílias se torna a base para que a educação alcance seu maior objetivo que é a formação plena da criança. Fato que ocorre em todo o processo educativo, seja em diferentes ambientes. Segundo Piaget (2007, p. 50):

Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois a muita coisa que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola chega- se até mesmo a uma divisão de responsabilidades [...].

Por isso, a família na escola é relevante em todos os momentos, não apenas em festividades, apresentações e sim em todo o processo educacional. E essa relação se torna mais essencial na Educação Infantil, pois é nessa etapa que se está construindo a base.

PANDEMIA: MUDANÇA DE AÇÕES E RELAÇÕES

O período que estamos vivendo com essa pandemia fez com que ocorressem diversas mudanças na sociedade mundial, onde teve que se criar diferentes formas de agir e se relacionar. Fato que não foi diferente nas escolas na forma de se relacionar, aprender e de ensinar.

Os professores tiveram que se reinventar e os alunos também. O isolamento está criando novas formas de comportamentos, tanto no âmbito familiar, quanto nas instituições de ensino, que estão revendo suas estruturas e metodologias. Descobrindo a cada dia maneiras de chegar até seus alunos, manter vínculo e de seguir proporcionando momentos de aprendizagem.

Esse processo está sendo uma aprendizagem para todos, onde o papel da família se faz ainda mais importante para que esse processo ocorra. Mas para esta, também está sendo um momento de incerteza, devido às dúvidas frequentes de até que ponto seu filho está conseguindo adaptar-se a essa nova forma de aprender e de como auxiliá-lo de forma positiva.

Está sendo uma aprendizagem para todas as partes integrantes desse processo. É uma oportunidade de aprender algo novo e a partir desse momento. Sabe-se que o mundo vai ser diferente depois dessa pandemia. E que todos possam usufruir dessa nova aprendizagem para tornar a educação mais forte.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Este trabalho buscou realizar uma pesquisa com método dialético por ser uma investigação que busca explicações e compreensão da realidade. Segundo as autoras Diniz e Silva (2008. p.4):

A dialética enquanto método [...]. No caso das Ciências Humanas que estão atentas a Como os fatos se apresentam, o Por Quê e o Para Quê tornam-se questões interessantes para compreensão e explicação de fenômenos que se relacionam com os destinos dos seres humanos na vida em coletividade.

Desta forma, atendendo a proposta metodológica que se quer realizar neste presente projeto. A natureza deste foi aplicada, por objetivar o estudo sobre a compreensão de como a gestão está buscando motivar sua comunidade escolar em época de pandemia. Sendo exploratória, pois se familiarizou com o problema, teve abordagem de forma qualitativa, analisando as falas dos entrevistados para compreender o que os mesmos visualizaram sobre as mudanças ocorridas.

O instrumento utilizado foi entrevista estruturada, abordando questionamentos pertinentes ao problema estudado, para posteriormente descrevê-las embasadas no papel de cada representante no âmbito escolar, nas relações, recursos utilizados e seus efeitos nessa comunidade.

Os recursos que serão utilizados para coleta de dados dessa pesquisa serão: celular, notebook, internet, whatsapp (entrevistas online), papel para registro, anotações, impressões, todos serão concretizados com orçamento do próprio pesquisador.

TÉCNICA UTILIZADA

O procedimento técnico será baseado em levantamento, com amostra intencional que proporciona uma pesquisa com um grupo selecionado que represente todos os participantes da comunidade escolar de uma Escola Municipal de Educação Infantil de Bagé. A amostragem será realizada com dois representantes de cada segmento da comunidade escolar, totalizando 10 entrevistas. A análise e interpretação dos dados serão embasadas no referencial teórico descrito neste artigo. Através das entrevistas obtidas no decorrer da pesquisa, com perguntas fechadas, mas sendo abordadas de acordo com o segmento e faixa etária dos entrevistados. Os resultados obtidos serão descritos seguindo a ordem de questionamento, descrevendo as diferentes visões de cada segmento, agrupando as similares, mas buscando sempre a fidelidade na transcrição dos resultados.

ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Ao coletar e analisar os dados observa-se que, inicialmente, a gestão buscou motivar a comunidade escolar com um vídeo que descrevia a importância de cada um, de se manter o vínculo e que para realizar qualquer proposta necessitaria do auxílio de todos. Fazendo um chamamento lúdico e criativo para despertar a atenção e interesse, solicitando sugestões para se manterem juntos, mesmo separados pelo isolamento. Nesse momento, surgiram variadas ideias, como se comunicarem através do facebook, assim todos têm acesso, que ocorresse duas vezes por semana, conforme faixa etária das crianças, entre outras. Estas ideias e recursos sugeridos foram atendidos e adaptados à realidade local.

A gestão semanalmente busca incentivar a participação, através de comentários, mensagens e vídeos. Sempre dando retorno às solicitações, atividades e participação. Estando atentas as dificuldades para que não haja desistência nas participações. Esses recursos motivacionais ocorrem com recursos tecnológicos, como: facebook, whatsapp, e-mail e ligações telefônicas. Mesmo assim, ainda não conseguiu a participação de todos os alunos. Muitas famílias ainda têm a visão da escola de Educação Infantil como um local de cuidado. Também alegam falta de tempo. Mas a gestão busca na argumentação pedagógica incentivar a participação destes, descrevendo a importância do desenvolvimento infantil.

As famílias entrevistadas relatam que participam por acreditarem na importância de manter vínculo e por que querem que seus filhos aprendam e se desenvolvam dentro do possível. Mesmo encontrando dificuldades, encontram auxílio com gestores e professores. Além de tentar motivar outras famílias que ainda não participam do processo. E a dificuldade, às vezes, de acesso a internet é minimizada com ajuda de amigos e familiares, além da escola incentivar a participação independente de tempo.

Os professores descreveram que tiveram que se reinventar, refletir como fariam atividades dinâmicas, instigantes, atendesse os objetivos educacionais de cada etapa e que utilizasse recursos alternativos que pudessem ser encontrados no ambiente domiciliar, sem custo. Além de aprender a utilizar novos recursos tecnológicos. Mas encontraram apoio de colegas e dos gestores, que estão sempre motivando, se adaptando e aprendendo novas formas de ensinar.

As crianças entrevistadas demonstraram empolgação em participar das atividades, mas principalmente por suas famílias estarem fazendo parte, auxiliando na concretização das tarefas. Estão achando divertido rever professores e colegas, e gostam do fato de mandar recados para todos que tem saudades.

As funcionárias relataram ter dificuldades diversas para aprender a utilizar alguns recursos, dúvidas de como poderiam ajudar e ser útil nesse processo. Mas relataram que estão superando com auxílio dos professores e gestores. Iniciaram com recados de carinho e agora, com aprovação da gestão, propõem atividades de vida prática. Fato que foi muito valorizado pela comunidade escolar. Descrevem que estão se sentindo valorizadas, pois suas ideias foram acolhidas com carinho e respeito.

Os entrevistados mostraram em diversos momentos várias dificuldades encontradas, mas finalizaram que estão superando com o apoio de todos, que o grupo se uniu para um bem maior e estão reunindo esforços para alcançar o principal objetivo que é a aprendizagem das crianças. Além disso, estão trocando experiência e aprendendo com essa nova forma de ensinar. Porém, sentem muita falta do contato físico, o qual ainda não é possível, mas vão seguir participando para dar continuidade a essa nova proposta educacional.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme os resultados obtidos no decorrer da pesquisa, verifica-se que os objetivos propostos foram alcançados, pois os recursos utilizados pela gestão pesquisada estão conseguindo de forma positiva a participação e motivação dos envolvidos, pois, estão valorizando todos e instigando-os a serem agentes ativos desse processo. E, buscando meios para abranger os que ainda não estão participando.

A relação entre gestão e comunidade escolar está acontecendo de forma harmoniosa, atendendo a todos e respeitando sua participação, valorizando sugestões e adequando-as à realidade local. Dessa forma, os gestores estão cumprindo seu papel de agentes democráticos, organizacionais e motivadores. Buscando formas adequadas e legais, atendendo a BNCC, para que possam seguir com a proposta educacional. Assim, cumprindo com seu compromisso de gestores comprometidos com a instituição escolar, ou seja, comunidade escolar. Realizando um trabalho, mesmo distante, que respeita as diferenças e possibilita condições de trabalhos favoráveis. Armazenando, compartilhando e disseminando conhecimentos adquiridos no decorrer do processo. Além de aplicá-los e valorizá-los, tendo uma prática facilitadora, acompanhando as mudanças decorrentes da pandemia.

A pesquisa permitiu a compreensão dos recursos motivacionais utilizados pelos gestores, demonstrando o quanto é importante estar atento a tudo e a todos e cumprir o planejamento, organização, coordenação e liderar sua comunidade de forma respeitosa, democrática e harmônica. E, quando se depara com dificuldades, busca solucionar ou transformá-la em resultado positivo no processo educacional.

Contudo, verifica-se que os gestores da escola pesquisada, não tiveram adesão total dos alunos, mas estão tendo resultados significativos e positivos. Se reinventando e alcançando seus objetivos, que é manter o vínculo educacional e a motivação dos envolvidos. Assim, proporcionando a continuidade do desenvolvimento infantil, mas de forma diferente, adaptando-se à nova realidade.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, L. R.; MAHONEY, A. A.; WALLON, H. Psicologia e Educação. 7ª ed. São Paulo: Loyola, 2004.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC/SEB, 2019.

DINIZ, C. R.; SILVA, I. B. O método dialético e suas possibilidades reflexivas. Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.

LÜCK, H. Gestão da cultura e do clima organizacional da escola. Petrópolis-RJ: Vozes, 2010.

PIAGET, J. Para onde vai à educação? Rio de Janeiro: José Olímpio, 2007.

VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 10ª ed. São Paulo: Ícone, 2006. Cap.4.