1890, o ano da Emancipação

Há 130 anos Caxias do Sul se emancipava.

Caxias foi tornada município em 1890, na esteira da Proclamação da República. Manteve seu nome original. A Comissão de Terras e Colonização continuou atuando no município.

O município herdou o território da ex-colônia e iniciou a administração de seus recursos próprios. As primeiras autoridades municipais foram nomeadas pelo governo do estado.

Moradores na rua Silveira Martins, atual Avenida Júlio de Castilhos, próximo à rua Marquês do Herval.A segunda casa à direita, de alvenaria, era de propriedade de Anuncio Ungaretti.Vila de Santa Teresa de Caxias, RS. [1885-1895]. Fundo Arquivo da Diretoria da Colônia Caxias e da Comissão de Terras e Medição dos Lotes. Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
Festividade na Estrada Visconde do Rio Branco, nas imediações do atual quartel do 3º GAAAe, comemorando a chegada da comitiva, chefiada pelo presidente do Estado, General Candido José da Costa, para instalar a Junta Governativa Municipal.Vila de Santa Tereza de Caxias, 1890. Autoria não identificada.Fundo Júlio Sassi. Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.

A Vila Santa Teresa de Caxias

Na década de 1890, a Colônia Caxias era conhecida como “o berço da colonização italiana no RS”. Os negócios prosperavam, a população clamava pela emancipação, reivindicava a vinda do trem.

Em 20 de junho de 1890, através do Ato n.° 257, a Freguesia de Santa Teresa de Caxias foi elevada à condição de Vila, constituindo-se um município autônomo.

Para dirigi-lo, provisoriamente, foi nomeada a Junta Governativa: Ângelo Chitolina, Ernesto Marsiaj e Salvador Sartori, que concentrou os Poderes Legislativo e Executivo. Em outubro foram eleitos os sete membros para compor o Conselho Municipal. A Junta e o Conselho administraram o município até julho de 1892, quando foi nomeado o primeiro Intendente, Antônio Xavier da Luz.

Cópia do Ato nº 257 de 20 de junho de 1890 que eleva a Categoria de Vila a Freguesia de Santa Tereza de Caxias - Palácio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, General de Divisão Cândido Costa. Porto Alegre. 20 de junho de 1890.Fundo Prefeitura Municipal. Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
Comemoração pela emancipação política da então freguesia. À esquerda, vê-se o prédio onde esteve estabelecida a Diretoria de Comissão de Terras, localizado na rua Júlio de Castilhos esquina com rua Marechal Floriano.Vila de Santa Tereza de Caxias, 1890. Autoria não identificada.Fundo Júlio Sassi. Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.

No ano de 1892 foi promulgada a Lei Orgânica e, no ano seguinte, o Código de Posturas. Em meio aos atos administrativos e jurídicos, o núcleo urbano ampliava-se. A ocupação desordenada do espaço inquietava as autoridades.

A administração pública municipal se divide em dois períodos, com denominações diferentes para o Executivo Municipal: a Intendência Municipal de Caxias (1892-1930) e, após 1930, a Prefeitura Municipal.

Planta da Sede da ex-Colônia Caxias. Área Urbana em 1892.A Rua Silveira Martins, teve o nome alterado para Rua Júlio de Castilhos em 1º de março de 1893. Em março de 1939, com a pavimentação e ajardinamento a rua passa a denominar-se Avenida Júlio de Castilhos.Vila de Santa Thereza de Caxias, 1892. Autoria José Montaury Aguiar Leitão.Fundo Arquivo da Diretoria da Colônia Caxias e Comissão de Terras e Medição dos Lotes. Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
Na parte nordeste do mapa, em tinta carmim, observa-se o projeto de ampliação e criação de ruas na chamada Zona do Burgo. Ponto de encontro e ligação da 5ª e 7ª Léguas. O restante do mapa, em tinta nanquim, mostra o efetivo traçado da “Sede Dante” [área urbana] na época, que diferencia-se ligeiramente do planejamento anterior existente para a área urbana, de 1878.
José Cândido de Campos Júnior foi o 4º Intendente de Caxias.Natural de Santo Antonio da Patrulha. Advogado e promotor de justiça, foi intendente da Vila de Santa Teresa de Caxias entre os anos de 1895 e 1902. Foi grão-mestre da loja maçônica Força e Fraternidade.Vila de Santa Teresa de Caxias, RS. [1892]. Autoria Studio Geremia (Reprodução do original de Barros). Fundo Metalúrgica Abramo Eberle S.A. Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
Retrato de Rodolfo Félix Laner. O tirolês chegou a Sede Dante em 1876, fez parte da Junta Governativa no período de 1891. Em requerimento de 1895 ao Conselho Municipal, pedia o reconhecimento de “primazia”, como primeiro comerciante e industrialista da Colônia Caxias, recebendo o título. 
[Vila de Santa Teresa de Caxias], RS. [c.1890]. Autoria Francisco Muscani.
Fundo João Spadari Adami. Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
Retrato de Rodolfo Félix Laner. O tirolês chegou a Sede Dante em 1876, fez parte da Junta Governativa no período de 1891. Em requerimento de 1895 ao Conselho Municipal, pedia o reconhecimento de “primazia”, como primeiro comerciante e industrialista da Colônia Caxias, título que ele recebeu. [Vila de Santa Teresa de Caxias], RS. [c.1890]. Autoria Francisco Muscani.Fundo João Spadari Adami. Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.

A Pérola das Colônias

No ano de 1897, o presidente do Estado, Júlio de Castilhos, em visita à Caxias, apelidara-a de “Pérola das Colônias” em reconhecimento ao seu florescimento, prometendo à comunidade local, a construção de uma estrada de ferro. No limiar do século XX no Município de Caxias havia 16 mil habitantes. A produção agrícola e industrial era diversificada, atendia as necessidades de subsistência e gerava excedente para outros mercados, especialmente São. Sebastião do Caí e os Campos de Cima da Serra. A agricultura e a indústria incorporaram novas tecnologias, buscando mercados cada vez mais distantes. Com esse intuito, os produtores locais participavam de feiras e exposições realizadas em Porto Alegre. Caxias se destacava como um centro produtor de vinhos, de gêneros alimentícios e de artefatos industriais, assumindo a liderança dos municípios da região. Entretanto, a prometida estrada de ferrovia não chegava, então, produtores e comerciantes se uniram para exigir das autoridades a estrada de ferro e melhores condições para a produção.

Em 1905, iniciou a construção do ramal ferroviário que ligaria Caxias a Porto Alegre e a outros centros urbanos. Enquanto esperava pelo trem, a Vila ansiava ser cidade.

Referências

  • Foto de Capa: Vista panorâmica da vila, montagem com 3 fotografia pertencentes ao Álbum Recordação das Colônias. Vila de Santa Teresa de Caxias, RS. [1885-1895]. Fundo Arquivo da Diretoria da Colônia Caxias e da Comissão de Terras e Medição dos Lotes. Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
  • ADAMI, João Spadari. Historia de Caxias do Sul 1864-1962. Caxias do Sul: São Miguel, 1962.
  • ANTUNES, Duminiense Paranhos. Documentário histórico do município de Caxias do Sul: 1875-1950. Caxias do Sul: Arte Graf. Impr., 1950.
  • BRAMBATTI, Luiz E. Estrada Rio Branco: o caminho da emancipação. Caxias do Sul, RS: Quatrilho Editorial, 2015.
  • GIRON, Loraine Slomp. Caxias do Sul: evolução histórica. Caxias do Sul: Prefeitura Municipal, 1977.
  • HENRICHS, Liliana Alberti (org). História de Caxias do Sul. Caxias do Sul, RS: Secretaria da Cultura, 2012.
  • HERÉDIA, Vania Beatriz Merlotti. Processo de Industrialização da Zona Colonial Italiana. 2a Ed., ampl. Caxias do Sul, RS: Educs, 2017.
  • MACHADO, Maria Abel. Construindo uma Cidade: história de Caxias do Sul (1875-1950). Caxias do Sul, RS: Maneco Livraria & Editora, 2001
  • NASCIMENTO, Roberto R. F. do. A formação urbana de Caxias do Sul. Caxias do Sul, RS: Educs, 2009.