Suposições sobre a alma

A alma é muito difícil de conceituar. Tudo que sabemos dela é muito contraditório. Aparentemente, o único consenso sobre a alma está relacionado à apercepção da nossa capacidade de pensar. Ela é tida como evidência de que há “algo imaterial”, capaz de pensar e controlar corpos. Este pensamento foi imortalizado na frase “Penso, logo existo.” Em outras palavras, para muita gente a apercepção da capacidade de pensar é uma prova definitiva da existência da alma. Algumas pessoas acham o mesmo com relação à animação ou vida. Talvez seja por isto que a palavra alma tem a sua origem em “nephesh” do hebraico e “animu” do latim que significam “vida ou criatura” e “o que anima” respectivamente.

A percepção da alma é comum às culturas humanas, mas cada uma delas vê a alma sua maneira. Exemplo: Ela é vista pelas religiões como aquilo que capacita os indivíduos a viverem e a fazerem coisas complexas; Os materialistas acham que ela surge e morre junto com a vida orgânica material, ou seja, eles acham que a alma é efeito e não causa; Os panteístas já acham que há apenas uma alma no universo, que os novos seres absorvem uma parte dela ao nascerem, que após a sua morte ela se reunifica ao todo; os espiritualistas acham que a alma é individual, imaterial e causa (não efeito), o que lhe permite resistir à morte.

As diferenças geralmente chamam mais atenção do que as semelhanças, mas no caso da alma devemos prestar atenção aos seguintes pontos: a suposição materialista é incoerente, pois tenta respeitar as leis da natureza, mas a sua premissa é apenas uma suposição, pois não há evidência alguma de que a alma seja efêmera; a suposição panteísta desrespeita as leis da natureza, pois parte premissa que a alma e a matéria pertencem a mundos distintos, mas não prova isso; a suposição espiritualista repete o erro da panteísta, pois ela assume a mesma coisa. Em outras palavras, tudo que se diz sobre a alma é apenas suposição ou especulação, pois nenhuma das premissas utilizadas é empírica.

A suposição materialista exclui as demais suposições em prol da alma porque impossibilita que algo possa existir antes da formação de qualquer entidade material. Isso ocorre porque ela se baseia na visão científica, que não consegue conceber algo dissociado das leis da natureza nem achar provas de que a alma sobrevive fora do corpo. A visão ocidental da alma deve muito a Sócrates, filósofo que viveu de 470 a.C. - 399 a.C. Para ele, a alma era imaterial, indivisível, ética, dotada de sentido, vontade, liberdade e inteligência. Obviamente, esta visão e crença se estabeleceram porque é muito difícil aceitar que a morte seja o fim do “eu”. É muito mais fácil acreditar na imortalidade da alma ou na reencarnação do que suportar a insegurança gerada pela ignorância.

A crença de que a alma é imaterial e apartada da matéria é extremamente nefasta para a humanidade. Ela contribui para a formação de culturas intolerantes para com os valores alheios. Isto acontece porque a separação da alma e da matéria possibilita a existência de um mundo que não está sob as leis da natureza. Esta possibilidade favorece o aparecimento e a aceitação de explicações sobrenaturais. Explicações sobrenaturais diferentes geram culturas com crenças e valores divergentes. Pronto, está formado o principal componente dos conflitos culturais.

Há muitas perguntas associadas à alma a serem respondidas. Exemplo: A alma existe? O que é a alma? Os animais têm alma? A alma é causa ou efeito? A alma precisa ser salva de algo? Para que as respostas destas perguntas sejam coerentes, a alma deveria ser “algo” cujas propriedades possibilitassem criar todas as entidades da natureza e não apenas os seres humanos. Caso contrário, faltaria explicar “o que anima” ou “dá vida” a tudo mais. Este “algo” deveria ser imaterial, mas capaz de materializar-se e ainda de construir todas as coisas físicas, químicas e biológicas do micro ao macrocosmo. Será que existe “algo” assim? Para descobrir isto eu sugiro a leitura da “Teoria do Big Brain”. A única obra que apresenta uma visão 100% lógica do mundo.