O Deus dos Cientistas

Os cientistas são vistos como ateus por muita gente. Contudo, muitos deles aceitam ou estão propensos a aceitar a existência de um Deus. Obviamente, as obras desse Deus não poderiam prescindir das leis da natureza, pois isto conflitaria com os conhecimentos empíricos. Em outras palavras, os cientistas somente têm motivos para rejeitar deuses cujas capacidades contrariem a lógica. Exemplo: Os cientistas não podem aceitar um Deus que tenha a capacidade de determinar inteiramente o nosso destino, pois isto anularia a nossa autonomia e nós seríamos apenas marionetes. Entretanto, há também aqueles cientistas que acham que tudo já está programado e que o livre-arbítrio é apenas uma ilusão. Divergências à parte, aceitar a existência de um Deus não é exclusividade de organização alguma.

Atualmente, muitos cientistas preferem acreditar que o universo surgiu de um “nada” que eles denominam de “vazio quântico”. No entanto, alguns deles estão chamando o "nada" de "Campo de Higgs", pois eles acham que o "nada" pode ser a fonte da realidade. Outros cientistas já acham que o “nada” é uma mente cósmica, ou seja, para eles o “nada” é a “mente de um Deus”, o Deus dos cientistas. O físico Paul Davies parece concordar com isto, pois para ele, tudo no cosmo revela intenção e consciência. Essa visão de Deus é mais lógica do que a usual, mas ela só merece credibilidade se for apoiada por uma boa argumentação.

O Deus dos cientistas e o das religiões são muito parecidos, pois ambos pressupõem a existência de dois mundos, um material e outro imaterial. Note que ambos desconsideram a possibilidade de que o “nada” possa se transformar em absolutamente tudo, devido este ser a única possibilidade de insumo para a criação dos seres materiais. Aparentemente, muitos dos cientistas se esqueceram que qualquer coisa quando decomposta ao seu extremo resulta em “nada”. Portanto, descobrir o que é o “nada” é um grande desafio, mas é imprescindível para que se chegar à verdade.

A capacidade construtora do "nada" está em absolutamente tudo. A principal evidência disso está no nosso próprio corpo. Toda matéria dele é substituída de tempos em tempos. As únicas coisas perenes nele são a nossa forma e o nosso “eu”. Isso significa que nós somos feitos de nada? Que o “eu” habita um lugar que ainda é desconhecido por nós? Essas são perguntas óbvias e, geralmente são respondidas com respostas óbvias, mas nem tudo que parece óbvio é verdadeiro.

A primeira pergunta que deveríamos fazer para saber algum Deus é viável, inclusive, o Deus dos cientistas, é a seguinte: O que é o “nada”? Pergunta essa que tem que ser respondida com muita precisão. Não importa quem a esteja respondendo. Caso contrário, teremos só mais uma especulação ou crendice. O melhor maneira de conferir a exatidão das respostas para essa pergunta é verificando se as propriedades que estão sendo atribuídas ao “nada” lhe permitiriam materializar e evoluir o universo, do micro ao macrocosmo. A primeira vista, isso parece impossível, mas a "Teoria do Big Brain" apresenta de uma forma inteiramente factível e bem detalhada uma resposta que cumpre todas essas exigências.