Gruta da Velha Duda é mapeada em Morro do Chapéu, Bahia

Post date: Jun 17, 2012 11:15:04 PM

Por Leda Zogbi.

No feriado de primeiro de maio, foi realizada uma nova expedição para o município de Morro do Chapéu, região central da Bahia, com o objetivo de mapear a Gruta da Velha Duda, uma caverna parcialmente explorada na nossa visita à região no último carnaval.

A caverna se encontra dentro de uma grande dolina, recoberta por uma floresta. Belo contraste com a vegetação árida do sertão baiano, ainda mais seca devido à estiagem que já perdura por quatro meses.

Há duas possibilidades para chegar ao fundo da dolina, um ressalto de mais de 10 m: pelas enormes raízes retorcidas de uma árvore que se fixou na rocha na beira do abismo, ou por corda. No primeiro caso, qualquer escorregão poderia ser fatal. Optamos, portanto, pela segurança da corda e dos equipamentos de vertical.

Enquanto ancorávamos a corda e descíamos, um por um (éramos 6 espeleólogos, 4 de São Paulo, 1 de Brasília e 1 de Salvador), um grupo de quatro jovens da região chegou no topo do abismo. Alegremente, cada um arremessou suas havaianas lá de cima, e em cinco minutos, todos eles estavam em baixo, sãos e salvos... Ainda estávamos descendo, quando uns 15 minutos depois eles voltaram e subiram pelas raízes... Que facilidade!

A entrada da caverna é impressionante: no meio do arco perfeito da boca há uma enorme estalagmite, com uns 8 m de altura, no início de uma descida bastante íngreme, coberta de blocos soltos.

Apesar de reconhecermos facilmente o calcário – horizontal, tipo “massa folheada” - que é o mesmo da Gruta do Cristal, constatamos que, apesar da proximidade geográfica, as duas cavernas se desenvolveram de maneira bastante diversa uma da outra. A Gruta do Cristal é uma caverna labiríntica com condutos retilíneos que seguem três direções bem definidas, uma verdadeira teia-de-aranha de condutos que se interceptam. A Gruta da velha Duda é composta por dois conjuntos de grandes salões: a sudoeste, os salões são cheios de blocos instáveis. Nas laterais paredões retos, impressionantes e ao fundo, belos cristais de gipsita; seguindo para norte há um salão gigantesco, completamente horizontal, com piso coberto por argila, um verdadeiro “campo de futebol” subterrâneo. No fundo dos salões (tantos para SO quanto para N), há longos e largos trechos de teto baixo.Foram necessários dois dias inteiros para mapear a caverna. Seu desenvolvimento linear não deve ultrapassar 1 km, mas as áreas e os volumes internos desta caverna são realmente impressionantes. Vale citar que encontramos uma pequena cobra a uns 300 m da entrada, em um dos salões a sudoeste: parecia ser uma jararaca.

Alem desta caverna, localizamos outras dolinas e cavernas com a ajuda da equipe da CPRM, que também estava presente na região e a quem gostaríamos de registrar os nossos agradecimentos. Ainda há muito o que fazer em Morro do Chapéu, a cada viagem, uma nova e boa surpresa...