O senso comum ou o bom senso é o guia do homem na solução de suas dificuldades diárias. É o discurso com o qual está habituado, orientando-o em seu dia a dia: "O bom senso é simplesmente o depósito intelectual indiferenciado resultante da série de experiências fecundas da espécie, do grupo social e do indivíduo, que se transmite em forma não-sistemática, por herança racional, e não em caráter de conhecimento refletido" (Vieira Pinto, 1979: 359).
O conhecimento ingênuo tem origem no enfrentamento diários dos problemas que afligem o homem. Do confronto com a realidade, o homem produz um "saber de direção", ou seja, um saber não-sistematizado, obtido sem qualquer planejamento rigoroso, no entanto, capaz de guiá-lo na busca de elementos indispensáveis para sua sobrevivência.
Por meio das observações do senso comum, o caboclo aprende a plantar e a colher na época apropriada e transmite esses ensinamentos a
seus filhos e netos. O caiçara aprende a conhecer o tempo: sai para pescar com bom tempo e retorna antes de a tempestade desabar, trazendo a rede cheia de peixes. O conhecimento ingênuo fornece aos indivíduos as noções de que se valem em sua existência cotidiana.
O conhecimento ingênuo é ditado pelas circunstâncias. É subjetivo, ou seja, permeado pelas opiniões, emoções e valores de quem o produz...
Fonte: SOUZA, Sônia M. R. de, Um outro olhar: filosofia, p. 58.
Na filosofia, o senso comum (ou conhecimento vulgar) é a primeira suposta compreensão do mundo resultante da herança fecunda de um grupo social e das experiências atuais que continuam sendo efetuadas. O senso comum descreve as crenças e proposições que aparecem como normal, sem depender de uma investigação detalhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas.
Quando alguém reclama de dores no fígado, esta pessoa pode fazer um chá de boldo que já era usada pelos avós de nossos avós, sem no entanto conhecer o princípio ativo (substância química responsável pela cura) das folhas e seu efeito nas doenças hepáticas. Ao mesmo tempo, quando atravessamos uma rua nós estimamos, sem usar uma calculadora, a distância e a velocidade dos carros que vem em nossa direção. Estes exemplos indicam um tipo de conhecimento que se acumula no nosso cotidiano e é chamado de senso comum e se baseia na tentativa e erro. O senso comum que nos permite sentir uma realidade menos detalhada, menos profunda e imediata e vai do hábito de realizar um comportamento até a tradição que, quando instalada, passa de geração para geração.
No senso comum não há análise profunda e sim uma espontaneidade de ações relativa aos limites do conhecimento do indivíduo que vão passando por gerações; o senso comum é o que as pessoas comuns usam no seu cotidiano, o que é natural e fácil de entender, o que elas pensam que seja verdade e que lhe traga resultados práticos herdados pelos costumes.
Existem pessoas que confundem senso comum com crença, embora sejam coisas bem diferentes. Senso comum é aquilo que aprendemos em nosso dia a dia e que não precisamos aprofundar para obter resultados, como por exemplo: uma pessoa vai atravessar uma pista; ela olha para os dois lados, mas não precisa calcular a velocidade média, a distância, ou o atrito que o carro exerce sobre o solo. Ela simplesmente olha e decide se dá para atravessar ou se deve esperar.
Logo, o senso comum é um ato de agir e pensar que tem raízes culturais e sociais.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Senso_comum
"Só achamos que as outras pessoas têm bom senso quando são da nossa opinião."
François La Rochefoucauld
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