ORIGAMI
A arte do origami ém tão antiga quanto o papel. Sua origem remonta ao primeiro século da era cristã. Somente no século VI monges budistas introduziram essa arte no Japão. As primeiras dobraduras datam desse século. E lá receberam o nome de origami.
Pelo fato de, naquela época, o papel ser artigo de luxo, o origami era um entretenimento exclusivo da nobreza. e foi assim até muitos séculos depois, quando o papel ganhou um preço mais acessível e se popularizou.
O documento impresso mais antigo que se conserva ainda hoje sobre o origami data do século XVIII.
O origami chegou então aos árabes, que levaram essa prática para a Europa. Mais tarde essa arte se estenderia pelo resto do mundo, especialmente nos Estados Unidos e no Brasil.
Garças pela paz: uma bonita tradição
Dez anos depois que a bomba atômica foi lançada em Hiroshima, no Japão, os sobreviventes desse terrível fato começaram a descobrir que as consequências não desapareceriam tão rápido.
Muitas crianças sobreviventes começaram a sofrer de leucemia, um câncer no sangue causado pela radiação. Entre elas, encontrava-se a pequena Sadako Sasaki.
Enquanto estava hospitalizada, ela fazia origami. Seu objetivo era conseguir dobrar mil garças (sembarazu), antiga crença japonesa que tradicionalmente garantia um desejo. O dela era curar-se.
À medida que a saúde piorava e aumentava o número de garças, seus pensamentos desviaram-se da própria salvação para a paz mundial. Sadako morreu quando completou 644 garças. Antes do enterro, seus companheiros completaram as mil garças, que deixaram como recordação em sua tumba.
Pouco tempo depois, foi levantado, em Hiroshima, o Monumento à Paz, e começou uma tradição: todos os anos, crianças do mundo todo enviam suas garças para serem colocadas no monumento no dia 06 de agosto.
Disponível em: <http://icarito.tercera.cl/enc_virtual/cultura/origami/pag4.html>
VIAGEM
A palavra viagem
vai levando a gente
longe, longe, longe...
Pelos países mais distantes,
pelas ilhas e praias selvagens,
por terras, mares e ares.
A palavra viagem
viaja em garupa de cavalos alados
ou na carona dos sonhos.
José, Elias. O jogo das palavras mágicas.
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
( a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
A INCAPACIDADE DE SER VERDADEIRO
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe colocou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
- Não há nada a fazer, dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. Contos plausíveis. p 34