Estudos em Tenebrionidae

A família Tenebrionidae Latreille, 1802 está inserida na superfamília Tenebrionoidea Latreille, 1802 sendo a família mais diversa dentre os Tenebrionoidea.

Com cerca de 1.700 gêneros e 18.000 espécies distribuídas pelo mundo, 478 gêneros e 4.624 espécies na região neotropical, dos quais existem aproximadamente 147 gêneros e 1.234 espécies no Brasil (Costa, 2000). São popularmente conhecidos como “The darkling beetles” no inglês.

Atualmente Tenebrionidae é constituída por 96 tribos e 10 subfamílias das quais: Lagriinae (fig. 1),

Nilioninae (fig. 2), Alleculinae, Tenebrioninae, Phrenapatinae, Diaperinae, Pimeliinae, Coelometopinae ocorrem no Brasil. Cossyphodinae e Zolodininae sem distribuição no Brasil (Bouchard et al., 2005; Casari & Ide, 2012). Por causa das várias exceções que existem na maioria dos caracteres, esses besouros são normalmente difíceis de serem reconhecidos como uma família,por isso exigindo mais estudos.

A família crescera muito nos últimos anos, com a inclusão de grandes grupos como Lagriinae, Alleculinae e Nilioninae que já foram considerados famílias distintas e, hoje em dia são subfamílias de Tenebrionidae tornando o grupo ainda mais diverso.

Entretanto, usando uma combinação de características de suas fases adultas e larvais, eles são relativamente fáceis de serem distinguidos de outros Tenebrionoidea (Aalbu et al., 2002).

Os tenebrionídeos são fundamentalmente detritívoros, alimentando-se de matéria de origem vegetal ou animal em decomposição (húmus, folhiço, madeira podre, carniça, excremento). Algumas larvas vivem no solo alimentando-se de raízes e sementes; enquanto outras vivem em área de mata e especializaram-se em comer fungos ou são predadoras facultativas. De acordo com o hábitat,podem ser classificadas em dois grupos: xilófilas, que ocorrem em madeira podre, associadas no câmbio e aos espaços subcorticais, e geófilas, que ocorrem no solo e no folhiço. As pragas de produtos armazenados são predominantemente de origem arbórea (Marinoni et al., 2001).

Os representantes dessa família são também comuns em regiões tão inóspitas que a temperatura ambiente atinge, não raro, mais de 60ºC durante o dia e até -30ºC à noite, devendo-se notar que o índice de precipitação pluviométrico nessas regiões varia de zero a 30mm por ano. Para melhor suportar estes extremos contrastes térmicos, geralmente estes besouros desertícolas são ápteros e apresentam um verdadeiro “colchão de ar” isolante entre seus élitros bulbosos e o corpo.

Muitos tenebrionídeos habitantes de regiões desérticas recorrem a uma engenhosa estratégia para mitigar sua sede; durante a noite, quando a temperatura abaixa consideravelmente, eles se deslocam para os topos das dunas e se posicionam com a cabeça baixa e o corpo a 60º de inclinação, aproximadamente. Nesta posição começam a vibrar seus corpos e o orvalho lentamente se condensa na superfície de seus tegumentos. Decorrido algum tempo praticando esse procedimento forma-se uma gota, que escorre para a cabeça e então o inseto a sorve saciando-se (Godinho Jr., 2011).

Algumas espécies de tenebrionídeos são consideradas pragas em plantações, e também em depósitos de cereais e farinha, sendo prejudicados pelas larvas e insetos adultos.

Tenebrio molitor (fig. 3) conhecido dos criadores de aves,por suas larvas servirem de alimento.

Normalmente é encontrado em depósitos de farinha e cereais. Tribolium castaneum é econtrado principalmente em plantações de milhos e em algumas remessas de farelo de milho já foram observadas grandes infestações. É abundante a literatura relativa a essas 2 espécies,pois estes insetos,pela facilidade que se criam,são cobaias de laboratórios que realizam pesquisas de fisilogia de insetos (Lima, 1955).

Tenebrionidae da Ilha Grande

O estudo dos tenebrionídeos de Ilha Grande faz parte do projeto Sistemática e Evolução de Grupos Megadiversos de Coleoptera, que compreende diversos grupos de estudo em Coleoptera. Este projeto visa elucidar a taxonomia deste grupo em área de Mata Atlântica, um dos 25 hotspots reconhecidos pela sua biodiversidade e como prioridade para a preservação. Este estudo fornecerá os primeiros dados acerca desta família de Coleoptera para a região de Mata Atlântica. O trabalho de identificação de Tenebrionidae é muito dificultado visto que o número de especialistas do grupo ainda é muito reduzido quando comparado com a grande diversidade existente.

Neste contexto, está sendo realizado um estudo morfológico das espécies coletadas na Ilha Grande com o objetivo de se obter uma lista inicial das morfoespécies de Tenebrionidae. que futuramente proporcionem uma melhor definição dos grupos e espécies estudadas.

Bibliografia:

- Aalbu, R. L. ; Triplehorn, C. A. ; Campbell, J. M. ; Brown, K. W. ; Somerby R. E. and Thomas, D. B. , 2002. In: R.H. Arnett, Jr, M.C. Thomas, P.E. Skelley and J.H. Frank (eds.) Volume II. American Beetles. Polyphaga: Scarabaeoidea through Curculionoidea. CRC Press, Flórida.

- Marinoni, R. C. ; Ganho, N. G. ; Monné, L. M. ; Mermudes, J. R. M. , 2001.Hábitos Alimentares em Coleóptera (Insecta), 2001. Holos, Editora , Ribeirão Preto.

- Godinho, C. L. Besouros e seu mundo, 2011. Technical Books Editora

- Lima, C. A. Insetos do Brasil, 1955. Escola Nacional de Agronomia Série Didática n. 11

- Costa, C. ; Estado de Conocimiento de los Coleoptera Neotropicales. PrIBES 2000

- Bouchard, P. ; Lawrence, J. F. ; Davies, A. E. ; Newton, A. F. Synoptic Classification of the World Tenebrionidae (Insecta: Coleoptera) With a Review of Family-Groupe Names. Annales Zoologici (Warszawa), 2005, 55(4): 499-530

Erich SpiessbergeR