Estudos em Passalidae

A Família Passalidae está inserida dentro de Scarabaeoidea com 58 gêneros e pouco mais de 700 espécies, destas 06 gêneros e 101 espécies para o Brasil. Atualmente Passalidae constitui-se por duas subfamílias e sete tribos.

A subfamília Aulacocyclinae compreende duas tribos Aulacocyclini e Ceracupini e a Passalinae cinco tribos: Leptaulaciclini, Macrolinini, Solenociclini, Passalini e Proculini.

Apresentando distribuição Pantropical e caracteristico endemismo de blocos continentais a família espelha as relações baseadas na tectônica de placas desde o Jurássico associado ao registro fóssil (Boucher, 2006).

Os passalídeos são aparentemente um grupo morfologicamente homogêneo, de coloração geralmente preta, hábitos silvestres e herbívoros detritívoros, considerados como componentes importantes na decomposição de troncos caídos, onde encontram alimento e refúgio (Reyes-Castillo, 1970).

Alguns estudos relatam a importância do uso dos passalídeos como bioindicadores para a determinação de áreas prioritárias para a conservação (Schuster & Can, 2006). Eles apresentam comportamento sub-social onde, nos troncos, mantêm sistemas de galerias nos quais são encontrados os adultos (parentais) com suas larvas, e pupas no tronco e às vezes na mesma rede de galerias (Reyes-Castillo & Halffter, 1984).

Em Passalidae existe entre os adultos, juvenis e larvas uma complexa comunicação acústica específica de cada espécie. Com a produção de sete tipos diferentes de som e 13 sinais acústicos, todos subdivididos em quatro contextos comportamentais (Schuster, 1983).

Como parte dos projetos de pesquisa em andamento no grupo Coleoptera terrestria temos a família Passlidae e dados interessantes para o bioma Mata Atlântica como por exemplo novos registros para as localidades estudadas.

Passalide da Ilha Grande (Angra dos Reis, Rio de Janeiro)

Como parte do Projeto Diversidade de Coleoptera da Ilha Grande está o estudo dos passalídeos os quais foram coletados após o exame minucioso de troncos caídos nas trilhas da Parnaioca, Jararaca, Cavalinho e do Caxadaço em Vila Dois Rios, Ilha Grande no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro. A identificação de Passalidae é dificultada pela escassez de especialistas no grupo e acesso a coleções científicas bem representadas.

Entre os exemplares coletados durante o ano de 2008 para a família Passalidae todos pertencem a subfamília Passalinae corroborando dados da literatura. Destes, identificamos um único gênero para a tribo Proculini, Veturius e quatro espécies. Para a tribo Passalini, os gêneros (n° de espécies): Passalus (7), Spasalus (2) e Paxillus (1).

Por Ingrid Mattos

Agradecimentos a Clayton P. de Souza pela ilustração do Passalidae acima.

BOUCHER, S. 2006. Evolution et phylogenie des Coleopteres Passalidae (Scarabaeoidea). Ann. Soc. entomol. Fr. (n. S.), 41 (3-4): 239-604.

REYES-CASTILLO, P. & HALFFTER, G 1984. La estructura social de los Passalidae (Coleoptera: Lamellicornia). Folia Entomologica Mexicana 61: 49-72.

SCHUSTER, J. C. 1983. Acoustical signals of passalid beetles: Complex repertoires. Florida Entomologist, 66: 486-496

SCHUSTER, J. C. 1985. Pasálidos como organismos indicadores de áreas bióticas para el estabelecimento de reservas biológicas. Memorias del Primer Congreso Nacional de Biologıa, Guatemala 1984. Universidad de San Carlos de Guatemala 161–169.

SCHUSTER, J. C. CANO, E. & CARDONA, C.. 2000. Um método sencillo para priorizar la conservacion de los bosques nubosos de Guatemala, usando Passalidae (Coleoptera) como organismos indicadores. Acta Zool. Mex. 80: 197-209.

SCHUSTER, J.C. e CANO, E. 2006. What can Scarabaeoidea Contribute to the Knowledge of the Biogeography of Guatemala?. Coleopterists Society Monography Number 5: 57 – 7.

Para maiores esclarecimentos e acesso as referências citadas: