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03/04/08 Comentários

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De: Floriano Salvaterra (T93)

Caros colegas iteanos,

Estive presente à palestra do Luiz Perrone (T64) e atual Vice-Presidente da Brasil Telecom. Apresento, abaixo, o relato do que vi e ouvi.

Começamos o encontro do Perrone com novidades. Nosso colega Marco Paulo (T95), Gerente da Smarttech (www.smarttech.com.br), fez uma rápida apresentação da empresa dele e disse: "Estamos contratando!"

Carlos Henrique Moreira do Conselho da EMBRATEL apareceu para prestigiar e debater. Tércio Pacitti também. Perrone chegou cedo. Tirou o paletó e foi se juntar aos amigos no coquetel de boas vindas. Todos conversavam informalmente.

César Salim, T64, convidou o diretor do Instituto Gênesis da PUC (www.genesis.puc-rio.br) , José Alberto Aranha e, ainda, cumprimentou Perrone pelo contrato assinado entre Brasil Telecom e uma empresa daquele Instituto. Carlos Henrique se mostrou sensível à causa da incubadora da PUC tocada por Salim. É iteano ajudando iteano. Isto é networking!

Perrone começa a palestra, dizendo: "Eu desejava morar fora por uns tempos!" Logo que se formou buscou essa meta. Conseguiu uma bolsa com o governo francês, mas não tinha certeza de quando iniciaria. Começou no DENTEL – Departamento Nacional de Telecomunicações. Ficou 4 meses. Veio a bolsa de estudos em agosto de 1965, saiu do DENTEL e foi para a França.

Após um ano, bolsa encerrada, queria ficar mais. Queria aprender alemão. Conseguiu com um instituto de intercâmbio alemão e com a empresa ROHDE & SCHWARZ uma bolsa de estudos e o respectivo estágio remunerado. Mais um ano. Antes de ir da França para a Alemanha, recebeu uma ligação do Carlos Henrique: "Perrone, acabo de começar no DENTEL. Quer trabalhar comigo?". Ele agradeceu, justificou que estava aprimorando sua formação, recusou e seguiu para Munique na Alemanha. Queria permanecer na Europa por mais um tempo.

Já em 1967, de volta ao Brasil, bateu à porta de Carlos Henrique. Foi contratado no mesmo dia. Do DENTEL foi para a EMBRATEL em 1968, no inicio de uma gestão que interligou todo o pais.

Depois disso, ainda voltou para o exterior, trabalhou com satélites (sua verdadeira cachaça) e chegou ao cargo de Diretor da INTELSAT nos EUA em 1995.

Nesta época, conheceu o Ministro Sergio Motta. Perrone estava na China, negociando com fornecedores, quando recebeu uma ligação de um assessor do Ministro, dizendo que ele gostaria de entrevistá-lo. Já em Brasília, em Janeiro de 1995, aguardou 3 horas para falar com o Ministro, ouviu-o, sem poder falar, por mais uma hora e, ao final, foi convidado para trabalhar na Embratel. Aceitou.

Após a criação da ANATEL, 1997, o mesmo Ministro Sérgio convidou-o para lá. Ele negou, negou e negou. O Ministro o levou. O Ministro Sergio Motta já dizia: "Um país para se desenvolver tem que ter Telecomunicações".

Entre 1995 e 1997, estudaram os modelos possíveis de telecomunicações para o país. O Brasil estava quebrado e o custo de implantação da infra-estrutura em telecomunicações era muito alto. Como trazer capital? Só vindo de fora e deixando claras todas as "regras do jogo" e tendo uma agência de controle. A privatização das telecomunicações do Brasil não foi ideológica, foi pragmática. Foi, então, desenhado o Plano de Telecomunicações do Brasil para os 10 anos seguintes (até 2005). Em julho de 1998, a TELEBRAS foi privatizada.

Um pouco da história da EMBRATEL...

Na década de 60 a EMBRATEL recebeu a incumbência de ligar todo o Brasil. Cumpriu.

As décadas de 60 e 90 foram muito importantes para o Brasil quando se instalou infraestrutura de comunicações em todo o Brasil e se criou um moderno arcabouço legal, inclusive modificando-se a Constituição, para as Telecomunicações, permitindo a privatização e conseguindo, como consequencia a universalização dos serviços. Quem não se lembra das filas para telefones, do mercado negro, dos anuncios de jornal, do luxo que era possuir um celular tudo isto há menos de 10 anos atrás?

Depois deste surto de desenvolvimento, nota-se a falta de um novo Plano de Telecomunicações para o Brasil para os próximos 10 anos. Não há gente pensando nem motivação no governo para tal planejamento. telecomunicações!"

Hoje é o mercado que está buscando o futuro! Ou seja, quem está direcionando os acontecimento são as forças do mercado e não o governo. Isto pode levar a uma situação indesejada, pois os interesses dos diversos participantes do mercado poderão se sobrepor aos interesses globais do pais.

Perrone e Moreira afirmaram: Hoje, Telecomunicações é a única área de Infra-estrutura do país que não causa problemas para o governo. Funciona e arrecada 40 bilhões anuais de impostos!!!

Telefonia fixa e móvel...

Telefonia fixa não tem como crescer. É muito investimento para pouco retorno. O futuro é um dispositivo com cara de Palm Top, com banda larga, internet, musica, vídeo etc. Nesse momento, Carlos Henrique discorda: "A demanda está acima da banda. A tecnologia 3G tem banda limitada. Logo, logo vai saturar! A fibra óptica é a solução!"

Outro comentário sobre a situação economica do setor foi que as ações das empresas de Telecom ainda não retornaram ao valor de mercado, após 10 anos da privatização. Agora é que estão chegando de volta ao patamar da época. Hoje,o numero de terminais celulares já é mais do que o dobro dos teminais da telefonia fixa, a receita da telefonia móvel está quase empatada com a da telefonia fixa e dentro em breve os respectivos tráfegos também estarão nos mesmos niveis no Brasil.

Internet no Brasil...

Em 1995, quando a nova Diretoria foi empossada na EMBRATEL pelo Ministro Sergio Motta, ele levou todos para uma apresentação ao Presidente da República. Após a apresentação, ele, reunido com a Diretoria, disse que demitiria todos que tentassem implantar o monopólio da internet no Brasil. Soube-se depois que o Ministro teve acesso a um documento interno da EMBRATEL que tratava do tema. Assim, não só a Embratel, mas todas as empresas estatais foram impedidas temporariamente de prestar serviços de Internet, que no Brasil foram definidos como serviços de informação, não sendo portanto regulados pelas regras de telecom. O resultado desta decisão foi que, em1996, um ano após o inicio da internet no Brasil, explorado por empresas privadas de diversos portes, havia-se criado aproximadamente 10 mil empregos (prestadores de serviço de acesso a grande rede). Naquela época, esse número de empregos significava uma nova EMBRATEL, que possuía 8 mil funcionários. Mesmo que se quisesse o monopólio, a EMBRATEL não teria estrutura para atender a demanda de mercado que se gerou rapidamente no Brasil.

Finalizamos com bate-papo final no coquetel, agora, de despedida. Agradeço ao Salim pelo espaço, ao pessoal do coquetel alto-nível e ao Carlos Teixeira pelas fotos e filmagem.

Desejo boa sorte ao Marcos Paulo da Smarttech.

Senti falta do Fernando Coelho, meu escritor preferido.