Maria Conceição de Lima
Bruna Galvão - Thays Beira
Bruna Galvão - Thays Beira
Maria Conceição Aguiar de Lima. Recorte de imagem. Bilhete Postal da Escola Profissional Feminina, 1917. Sépia. Acervo: CECAGV. In: (CADORI, 2015, p. 138)
Maria Conceição Aguiar de Lima, nasceu em 1870, foi aluna e esposa do português e artista plástico Antônio Mariano de Lima, fundador da “Escola de Bellas Artes e Indústria.” Maria assumiu a direção da escola em 1901 e permaneceu no cargo até 1906. Maria Aguiar e Antônio Mariano se casaram em 08 de dezembro de 1899, ano em que a artista estava adoentada em Paranaguá. A cidade passava por uma epidemia de varíola na época, o que preocupava Mariano quanto a saúde de sua esposa e a possibilidade de visitá-la. O casal teve apenas um filho, Dario Beryllo Aguiar de Lima.
Para que Maria conseguisse chegar ao cargo de direção da escola, um longo e árduo caminho foi preciso percorrer pela pintora. Tudo começou quando se matriculou na Escola de Belas Artes e Indústria, em 1888, aos 18 anos. Maria, assim como todos os alunos, frequentou aulas de desenho, história, estética, anatomia e perspectiva.
Devido ao seu desempenho, no concurso da escola em 1891, foi premiada com o Prêmio Emílio de Menezes, no valor de setecentos e cinquenta mil réis. Após saber do prêmio, a artista demostrou interesse em estudar na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, porém, infelizmente ao que tudo indica, o doador não realizou o pagamento, impossibilitando os planos da artista.
Maria se tornou referência na utilização da litografia, técnica essa que precisava ser produzida em uma oficina, o que aumentou a presença de mulheres nesses ambientes essencialmente masculinos. Maria teve uma produção muito grande entre seus colegas, outro fator importante para seu reconhecimento e importância na arte feminina paranaense.
Depois de Mariano de Lima deixar Curitiba, segundo a pesquisadora Sabrina Cadori, "a Escola de Belas Artes e Indústrias do Paraná foi se alterando gradativamente ao longo dos anos, ficando sob a responsabilidade de Maria da Conceição Aguiar de Lima que, enquanto aluna, da Instituição, obteve destaque e provavelmente já então ajudava o professor nas tarefas. Essa sucessão estaria relacionada, entre outros aspectos, a esse sistema de formação docente que acontecia durante o processo de um aluno monitorar os demais" (2015, p. 136).
Interior da sala da Diretoria da Escola Profissional Feminina, 1916. Fotografia, p&b. 16,5 x 22 cm. Coleção: Julia Wanderley. Acervo: FCC. In: (CADORI, 2015, p. 138) Maria Conceição Aguiar de Lima é a figura ao centro.
Bilhete Postal da Escola Profissional Feminina, 1917. Sépia. Acervo: CECAGV. In: (CADORI, 2015, p. 138)
Enquanto diretora da escola, Aguiar fez sempre o que estava ao seu alcance para inserir os trabalhos das alunas em espaços expositivos presentes na cidade. Sob sua direção a escola mudou de nome, passando a se chamar Escola Profissional Feminina de Curitiba, quando para CADORI passou a "oferecer uma opção diversa à educação difundida na Escola Normal de preparação das meninas professoras. Pois, conforme seu processo de reformulação e reorganização preparou-se para convergir às tendências do campo profissional destinado à mulher, diverso do que se pretendia com o magistério" (2015, p.139).
Maria Conceição Aguiar de Lima foi reconhecida como:
“uma artista capaz de transformar um pedaço de tela pálida num trecho eloquente da natureza” (CORREIA, A República, 158 mar. 1893, p. 1).
Na atualidade, é reconhecida pela pintura a óleo que retrata a Baronesa do Serro Azul, obra que compõe o acervo do Museu Municipal de Arte de Curitiba - MuMA.
Retrato da Baronesa do Serro Azul, Pintura - óleo sobre tela, 74,5 x 59 cm
Maria Conceição Aguiar de Lima era hábil com o desenho e com a Litografia, como pode ser observado na figura abaixo que representa a fachada da Escola Normal, em que a artista "realizou um trabalho de hachuras diferenciando as texturas das superfícies. A hachura é uma técnica que se utiliza de linhas paralelas ou cruzadas que sugerem sombreamento, podendo ser aplicadas tanto no desenho quanto na gravura, bem como na pintura a têmpera". (CHILVERS, apud. CADORI, 2015, p. 175). Neste desenho podemos ver a ótima técnica de representação do espaço tridimensional, com seus volumes, claro e escuro, e, proporções bem acertadas, que contribuem para a formação de um conjunto harmõnico de representação da cena e das figuras transitórias.
LIMA, Maria Conceição Aguiar de. Escola Normal, 1895. Litografia, p&b. Fonte: A ARTE (1895, p. 85).
In: (CADORI, 2015, p. 138)
CADORI, Sabrina Rosa. Entre lápis e pincéis: o ensino de desenho e pintura na Escola de Belas Artes e Indústrias do Paraná (1886-1917). / Dissertação (Mestrado em Educação) - Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2015.
MELLO, Graciele Dellalibera de. Educação Artística e Mulheres no Paraná: da sociabilidade à profissionalização (1849 – 1913). Tese (Doutorado em Educação) - Setor de Educação, Universidade Estadual do Paraná, Curitiba, 2023.
SANTANA, Luciana Wolff Apolloni. Escola de Belas Artes e Indústrias do Paraná: o projeto de ensino de artes e ofícios de Antônio Mariano de Lima Curitiba, 1886 – 1902. Dissertação (Mestrado de História e Historiografia da Educação) - Setor de Educação, Universidade Estadual do Paraná, Curitiba, 2004.