História Évora

Évora situa-se no coração da peneplanície alentejana, na confluência de três importantes bacias hidrográficas – Tejo, Guadiana e Sado –, ponto de cruzamento milenar de vias e rotas comerciais que ligavam e ligam o litoral ao interior peninsular, o norte ao sul.

A região de Évora é um território antigo, com vestígios de ocupação humana desde a pré-história.

A posição geográfica privilegiada pode explicar, em parte, a importância que a cidade adquiriu desde a antiguidade, centro político e social de todas as civilizações que marcaram o atual território português.

Durante o período romano, Évora adquiriu o estatuto de município de direito latino e a designação honorífica de Liberalitas Julia. Este período caraterizou-se por um desenvolvimento notável a nível económico e artístico, como o comprovam os vestígios monumentais que sobreviveram até à atualidade.

Os domínios visigótico e muçulmano permanecem, em grande parte, obscuros. A cidade manteve, no entanto, a sua importância como centro urbano regional. No final do período islâmico a cidade era grande e populosa: possuía duas mesquitas, uma intensa atividade comercial e um termo fértil, com produção agrícola diversificada.

A conquista de Évora em 1165 e a sua integração no reino de Portugal foi um ponto de viragem na sua história. A cidade irá gradualmente assumir a posição de principal centro urbano do sul do país, importante centro religioso, político e militar.

A construção da Catedral, imponente edifício que marca toda a paisagem circundante e constitui um exemplar arquitetónico sem paralelo no gótico nacional, foi a primeira obra notável do período português. Ao longo da Idade Média a fundação de igrejas e mosteiros estruturaram o espaço urbano, que cresceu ao longo das antigas vias e caminhos de acesso à cidade e extravasou o antigo recinto muralhado, enquanto a Praça Grande (hoje do Giraldo) se transformou, progressivamente, no espaço urbano principal. A Mouraria e a Judiaria localizavam-se a norte e a poente da cerca velha, respetivamente.

O crescimento da cidade impôs a edificação de uma nova muralha no século XIV, que será durante séculos o seu limite físico.

A partir do reinado de D. João I, Évora assumiu um papel importante na vida do país, sendo residência frequente da corte e considerada a segunda cidade do país. No final do século XV a população rondaria os 10.000 habitantes.

O século XVI é considerado o século de ouro da cidade – reconstruiu-se o Convento de S. Francisco e instalou-se o Paço Real, foi fundada a Universidade, várias igrejas e palácios. A construção do Aqueduto da Água de Prata alterou a imagem global da cidade, estruturou vários setores urbanos e originou a abertura de duas novas ruas. Neste período a estrutura urbana estava praticamente definida e a área intramuros quase totalmente ocupada. O eixo urbano principal, entre as Porta de Moura e a Porta Nova, estaria já consolidado.

Em 1637 eclodiu em Évora um levantamento popular de contestação à política da coroa espanhola – as chamadas “Alterações de Évora” – que alastrou a outras regiões do país e é entendido como um prenuncio da Restauração da Independência, de 1640. Depois de 1640, durante a Guerra da Restauração foi edificado um novo sistema defensivo, constituído por conjunto de fortificações e baluartes “tipo Vauban”.

O encerramento da Universidade, após a expulsão dos Jesuítas (1759), constituiu um rude golpe para a cidade, iniciando ou acentuando um processo de relativa decadência, que se prolongará até ao século XX.

Nos séculos XVII e XVIII a construção de grandes edifícios diminuiu, à medida que a importância e o prestígio da cidade entram em declínio, mas ocorreram reconstruções e renovações em edifícios existentes. Durante este período o velho casario popular é substituído por outros de caráter mais erudito.

Durante o século XIX e início do século XX um conjunto de intervenções transformaram o espaço urbano de Évora: a demolição total ou parcial de grandes edifícios históricos originou o aparecimento de novos largos, praças, ruas, jardins e a construção de equipamentos (teatro, correios, mercado). A perda irreparável em termos patrimoniais deve ser avaliada em face da necessidade de adaptar a cidade às novas exigências funcionais.