Três dias de terror
Estou pronta. Apanho a mochila, desço as escadas e saio em direção ao meu primeiro dia de aula. Na tão famosa e estranha, considerando o tamanho da cidade, Maître City High School, a única escola para adolescentes de toda a cidade.
Meu nome é Nora Vê, tenho 15 anos, e atualmente moro em Maître City, uma cidade pequena, cuja única fama se deve ao fato de que seus moradores têm o hábito de desaparecer misteriosamente e nunca serem encontrados.
Até dois messes atrás, eu morava New York, mas meus pais e sua sede de acontecimentos estranhos resolveram que deveríamos nos mudar para essa cidade esquisita. E aqui estamos. Fui transferida no meio do ano, da minha antiga escola para Maître City High School. Meu namorado, Liam, também se transferiu, como um gesto de boa fé e incentivo, dizendo o quanto seria legal.
Logo no dia em que cheguei aqui, conheci três garotas que me fizeram repensar sobre a cidade. Alisson, July e Katrina, viraram minhas amigas logo de cara. Era com elas que eu me encontrava nesse exato momento para enfrentarmos todas juntas o primeiro dia da volta às aulas.
- Então, preparada para o seu primeiro dia? -perguntou July.
- Nem um pouco. -Respondi
Chegando à escola, percebi o porquê Katrina passou tanto tempo reclamando da falta de escolas. Os corredores estavam lotados dos mais variados tipos de adolescentes, com roupas e estilos diferentes, alunos por todo canto gritavam e riam ao reencontrar seus amigos, ou contarem o que fizeram nas férias.
- Caramba, tem sempre que ser tudo tão bagunçado?! -reclamou Katrina.
- Pois é. -Disse Alisson. -E cadê os meninos já eram para eles terem chegado, não?
- Falando de nós? -Disse Levi.
Levi era o namorado de Katrina, vinha acompanhado de Liam, Thalisson, namorado da Alisson e Tony de July. Eram todos muito altos e bonitos, mas tinham a personalidade completamente diferente. Discordavam em quase tudo, mas nunca discutiam, e sempre acabavam rindo de tudo. Garotos!
- Aí estão vocês! Precisamos ajudar Nora e Liam a localizarem as salas – disse Katrina.
- Sempre dando ordens! -Provocou Levi.
- Não estou dando ordens, estou sendo uma boa amiga – Contra atacou Katrina.
O sinal então tocou sinalizando o início das aulas. Cada um foi para a sala de sua respectiva matéria. Eu, July e Liam tínhamos a primeira aula juntos, História, cuja a professora, a senhora Dots, uma senhora magra e de aparência intimidadora. Parecia um tanto nervosa e às vezes olhava os alunos com uma expressão triste, como se estivéssemos no funeral do parente de um deles, mas ela não sabia qual. Por mais estranho que pareça, todos os professores com quem tive aula, pareciam igualmente perturbados. Uns tristes, outros com raiva, e uns até nervosos como se estivessem sob enorme pressão.
Quando o sinal tocou para o final da aula, me senti bastante aliviada, a aula transcorrera bem, tinha acabado. Fora até bem fácil.
Encontramos-nos todos no final do corredor, aliviados. O primeiro dia acabou.
- Hey, galera, notaram algum professor agindo estranho?! -Perguntou July.
- Sim! –Responderam. Todos uníssonos.
- O professor Richards parecia prestes a matar alguém. -Disse Tony.
- É a professora Nim prestes a chorar. -Completou Alisson.
- E aí? Quem quer pizza?! -Perguntou Levi, mudando de assunto.
O resto do dia foi bem tranquilo, depois da pizza foram ao parque que tinha na cidade (que tinha virado quase um ponto de encontro, iam todo dia, desde que se conheceram, aquele parque). Depois de muitas brincadeiras, risadas e piadas sem graça, foram todos para casa se preparar para o dia seguinte, que por acaso todos tinham a impressão, por um motivo desconhecido, de que seria bastante complicado.
Na manhã seguinte, me aprontei e desci as escadas, ao passar pela cozinha, tive um estranho pressentimento de que por algum motivo iria precisar de alguma comida (peguei um pacote de bolinhos, suco, biscoitos recheados, salgadinhos, barras de cereal, bolacha de queijo e uma maçã), talvez tenha exagerado um pouco.
Ao chegar à escola, percebi imediatamente que algo estava errado. O estacionamento, sempre cheio de carros e estudantes, estava quase vazio.
Ouvi meu nome sendo chamado e me virei, lá estavam meus amigos, parecendo tão intrigados quanto eu.
- Nora, você chegou finalmente! Tem alguma idéia do que está acontecendo? –Perguntou a Alisson.
- Esperava que vocês soubessem me explicar. -Respondi
- Não saberemos se não entrarmos. -Respondeu Thalisson, cético.
Entrando na escola, consegui ver um fluxo maior de pessoas (mas ainda eram poucas). Todos pareciam estar em dúvida sobre o que estava acontecendo.
- Aí pessoal! Alguém sabe o que está acontecendo? -Perguntou Liam em voz alta.
Mas ninguém soube responder. Percebi que todos os alunos que vieram na esperança de que tivesse aula, estavam reunidos, ali no final do corredor. Como se tivesse medo de se afastar uns dos outros.
Foi então que uma voz vinda de alto falante disse, sobressaltando a todos:
- Bem vindos a Maître City High School, muito obrigado por comparecerem, vocês tornarão esse dia bem mais feliz, para quem eu não sei dizer! -A voz deu uma gargalhada que fez os pêlos da minha nuca arrepiarem. -Hoje vocês tornarão um trabalho de anos, finalmente possível. A única coisa que peço a vocês é que se forem morrer, que não seja de causas naturais, mas pelas mãos dos meus amiguinhos. -Quem são meus amiguinhos?! –Simplesmente, os parentes desaparecidos de muitos de vocês, mas com um pouco mais de emoção. Com isso eu quero dizer que estão todos mortos! -A voz deu risada, dessa vez com um ''quê'' de psicopata. -Eis as regras do nosso jogo. Se vocês perceberem, em todo o corredor existem portas que estão sempre fechadas, quando o sinal tocar, vocês devem, o mais rápido possível, se abrigarem em uma dessas portas, quem não conseguir, será o primeiro a morrer pelas mãos dos chamados esquecidos. As portas para sair da escola serão muito bem trancadas, para que nosso jogo seja algo particular, se alguém tentar entrar, morre. O sinal de seus celulares será desligado, a internet será cortada, ninguém poderá lhes ajudar. - A expressão de todos era igual e ao mesmo tempo diferente. Todos pareciam não acreditar no que estava acontecendo. -O jogo só acaba quando os esquecidos matarem todos ou a maioria de vocês. O outro sinal irá sinalizar o final do jogo, e os esquecidos recuarão ao som da minha voz. Pena que vocês não estarão vivos para ver. A sineta irá tocar e as portas se abrirão, corram e se escondam se conseguirem boa sorte. E que os jogos comecem.
Ao dizer isso, o sinal tocou, as portas se abriram, e ao longe se ouviu o barulho de várias pessoas correndo e gritando loucamente.
Eu, July, Alisson e Katrina, corremos para dentro da sala mais próxima, fechamos a porta. O barulho do lado de fora era arrepiante, alguns alunos, como nós seguiram as instruções da voz, outros não acreditaram e correram para os outros corredores sendo perseguidos por esquecidos, mas ouviram-se gritos e gemidos de dor dos alunos que ficaram do lado de fora, ouviram o barulho de sangue jorrando e espirrando nas paredes, o rasgar de pele e o mutilar de corpos.
Passado algum tempo, o barulho diminuiu quando os esquecidos se encarregaram de ir atrás dos que tinham escapado.
Tomei então consciência de onde estávamos. Era uma sala pequena, mal iluminada, com alguns cobertores e garrafas de água no chão. As outras garotas também pareciam ter saído do tupor que o ataque causara. July se sentou num canto e comeu a chorar, Alisson se recostou em uma parede e olhou para o teto, parecia em um estado de pânico mudo. Katrina abraçou a si mesma, e começou a andar de um lado para o outro, suspirando exasperada, para não entrar em pânico.
Eu parecia ser a única que não estava prestes a perder a cabeça. Cresci vendo meus pais procurando por esse tipo de coisa. Sentei-me no chão ao lado da porta, e deixei cada um com seus próprios pensamentos. Foi quando passado um tempo de silêncio, que algo me ocorreu.
-Meninos, alguém os viu entrando em alguma porta?
As outras pareciam ter percebido isso só agora, porque estavam todas com uma expressão de choque.
-Não, não, não! -Disse July desatando novamente a chorar.
Esse fato foi como um tapa na cara. Não podia ter perdido Liam, ele além de meu namorado, sempre foi meu melhor amigo, alguém com quem eu podia contar. Ele insistiu com os pais e se mudou para Maître City por mim, e agora, por minha culpa ele podia estar morto. Katrina também começou a chorar, todos estavam derrotados, não havia chance de sobrevivermos, quando até mesmo aqueles quatro não o tinham feito.
Passaram-se os minutos, horas, sem nenhum barulho do lado de fora. O primeiro som que ouvimos em horas, foi o de uma porta se abrindo.
Nós comemos quando sentíamos fome, e cada vez menos se ouvia algum sinal de vida no corredor. Foi quando em certo momento, o sinal tocou e a voz dos altos falantes falou:
-Esquecidos, voltem agora o jogo acabou todos estão mortos.
A voz soltou uma gargalhada histérica e se calou. Mas nós não entendíamos como poderiam estar todos mortos se nós estávamos aqui? Não havia outra maneira de saber se não saindo, e essa não é uma opção. Alisson se levantou e foi em direção a porta, eu também me levantei e parei na sua frente, bloqueando a porta.
-O que está fazendo? –Pergunte a ela.
-Saindo daqui é claro, ou você não ouviu? O jogo acabou e eu vou para casa. –Respondeu Alisson
-Não, você não percebe? Pode ser uma armadilha.
-Você não entende Alisson? A voz disse que estão todos mortos, mas nós não estamos, pode ser um truque dele para nos atrair para fora. –Disse Katrina se levantando também.
De repente ouvi sons do lado de fora semelhantes a passos. Quando comecei a pensar em algo para dizer, algo ou alguém deu duas batidinhas leves na nossa porta, e uma voz que eu automaticamente reconheci, disse:
-Tem alguém ai?! – disse Liam.
Não pensei duas vezes, destranquei a porta devagar. Ao primeiro olhar a luz que vinha de fora me cegou, mas meus olhas se adaptaram e pude ver Liam a minha frente, me joguei em seus braços e ele me abraçou.
Quando nos soltamos olhei em volta, éramos um grupo de mais ou menos 20 pessoas, algumas choravam, outras pareciam paralisadas. Vi July chorando agarrada a Tony, Alisson abraçada em seu namorado e Katrina e Levi se beijando.
Mas oque me chocou foi olhar para o corredor. Estava repleto de vermelho, sangue no chão, no teto e nas paredes.Corpos destroçados e partes da anatomia humana que eu nunca tinha visto estavam por todo canto.
-Devíamos tentar sair desse lugar. -Disse Tony.
Todos concordaram. Não havia tempo para tentar entender, quanto mais rápido saímos dali, mais fácil seria.
Fomos lentamente em direção a porta, mas um som nos fez parar, no fim do corredor apareceu uma mulher com o rosto e corpo deformados, tinha feridas abertas no corpo e a pele cinzenta. O cheiro de podridão me atingiu com força.
Quando nos demos conta do que era aquilo, ela já corria em nossa direção. Avançamos como loucos ate a porta.
Puxei a porta, mas ela estava emperrada. Lá trás, a mulher tropeçou em um corpo e caiu desorientada. Isso nos deu alguns minutos de vantagem.
Thalisson passou por mim e puxou a porta que continuou emperrada, puxamos todos juntos e a porta abriu. Nós saímos com a mulher ainda nos perseguindo.
Quando ela saiu da escola, a luz direta do sol á atingiu e ela gritou e correu em direção à cidade. Foi então que percebi a cidade.
O cara do auto-falante podia ser um psicopata, mas ainda tinha censo. Os esquecidos eram assassinos desenfreados, irão matar quem quer que fosse, era por sido que tínhamos sido trancados na escola, para impedir que isso se espalhasse e matasse toda a cidade.
Mas agora, por nossa causa, esse mal estava solto. E ele iria se espalhar, disso eu tinha certeza. Enfim era isso, nós iniciamos o apocalipse.
Autores: Thamissy Alves, Beatriz Silva, Elaine Adriele Paulino, Giovanna da Fonseca.
8º B