O Povoamento das terras riachãoenses

Por José Renilton Nascimento Santos

O povoamento das terras do atual município de Riachão do Dantas iniciou-se logo após a conquista de Sergipe realizada, em 1590, por uma expedição militar comandada por Cristóvão de Barros.

Esse pioneirismo deve-se ao fato de o povoamento da Capitania de Sergipe iniciar-se nas bacias dos rios Real e Piauí. Em História Territorial de Sergipe, Felisbelo Freire nos afirma: “Os rios Piauí e Real de que é afluente, foram os primeiros a ser colonizados e povoados”. (FREIRE, 1995. p. 26) Mais adiante, apresenta-nos a razão de a colonização começar pelos rios Piauí e Real: “E a explicação do fato está em que, desde 1575, as missões de Gaspar Lourenço e as tentativas de conquista de Garcia já tinham tornado habitáveis as zonas banhadas por estes dois últimos rios”. (FREIRE, 1995. p. 30). Sendo banhadas pelo rio Piauí, que nasce na região de Palmares, as terras riachãoenses passaram por esse surto colonizador inicial. Assim, em 1596, já encontramos doações de sesmarias no atual território do nosso município. Com base em Felisbelo Freire, os primeiros sesmeiros seriam Domingos Fernandes Nobre, Antônio Gonçalves de Santana e Gaspar Menezes. Esses sesmeiros e outros receberam terras situadas no rio Piauí em procura de suas cabeceiras.

O povoamento inicial das terras riachãoenses não originou povoações ou centros urbanos. “A região (...) permaneceu até o início do século XIX, como zona de propriedades de criação de gado ou de engenhos de açúcar, sem aparecimento de aglomerados humanos com formas de vida em comum”. (ALVES, 1959. p. 422) As sesmarias distribuídas destinavam-se a fazendas de criação e engenhos de açúcar. Entre as fazendas formadas podemos citar a de Palmares, pertencente aos frades carmelitas, e a de Maria Samba.

A ausência de povoações ou centros urbanos pode ser explicada pelo modelo colonizador implantado em Sergipe, que “era uma área parcamente povoada, tendo como principais atividades econômicas a lavoura de subsistência e a pecuária extensiva, que abasteciam a próspera região dos engenhos”. (PASSOS SUBRINHO, 1987. p. 17) Ou como diz Ariosvaldo Figueiredo, “por mais de um século, Sergipe significou ‘currais de gado’, ‘meios de subsistência’ e ‘campos de criação’ complementares para a lavoura canavieira da Bahia”. (FIGUEIREDO, 1977. p. 21)

A inexistência de vias de comunicação também contribuiu para o não surgimento de aglomerados urbanos. Segundo João Oliva,


“com escassas e pouco frequentadas vias de comunicação, os terrenos daquela zona permaneceram isolados por mais de um século do contato com centros civilizados, não permitindo o aparecimento do comércio na sua forma de ação coletiva, que é o verdadeiro e autêntico criador e fomentador de cidades”. (ALVES, 1959. p. 423)


Assim, somente no século XIX algumas das áreas de criação transformaram-se em povoações, inclusive a fazenda Riachão, origem da cidade de Riachão do Dantas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, João Oliva. Riachão do Dantas. In: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 1959.

FIGUEIREDO, Ariosvaldo. O negro e a violência do branco – o negro em Sergipe. Rio de Janeiro: J. Álvares Editor, 1977.

FREIRE, Felisbelo. História Territorial de Sergipe. Aracaju: Sociedade Editorial de Sergipe/SEC/FUNDEPAH, 1995.

PASSOS SUBRINHO, Josué Modesto dos. História Econômica de Sergipe (1850-1930). Aracaju: UFS/Programa Editorial da UFS, 1987.