a povoação de palmares

Por José Renilton Nascimento Santos


A povoação de Palmares tem suas origens na Fazenda Bananeiras que pertencia a Baltazar de Arruda e Gaspar Maciel. Esses senhores, antigos sesmeiros, venderam, em 1648, suas terras à Ordem do Carmo. Os carmelitas fizeram surgir um convento e uma igreja. Os frades continuaram também o desenvolvimento da criação de animais, sendo suas fazendas citadas por Dom Marcos Antônio de Souza, em Memórias da Capitania de Sergipe:

“Ali possuem os religiosos carmelitas da Bahia doze ótimas fazendas de gado com a denominação de Palmares, cujos pastos são excelentes para sustentar vacas, bestas e cabras. Bem podiam fazer propagar os burros com as éguas e desta combinação nasceriam as bestas, muares fortíssimos para as longas viagens”. (SOUZA, 1944. p. 28-29)

A atuação dos carmelitas é também citada por Lima Júnior, em História dos limites entre Sergipe e Bahia:

Os frades do Carmo [concorreram para desenvolver o povoamento] na serra e Mata dos Palmares, onde fundaram uma capela (...) e um pequeno convento. [Aí] se ocuparam menos do bem das almas que do interesse da ordem, apossando-se de mais terras do que possuíam pelos seus forais. (LIMA JÚNIOR, 1918. p. 198)

A área de tais fazendas ficou sob o domínio dos carmelitas até 1916, quando o terreno foi vendido a diversos pelo Provincial da Ordem, Frei Manuel Baranera Serra. Segundo as informações de Raimundo Monteiro da Silva, o terreno fora comprado por uma sociedade composta de sete pessoas da localidade com o objetivo de evitar que um chefe político do vizinho município de Tobias Barreto o comprasse, expulsando os moradores da área.

Os carmelitas são apontados como autores da geração de Palmares. Um deles, Frei Marcelino, teve “em duas relações femininas, seis filhos e cinquenta e nove netos (...) Os seus filhos fundaram o povoado na década de 1830-1840”. (BEZERRA, 1984. p. 86) Para Ariosvaldo Figueiredo, “não só Frei Marcelino, três outros frades carmelitas devem ser citados como fontes da ‘geração de Palmares’. Os quatro frades (...) fiéis ao evangelho, multiplicavam gente com a mesma eficiência que multiplicavam preces e bens”. (FIGUEIREDO, 1977. p. 72) Daí a origem de um “certo contingente de portadores de íris azulada e outros sinais indicadores de ascendência europeia indubitável, entre os componentes de sua pequena população”. (BEZERRA, 1984. p. 86)

O nome Palmares advém da abundancia de palmeiras na região. Segundo Oliveira Telles,

A cadeira dos Palmares é uma das serranias mais belas do Estado e é digna de estudo pelas curiosidades que encerra. Como a Serra Negra, perdeu seu designativo indígena, o que denota cedo ter sido explorada pelos aventureiros que demandaram Sergipe pelo oeste. (...) a especialidade de sua vegetação explica o nome que tem. Coberta, é verdade, de matas e florestal extenso, é entretanto a palmeira, aí representada por algumas variedades, a árvore preponderante, a senhora de seus planaltos e encostas. (TELLES, 2013, p. 189-190)


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEZERRA, Felte. Etnias Sergipanas. 1 reed. Aracaju: Gráfica J. Andrade, 1984.

FIGUEIREDO, Ariosvaldo. O negro e a violência do branco – o negro em Sergipe. Rio de Janeiro: J. Álvares Editor, 1977.

LIMA JÚNIOR, Francisco A. de Carvalho. História dos Limites entre Sergipe e Bahia. Aracaju: Imprensa Oficial, 1918.

SOUZA, Dom Marcos Antônio de. Memórias da Capitania de Serzipe. 2. ed. Aracaju, 1994.

TELLES, M. P. Oliveira. Sergipenses: escriptos diversos. São Cristóvão: Editora UFS; Aracaju: IHGSE, 2013.