as origens da povoação riachão

Imagem de Nossa Senhora do Amparo após restauração (2011)

Por José Renilton Nascimento Santos


A povoação da qual resultou a sede do atual município de Riachão do Dantas teve sua origem no começo do século XIX. Era uma fazenda pertencente a João Martins Fontes. Localizada às margens do riacho Limeira, a mesma fora arrendada como relata Arivaldo Silveira Fontes:

Em documento particular de 1º de agosto de 1825, firmado por ele, na fazenda da Serra (hoje no município de Paripiranga), arrendava a Inácio de Sirqueira Santos e André da Gama nas campinas do Riaxão (sic), no riacho das pontes para plantarem todas as lavouras com cerca, pagando-lhe de foro, anualmente, dois mil réis. (FONTES, 1978. p.76)

João Martins Fontes mandara construir, em sua propriedade, uma casa de oração dedicada a Nossa Senhora do Amparo. A edificação da referida casa de oração deu-se quando o mesmo ainda residia no engenho Campo da Barra, em Itabaianinha. Mais tarde, provavelmente antes de 1836, muda-se para o Riachão.

Conheçamos alguns dados biográficos de João Martins Fontes, considerado o fundador do Riachão.

Fazendeiro e político da Vila do Lagarto, João Martins Fontes nasceu em 1762.

Era filho do Capitão-mor das Ordenanças Antônio Martins Fontes e D. Mariana Brandão de Barros. Logo cedo se iniciara nos cargos de governança do município. Ocupou por diversas vezes a função de Juiz Ordinário Presidente da Câmara. Também foi vereador da cidade de São Cristóvão, capital da Província.

Participou ativamente do movimento pela Independência do Brasil. Uniu-se ao Capitão-mor João Dantas dos Reis Portátil, da Vila de Itapicuru, para aclamar o Príncipe Regente em Sergipe. Colaborou com o General Pedro Labatut, que com suas tropas pernoitou no engenho Barra. Forneceu mantimentos e cavalos para a comitiva de Labatut, abasteceu a soldadesca de víveres e mantimentos, recebeu o armamento enviado da Corte, no porto de Estância e levou-o a Labatut na Vila de Itapicuru.

Possuía diversas propriedades: o engenho Barra e as fazendas Pé de Serra, Riachão e Maria Preta.

Na fazenda Riachão mandou construir a casa de oração dedicada a Nossa Senhora do Amparo. Com a idade avançada veio residir nesta fazenda. Aí faleceu a 7 de julho de 1848.

Ao redor da capela, foram “construídas as primeiras moradas, foi aumentando o povoado com a situação e plantação de sítios e edificações dos primeiros engenhos da circunvizinhança”. (REIS, 1949. p. 6) Os engenhos a que se refere o autor são o de Riachão (depois Salgado) e o de São João da Fortaleza.

A povoação de Riachão surge vinculada à religião. Aliás, “as povoações, vilas e cidades iniciaram-se quase sempre, em torno de um cruzeiro erguido como marco de fé, ou em função de uma igreja construída”. (OLIVA, 2002. p. 28)

Aos poucos a povoação vai crescendo. Em 1848, “pela Resolução Provincial n.º 221, de 22 de maio, foi criada uma cadeira de primeiras letras para as meninas. Em 1854, foi criado o distrito de subdelegacia”. (FONTES, 1978. p. 77)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FONTES, Arivaldo Silveira. Riachão do Dantas: os primeiros tempos. As origens. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Aracaju, 1965-1978. Nº 27.

OLIVA, Terezinha & SANTOS, Lenalda Andrade. Trajetória Histórica de Sergipe. São Paulo: Ática, 2002.

REIS, João Dantas Martins dos. A cidade do Riachão do Dantas, como começou. Aracaju: Livraria Regina, 1949.