As diferenças que constituem a sala de aula podem contribuir muito para o desenvolvimento dos aprendizes, para isso, é fundamental entender como funciona esse coletivo para que seja possível torna-lo participante e ajustar o ambiente de forma a facilitar o aprendizado. Cabe, portanto, oferecer propostas para a turma toda sem pensar somente no individual e específico.
1- Para que seu planejamento seja pensado de forma a envolver a turma toda, sem desconsiderar a individualidade dos aprendizes, existe alguma barreira:
a) No contexto da sala de aula? Qual(is)?
b) No contexto da escola? Qual(is)?
2- Qual o perfil da turma no que diz respeito à socialização, à participação e ao envolvimento com as propostas oferecidas?
3- Como é possível transformar o ambiente, reduzindo as barreiras (físicas, comunicacionais, atitudinais, pedagógicas) caso existam, de forma a favorecer a aprendizagem de todos?
4- Que alternativas são propostas para incentivar o interesse e contemplar tanto as diferenças interindividuais (variabilidade dos aprendizes entre si) como as intraindividuais (variabilidade do próprio aprendiz em seu processo de escolarização)?
5- Considerando que os aprendizes diferem nas maneiras pelas quais eles podem ser motivados para aprender, que recursos, estratégias ou intervenção você pode oportunizar, já que não há um meio que seja ideal para todos?
6- Seu planejamento permite que as informações/conteúdos curriculares sejam acessíveis, de forma que todos os aprendizes tenham clareza sobre elas? Como?
Considerar o coletivo: a partir das perguntas direcionadas ao professor, os seguintes aspectos foram considerados: ambiente, características da turma, variabilidade dos aprendizes, recursos, estratégias e intervenções. Por meio desse eixo, aspira-se que o professor busque informações sobre sua turma (para que entenda como funciona esse coletivo), que considere as diferenças que existem na sala de aula e que pense o próprio ambiente, ajustando-o de forma que seja um facilitar para o aprendizado.
Ressalta-se a importância do coletivo e das interações que nele ocorrem, uma vez que: “O envolvimento ativo com a aprendizagem é obtido por meio de processos sociais” (MEYER; ROSE; GORDON, 2014, p. 7, tradução nossa).
Segundo Meyer, Rose e Gordon (2014), os educandos precisam de modelos alternativos de como podem alcançar determinado objetivo e necessitam acreditar que é possível dar os passos para chegar lá. Sendo assim, tornar-se-ão engajados e capazes de traçar diferentes caminhos uns para os outros.
Por esse motivo, faz-se importante pensar em contextos flexíveis, os quais possibilitem o envolvimento dos discentes, pois, através da interação com o outro e com o meio, definirão o caminho que lhes for mais apropriado, no que diz respeito às experiências de aprendizagem.
Como visto, além de considerar o coletivo, importa também considerar o ambiente, uma vez que “[...] a aprendizagem ocorre em uma relação dinâmica entre o aluno e o ambiente de aprendizagem e que o ambiente de aprendizagem é próprio, complexo e dinâmico” (MEYER; ROSE; GORDON, 2014, p. 7, tradução nossa).
Dessa forma, por haver essa relação entre aluno e ambiente, este deve oportunizar acesso, oferecendo opções para as diversas necessidades dos educandos. Meyer, Rose e Gordon (2014) confirmam mudanças de ordens fisiológicas, psicológicas e de aprendizagem, através da mudança ambiental. Por esse motivo, enfatiza-se a importância de ambientes flexíveis.
Atenta-se para o fato de que o DUA tem em vista respeitar a singularidade de cada discente e, para isso, busca ampliar a maneira como o conhecimento é oferecido, para que possa atender as diferentes necessidades dos alunos no contexto da sala de aula.
Isso diz respeito à variabilidade, um conceito que se relaciona à variação individual. De acordo com Meyer, Rose e Gordon (2014), as pessoas diferem completamente umas das outras, variam em suas escolhas, em seus interesses, no que entendem ser relevante ou ameaçador, na capacidade de persistir, nos motivos que os fazem persistir, na capacidade de formular objetivos, e que, além disso, diferem na capacidade de regular sua própria aprendizagem. O que compreende crenças, habilidades, estratégias de enfrentamento, capacidade de monitorar seu progresso e de fazer ajustes quando necessário.
Para exemplificar isso no contexto escolar, os autores expõem que, o que envolve um, pode afastar o outro; o que motiva um, pode ameaçar o outro; o que inspira interesse em um, pode levar o outro às lágrimas.
Com base nessas informações, é possível evidenciar a importância de pensar o ambiente e o coletivo ao planejar, pois essa variabilidade não é fixa, ela emerge ou se modifica de acordo com o contexto de aprendizagem, assim como as habilidades individuas só existem na confluência entre o indivíduo e seu meio (MEYER; ROSE; GORDON, 2014).
Cumpre indicar que a variabilidade compreende tanto as diferenças inter-individuais (variabilidade dos aprendizes entre si), como as diferenças intra-individuais (variabilidade do próprio aprendiz em seu processo de escolarização). Portanto, oferecer possibilidades para que os estudantes se envolvam uns com os outros, com o ambiente e com as propostas oferecidas, é fundamental para seu desenvolvimento.