Com base no Ciclo de Práticas Humanas iGEM, iniciamos com a formação de uma equipe diversificada, composta por alunos de graduação em biologia, biotecnologia, farmácia, agronomia e administração, com diferentes competências como artes, empreendedorismo, gestão, comunicação, educação, e outros. Assim, passamos a explorar o contexto da comunidade de diferentes formas em busca das necessidades das comunidades que vivem no Distrito Federal e vivenciam diariamente os impactos do Aterro Sanitário de Brasília. Com base no que ouvimos e lemos, decidimos por várias práticas que foram realizadas ao longo do projeto, como a comunicação e os materiais de divulgação científica. Decidimos que durante a Design League nossa maneira de impactar o mundo seria através da educação!
Em seguida, iniciamos o processo de coleta de feedback da população e das partes interessadas sobre o trabalho que realizamos e documentamos o projeto por meio de fotos, ilustrações e formulários. Fizemos questão de implementar as percepções de especialistas e pessoas locais em nosso projeto. Portanto, fizemos várias versões de nosso MFC até que uma delas se encaixasse melhor em nossos objetivos. Além disso, inicialmente, pensávamos apenas na biorremediação com lacase e a população que tanto reclamava do odor nos fazia inserir a retirada de compostos de enxofre no circuito.
Para fechar o loop, buscamos a validação várias vezes, então passamos por várias mudanças e chegamos aos resultados que podem ser vistos na seção 2.2 Excelência em Projetos de Engenharia Biológica.
O projeto Gilluz é responsável e bom para o mundo não só pelos impactos ambientais e à saúde de quem mora nas comunidades do Distrito Federal, mas porque desenvolvemos materiais para explicar à população que o Aterro Sanitário também tem vários aspectos positivos. Considerando que substituiu o maior aterro sanitário da América Latina em 2017, o que reduziu bastante o contato direto de pessoas com resíduos e rejeitos, bem como os impactos ambientais de sua disposição.
Além disso, buscamos sempre uma comunicação inclusiva e didática, desde textos alternativos a postagens em mídias sociais e linguagem de sinais. Também nos preocupamos com os impactos de nossa solução, por isso priorizamos a biossegurança. Assim, evitaremos futuros acidentes e eventos negativos durante os testes de laboratório. E estamos buscando implantação no futuro na estrutura existente do aterro sanitário, visando redução de custos e tempo.
E não pretendemos parar por aí, nossas redes sociais continuarão atuando para o constante contato com a população que nos apóia e acredita no nosso trabalho, para que possamos compartilhar todos os nossos avanços e impactar cada vez mais pessoas.
Plano de ação
Evitar a contaminação dos recursos hídricos e do solo com lixiviado é importante para a manutenção da saúde geral da população e do meio ambiente, por isso existem muitos regulamentos e restrições sobre como fazer isso. Queremos contribuir com o trabalho removendo compostos tóxicos do chorume e gerando energia limpa. Portanto, a consulta de especialistas e stakeholders que trabalham com Biorremediação, Célula Combustível Microbiana, Geologia, Saúde, Ecologia e Química Verde. Os métodos usados hoje para geração de energia com microrganismos foram discutidos em detalhes com especialistas, mas também discutimos as possibilidades de implementação do sistema na prática. Todos trouxeram insights muito significativos que por meio do ciclo DBTL inserimos em nossa proposta de biorremediação de lixiviado e geração de eletricidade. A chave do nosso trabalho foi definida por meio de conversar com as pessoas da comunidade, proporcionando transparência e discussões abertas. Portanto, o resultado de nossas ações é um reflexo das demandas da comunidade.
Nosso trabalho em práticas humanas integradas começou com a formação da equipe, queremos garantir que estaremos sempre alinhados com as necessidades da comunidade. Para tanto, realizamos inicialmente uma visita técnica ao Aterro Sanitário de Brasília, nosso principal alvo de atuação. Lá, a equipe do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) nos mostrou a engenharia do local, bem como nos ensinou sobre a coleta e tratamento de chorume existentes, quais são os principais desafios nesta área, e também sobre a possibilidade de implantação do nosso ideia na estrutura do site. Assim, pudemos compreender que dependendo da época do ano, há uma maior propensão ao vazamento de lixiviado, como na época das chuvas.
Também nos reunimos com um representante da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO), órgão governamental do Distrito Federal responsável pelo desenvolvimento tecnológico. Deu-nos uma visão geral de como funcionava o Aterro Sanitário de Brasília e os aspectos da legislação. O que direcionou nosso projeto para um plano de teste mais realista e seguindo o que ela havia nos explicado.
Em seguida, aplicamos um formulário virtual e presencial na comunidade para entender como o chorume presente no aterro impacta suas vidas e para validar a proposta do projeto. Várias pessoas reclamaram da proximidade do aterro às casas, o que faz com que o cheiro de chorume seja sentido em toda a cidade, além disso, foram mencionados vazamentos. Conforme mencionado no tópico 2.3 Práticas Humanas e assim conseguimos implementar em nosso circuito uma solução para o principal problema apontado pela comunidade, o odor, através de uma rota de degradação de compostos de enxofre.
Então, falamos com especialistas em diferentes áreas:
Dr. Deepak Pant
Cientista sênior do Flemish Institute for Technological Research (VITO) (VITO)
Ph.D. em Biotecnologia Ambiental
Editor de Bioresource Technology Reports
Input: Dr. Deepak Pant teve a gentileza de se juntar a nós em uma videoconferência, onde ele poderia dar seu feedback sobre a ideia do nosso projeto e nos apresentar informações cruciais. Durante a palestra, discutimos os efeitos de ter microrganismos específicos agindo em células de combustível microbianas, as características de diferentes configurações de MFC e o funcionamento geral dos MFCs.
Output: essa conversa validou a maioria das informações que já havíamos coletado sobre os MFCs, o que nos garantiu que estávamos fazendo pesquisas adequadas sobre o assunto. A reunião também resultou em uma mudança crítica de planos para nosso projeto no que diz respeito à escolha de microrganismos e metas de biorremediação. Foi ele quem sugeriu o modelo MFC ascendente que inserimos em nosso projeto durante o processo DBTL.
Dr. Ioannis Ieropoulos
Professor - Bioenergia e Sistemas Auto-sustentáveis
Diretor do Bristol BioEnergy Centre, no Bristol Robotics Laboratory, University of the West of England (UWE Bristol)
Input: Em nossa entrevista com o professor, apresentamos nossos objetivos e as ideias formuladas para o modelo MFC utilizado. Perguntamos a ele sobre a viabilidade do uso ou não de membranas, bem como métodos relacionados à melhoria da eficiência do sistema.
Output: Dr. explicou as vantagens do uso de membranas, como a possibilidade de uso de maior fluxo com menor risco de danificar a comunidade microbiana; bem como as desvantagens, sendo a maior o custo. Quanto ao método para melhorar a eficiência do sistema, foi sugerido o uso do MFC em série.
Dr. Edivaldo Ximenes Ferreira Filho
Experiência em Enzimologia e aplicações de biotecnologia usando fungos filamentosos
Editor associado da revista Bioenergy Research
Ph.D. em Bioquímica na University College Galway
Input: Considerando sua experiência com fungos, entramos em contato com o Dr. Edivaldo para saber sua opinião sobre a viabilidade de certas espécies de fungos para a biorremediação do chorume presente no aterro e quais implicações poderíamos enfrentar.
Output: Foi um encontro muito produtivo, onde ele nos disse que o gênero que planejávamos usar (Aspergillus) seria uma boa escolha para a biorremediação de compostos tóxicos e nos alertou sobre os problemas que poderíamos encontrar, incluindo competição por substrato com microorganismos já presente no lixiviado e a baixa eficiência de degradação, sugerindo um co-cultivo de microrganismos.
Dr. José Eloi Guimarães Campos
Professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB)
Entre as áreas em que atua estão Gestão de recursos hídricos subterrâneos e geologia ambiental
Ph.D. em geologia
Input: Tiramos nossas dúvidas sobre quais seriam os principais problemas encontrados no aterro quanto ao chorume para desenvolver nossa proposta.
Output: Ele nos disse para avaliar a possibilidade de biorremediação da pluma com a redução da amônia e da Demanda Química de Oxigênio, que são considerados problemas comuns em todos os lixões mais jovens - o que ocorre na maior parte do Brasil. Principalmente, ele nos orientou sobre metais pesados, pois ao fazer um estudo lá, ele constatou que os metais não são um grande problema no ASB em termos de contaminação de solos ou lençóis freáticos, apesar de sua disponibilidade. Isso nos fez focar na remediação de outros compostos além dos metais.
Dra. Paula Marcela Duque Jaramillo
Professor e Coordenador Geral de Laboratórios do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF)
Ph.D. em aplicações de microbiologia e fungos
Input: Em nosso encontro, consultamos a Profa. Paula por sua experiência com a aplicação da microbiologia, principalmente fungos na geração de energia a partir de fontes renováveis.
Output: Ela nos ajudou com dicas de engenharia genética com esses microrganismos e nos motivou a segui-los e usá-los na jornada do projeto Gilluz!
Rosinete Fernandes Assunção
Gestora público - atua no sistema público de saúde
Mora em Samambaia, área de interesse
Input: Em nossa entrevista, a Sra. Rosinete nos ajudou a entender as principais questões enfrentadas pela população de Samambaia no que se refere a questões de saúde e socioeconômicas.
Output: Ela nos ajudou a focalizar os problemas encontrados e a conversar com uma parte maior da comunidade.
Elson Calazans
Biólogo graduado pela Universidade de Brasília (UnB)
Estudante de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)
Divulgador científico do Instituto Floresça Cerrado (IFC)
Input: Levantamos questões sobre o impacto ambiental de um projeto de biorremediação, tanto positiva quanto negativamente.
Output: Elson fez observações muito relevantes sobre o projeto, validando que nossa solução não espera grandes impactos ambientais negativos. No entanto, ele destacou isso em grande escala, como a possibilidade de nossa proposta gerar gases de efeito estufa e também chuva ácida. E ele também sugeriu que tentássemos estudar a reatividade de produtos de degradação enzimática, que incorporamos em nosso projeto.