“Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o seguiam.
Os escribas dos fariseus, vendo-o comer na companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Porque come e bebe com os publicanos e pecadores?
Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores.” (Marcos 2:15-17).
A nossa sociedade é da tecnologia, do conhecimento, da ciência e do progresso. O homem tem conseguido, com a ajuda destas ferramentas extraordinárias, promover o bem comum em matérias, por si, consideradas primárias, tais como a saúde, o bem-estar, a prosperidade que lhe é possível, bem como a promoção dos valores sociais e éticos.
Porém, paradoxalmente, no que concerne à vida espiritual, que deveria ser o expoente máximo e prioritário da vida humana, por não se limitar às poucas dezenas de vida do ser humano no planeta Terra, mas com repercussões na existência eterna do homem, a situação é, no mínimo, confrangedora. Confrangedor é, portanto, dado o caráter eterno da vida humana, o inexistente ou residual valor que cada ser humano atribui à sua própria vida e ao seu futuro eterno!
Sabemos que uma das filosofias dominantes da sociedade atual é o agnosticismo - “Doutrina filosófica que defende a inacessibilidade do ser humano a questões metafísicas ou ao absoluto, desconsiderando por isso qualquer tipo de ideologia religiosa, por este não as conseguir fundamentar ou provar de forma empírica.” (In Dicionário de Português online). Esta forma de pensamento encontrou terreno fértil para prosperar, nomeadamente nas camadas mais jovens e nas mentes mais esclarecidas, incapazes de respirar nas águas inquinadas de incongruências e irracionalidades, de grande parte das doutrinas da religião dominante, que ficou confinada aos que, infelizmente, embora, com sinceridade e devoção, permanecem na opacidade do lodaçal da ignorância a que se junta o arrepiante pavor quanto ao seu futuro. Sinceros, mas errados, como reconheceu, no seu tempo, Martinho Lutero.
O que é inverosímil, e com alguma estupefação se constata, é o facto de, tanto uns quanto os outros, em tão pouco apreço terem e nenhuma urgência considerarem quanto à resposta a dar à eternidade da sua vida (que é real, independentemente das suas humanas conjeturas e raciocínios) e, concomitantemente, nada buscarem, de substancial, que lhes garanta o seu bem eterno. Uns, confiados na irracional negação de Deus e das realidades espirituais, seguindo no embalo desesperante do seu agnosticismo; outros, embalados na ilusão da sua religiosidade e confiados no igualmente irracional erro em que labutam. Os que seguem embalados no “conforto precário” e ilusório do agnosticismo e na ilusão da prática das modalidades religiosas configuram o grupo dos “sãos [que] não precisam de médico”. Realmente, não precisa de médico quem não se reconhece doente, correndo risco de vida! Tanto uns como os outros vão chegar ao final da sua vida terrena no entorpecimento das suas ilusões e conformados com o engano em que foram mergulhados, sem se aperceberem da realidade do seu triste e miserável estado, tendo em conta o terrível desfecho que os aguarda.
Contrariamente ao conteúdo das filosofias humanas, o Deus eterno, cuja existência não depende, de forma alguma, daquilo em que os meros mortais acreditam ou deixam de acreditar, o Criador de todas as coisas e Senhor de tudo e de todos, na verdade da Sua Palavra eterna, revela-se, hoje, aos homens através da sempre atual e atuante Bíblia Sagrada. Nela, encontramos, não apenas o Deus de amor infinito, realidade que, sozinha, vai mantendo na ilusão tantos seres humanos, mas, também, o Deus infinitamente Justo e Santo. Nela encontramos a verdadeira resposta às questões relativas à pessoa de Deus, ao Seu caráter de amor, justiça e santidade, aos Seus propósitos, à Sua vontade para o ser humano e às consequências da indiferença e rejeição humanas.
Na Sua perfeita justiça, Deus atribui a cada ser humano a justa retribuição pelos seus próprios pecados, “Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” (Rom. 3:23), encontrando-se todos, e cada um, debaixo da Sua ira: “A ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça;” (Rom. 1:18). “Aos homens está ordenado morrer uma vez, vindo, depois disso o juízo.” (Heb. 9:27). Nenhum ato de justiça humana tem poder para saciar a perfeita justiça de Deus, “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia;” (Isaías 64:6). Esta é a primeira e grande realidade que todo o homem tem que considerar. Continuas a considerar-te “são”, sem necessidade de médico, perante o Justo Juiz? Até quanto o teu entorpecimento? Deus quer que reconheças, antes de tudo, que és impuro, indigno e justamente condenado por Ele.
No Seu grande amor, Deus quis cobrir-nos com a Sua própria justiça. Esta segunda grande e maravilhosa realidade reside na revelação que Deus quis fazer, provando o Seu amor pela humanidade: “Mas Deus prova o seu amor para connosco, pelo facto de ter Cristo morrido por nós” (Rom. 5:8). O amor de Deus cobre todo aquele que, de forma consciente e sincera se arrepende dos seus pecados: “Ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pedro 3:9). Lá no Calvário, Cristo, o próprio Deus, quis, com a Sua vida, derramando o Seu sangue, pagar todas as dívidas que tinhas para com Deus: “também Cristo, tendo-se oferecido para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, aos que o aguardam para a salvação.” (Hebreus 9:28). Somente a entrega da vida do próprio Deus, na pessoa do Seu Filho Jesus Cristo, podia saldar a tua dívida para com Ele, pagando o teu ingresso e garantindo-te acesso incondicional e eterno à Sua presença.
Convém notar, entretanto, que não é o mero conhecimento destas verdades espirituais que garante a vida eterna com Deus. Somente uma fé completamente depositada no sacrifício de Jesus Cristo, não ilusória, mas comprovadamente eficaz! Mais uma vez a Palavra de Deus afirma: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem de obras, para que ninguém se glorie.” (Efésios 2:8.9).
Porque Jesus Cristo é o preço inestimável de Deus pela tua vida, não venhas a ser condenado pela tua indiferença e ingratidão face ao Seu tão grande amor por ti. Ele não apenas deu o melhor, mas deu TUDO por ti. O aviso do Deus Supremo quanto à condenação é-nos revelado, pois Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.“ (Atos 17:31). “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (Heb. 2:3). Deus coloca, agora, perante ti, a tua necessidade de, pela fé e em sinceridade de coração, ires à cruz, reconheceres Jesus como o teu salvador pessoal, colocando no Seu sacrifício feito em teu favor, toda a tua fé! Assim, não a tua, mas a justiça do próprio Jesus te cobrirá, “não tendo justiça própria, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus baseada na fé.” (Filip. 3:9). Cristo Jesus é a solução de Deus para o mais importante aspeto da tua vida: onde passarás a tua eternidade?
Por que esperas? Que te detém, diante de tão grande e maravilhosa bênção da graça de Deus, o maior tesouro de Deus para a tua vida?
(Pt. Joaquim Emanuel Martins Pinto)