Liberdade e Escravidão

SUMÁRIO: 1. Conceito de Liberdade. 2. Liberdade Livre-Arbítrio. 3. Livre-Arbítrio. 4. Ambiguidade do Termo. 5. O Problema da Liberdade. 6. Conceito de Escravidão. 7. Grécia Antiga. 8. Contrato Social de Rousseau. 9. Os Vícios. 10. O Isolamento Absoluto. 11. Lei Natural. 12. A Escolha entre o Bem e o Mal. 13. O Evangelho e o Futuro. 14. Bibliografia Consultada. 15. Texto Sintético. 16. Questões. 17. Temas para Discussão.

1. CONCEITO DE LIBERDADE

Sentido Geral - estado do ser que não sofre constrangimento, que age conforme a sua vontade, a sua natureza.

Sentido Político - é a faculdade de fazer o que se queira dentro dos limites do direito (lei).

Sentido Psicológico e Moral - aquele que fazendo o bem ou o mal age conforme a razão, que aprova (1).

2. LIBERDADE E LIVRE-ARBÍTRIO

Liberdade é a capacidade para agir ou não, sem outra intervenção que a da vontade. Nesse sentido, muito genérico, a liberdade confunde-se com o livre-arbítrio ou com a liberdade de indiferença.

3. LIVRE-ARBÍTRIO

Livre-Arbítrio quer dizer juízo livre. É a capacidade de escolha pela vontade humana entre o bem e o mal, entre o certo e o errado, conscientemente conhecidos.

O livre-arbítrio não quer dizer, de modo algum, que é um querer sem causa, como o pretendem interpretar alguns deterministas, que se opõem à sua aceitação (2).

4. AMBIGÜIDADE DO TERMO

A palavra liberdade presta-se a muitos significados: a liberdade nos Estados Unidos é diferente da liberdade na Rússia, como o é também da China.

Há, ainda, fatores limitantes da liberdade:

físicos - referem-se ao espaço, ao tempo e à possibilidade legal;

psicológicos - avarento que morre de fome em cima do dinheiro;

econômicos - quero ir ao Canadá, mas não tenho recursos disponíveis (3).

5. O PROBLEMA DA LIBERDADE

A problematização da frase “liberdade de um termina quando começa a do outro” deve conter uma análise temporal, espacial e moral (4).   

6. CONCEITO DE ESCRAVIDÃO

A palavra vem do termo “slav” e referia-se aos prisioneiros eslavos reduzidos à servidão pelos povos germânicos. Caracteriza-se pelo fato de reduzir uma pessoa humana à condição de coisa ou de animal, como propriedade absoluta de um senhor (5).

7. GRÉCIA ANTIGA

A escravidão, na Grécia Antiga, era uma forma de liberdade, pois o inimigo preso devia morrer. Para ficar livre da morte, podia escolher a escravidão (4).

8. CONTRATO SOCIAL DE ROUSSEAU

No início de sua obra O Contrato Social, J. J. Rousseau cita uma frase com os seguintes dizeres: “O homem nasce livre, mas em toda a parte se vê acorrentado”.

9. OS VÍCIOS

Os vícios limitam os nossos atos livres. São, portanto, uma forma de escravidão, pois tornam-nos dependentes deles (4).

10. O ISOLAMENTO ABSOLUTO

Bakunine considerou a liberdade individual como um produto coletivo. Ser livre no isolamento absoluto é um absurdo inventado por teólogos e metafísicos.

11. LEI NATURAL

Há homens naturalmente destinados a serem propriedade de outros homens? Resposta: a lei humana que estabelece a escravidão é uma lei contra a Natureza, pois assemelha o homem ao bruto e o degrada moral e fisicamente. Devem-se levar em conta os costumes e a desigualdade natural de aptidões. V. pergunta 829 de O Livro dos Espíritos.

12. A ESCOLHA ENTRE O BEM E O MAL

As idéias justas ou falsas que fazemos das coisas levam-nos a vencer ou fracassar, segundo o nosso caráter e a nossa posição social. Achamos mais simples e menos humilhante para o nosso amor-próprio atribuir os nossos fracassos à sorte e ao destino, do que a nós mesmos. Se a influência dos Espíritos contribuem algumas vezes para isso, podemos sempre nos subtrair a ela, repelindo as idéias más que nos forem sugeridas. Ver comentário à pergunta 852 de O Livro dos Espíritos.

13. O EVANGELHO E O FUTURO

O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo neste século de declives em sua história; só ele pode, na feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos (6).

14. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

(1) LALANDE, A.  Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia.

(2) LEGRAND, G.  Dicionário de Filosofia.

(3) BOULDING, K.  E.  Princípios de Política Econômica.

(4) MENDONÇA, E. P. de.  A Construção da Liberdade.

(5) ÁVILA, F. B.  Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo.

(6) EMMANUEL.  A Caminho da Luz.

São Paulo, dezembro de 1996.

15. TEXTO SINTÉTICO

Liberdade - estado do ser que não sofre constrangimento, que age conforme a sua vontade, a sua natureza. Em  termos políticos, é a faculdade de fazer o que se queira dentro  dos limites do direito. Escravidão - caracteriza-se  pelo fato de reduzir uma pessoa humana à condição de coisa ou de animal, como propriedade absoluta de um senhor.

A palavra liberdade presta-se a  muitos significados. Falamos de liberdade  política, de liberdade econômica e de liberdade de consciência. A liberdade em Cuba é diferente da liberdade nos Estados Unidos. O termo comporta, também, limitações psicológicas, legais e  econômicas. Suponhamos a seguinte situação: ir aos Estados Unidos. Sentido psicológico: estou disposto a me deslocar para aquele país?; sentido legal: o governo  americano  permite a minha estada?;  sentido  econômico: conseguido  o visto de entrada, tenho recursos  financeiros  para tal empreendimento?

Os atos livres praticados pelo indivíduo podem levá-lo à  ampliação ou à limitação de outros atos livres. Caso  escolha deliberadamente  o vício, haverá um tolhimento da  vontade, pois esta  estará submetida à necessidade de supri-lo, impedindo a continuidade  dos atos livres. A dimensão da moral  entra, aqui, como elemento que vai permitir a continuidade dos atos livres, ou seja, a aquisição do estado de liberdade.

O estado de liberdade depende do livre-arbítrio, quer dizer,  da capacidade de escolha entre o certo e o errado.  Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, diz-nos que o  livre-arbítrio existe no estado de Espírito, com a escolha das  provas,  e no estado  corpóreo, com a faculdade de ceder ou resistir aos arrastamentos a que voluntariamente estamos submetidos. Neste sentido, o homem não é fatalmente conduzido ao mal: os crimes que comete não são o resultado de um decreto do destino; será  sempre livre para agir como quiser.

Nas perguntas 829 a 832, o codificador do Espiritismo tece comentários sobre o problema da escravidão. Relata-nos que toda a sujeição absoluta de um homem a outro homem ë contrária  à lei  de Deus mas que desaparecerá com o progresso da  humanidade. Afirma-nos, também, que a desigualdade de aptidões, por ser natural, deve ser utilizada para elevar e não para embrutecer, ainda mais, o próximo.

A perfeita liberdade do Espírito  far-se-á pela prática dos preceitos evangélicos. Empenhemo-nos, pois, no estudo e na vivência dos ensinos deixados pelo mestre Jesus.

16. QUESTÕES

1) O que se entende por liberdade?

2) Qual o conceito de escravidão?

3) Defina livre-arbítrio.

4) Como se explica a ambigüidade do termo liberdade?

5) Qual o pensamento de Rousseau acerca da liberdade?

17. TEMAS PARA DEBATE

1) A liberdade de um termina quando começa a do outro?

2) Os vícios limitam os nossos atos livres?

3) Todos temos o dever de construir a nossa liberdade. Comente.

4) Liberdade, escravidão e o Evangelho.