1. Comentário de Daniel: Na Conferência I, James argumenta que não podemos derivar enunciados sobre o valor de um enunciado (isto é, se devemos aceitá-lo, qual seu significado e importância) dos fatos que causaram a sua produção. Argumentar desse modo, segundo James, é falacioso. No entanto, parece que há filósofos importantes que fazem precisamente isso. Por exemplo, na Ética a Nicômaco, parece que Aristóteles deriva o que é bom para os seres humanos de uma descrição dos seres humanos:
Aristóteles, então, está perguntando pelo fim (ou "causa final") a que se destina o homem. Nesse caso, a resposta já seria normativa (ou valorativa), uma vez que ele não está perguntando sobre como é o homem materialmente ou o que ele de fato faz. O que os homens fazem pode estar em desacordo com sua finalidade própria.
Doutrina das causas: causa eficiente (quem ou o que faz produz o efeito), causa material (com o que), causa formal (como), e causal final (com que propósito). Relojoeiro (causa eficiente), transforma metal (causa material) em um relógio (causa formal) com o fim de medir o tempo (causa final).
Na literatura contemporânea, diversos autores procuraram mostrar que descrições do mundo já são (em parte, ao menos) valorativas e que valorações de aspectos do mundo (ou de enunciados) são (em parte, ao menos) descritivas. Ver, por exemplo, Putnam, "The collapse of the fact/value dichotomy" (palestra de Putnam sobre o assunto aqui), Kuhn, A estrutura das revoluções científicas e Quine, Pursuit of Truth §9.
Esses autores sustentam que juízos descritivos pressupõem ou são inseparáveis de juízos normativos (sobre quais hipóteses gerais são melhores) e que juízos valorativos pressupõem ou são inseparáveis de juízos descritivos (sobre como o mundo é).
2. Comentário de Isabel: não está claro como devemos entender histórias como as do Ramayana.
Sim! Espera-se que isso possa ser esclarecido (em parte, ao menos) ao longo do semestre. Mas já podemos dizer que (1) em parte essas histórias se tornaram clássicas porque descrevem aspectos de nossa natureza psicológica inconsciente; e (2) contém indicações sobre como viver a vida ("sabedoria de vida"), codificada de tal modo que pode ser incorporada mesmo quando não é intelectualmente compreendida -- atitudes e modos de vida que adotamos sem saber por que, e que quando não são adotados levam a vidas infelizes ou mal sucedidas.
Rama: vida virtuosa não é suficiente para impedir desgostos (seu pai, um homem virtuoso, o exila por 10 anos, para não quebrar uma promessa; o mesmo acontece com o zelo de Rama pela virtude - como governante, era importante parecer virtuoso e não apenas sê-lo -, que causa desgostos em Sita.
Sita: mesmo sendo virtuosa (fiel, dedicada), teve desgostos com Rama
Sita e Rama: aceitaram incondicionalmente os desgostos que a vida lhes trouxe
3. Experiências de Saulo de Tarso (Paulo): Atos dos Apóstolos, 9
4. Tabu do incesto: predisposição biológica (ver pesquisa em kibutz; pesquisa sobre depressão de consanguinidade) (Ver também: Outras indicações: Helgason et al. (2008), "An association between the kinship and fertility of human couples"; Jacob, McClintock et al (2002), "Paternally inherited HLA alleles are associated with women's choice of male odor" )
5. James, Conferências II e III
6. Esboço de um argumento baseado em indícios empíricos para mostrar a realidade do invisível