Estima-se que cerca de 72 milhões de hectares são pulverizados pela aviação agrícola, todos os anos, no Brasil. Além da aplicação de agrotóxicos e adjuvantes, o avião agrícola é usado na aplicação de fertilizantes, no combate a incêndios florestais, adubação, semeadura de arroz pré-germinado, controle de doenças transmitidas por mosquitos, peixamento de açudes, indução de chuva artificial, adubação de eucaliptos, pulverização de materiais sólidos e outras.
VANTAGENS
1) Rapidez, uniformidade, operação em qualquer terreno (menos os acidentados), ausência de danos à cultura, não transporta vetores e pode utilizar UBV (ultra-baixo-volume). Mesmo em volumes de aplicação considerados elevados, de 30 a 40 l/ha, a rapidez do tratamento aéreo é insuperável, ultrapassando os 50 ha/h (cinquenta hectares por hora). Quando aplicado em volumes menores (15 a 20 l/ha) o rendimento pode atingir algo em torno de 80 ha/h. O maior benefício decorrente da rapidez, é poder tratar grandes áreas no momento adequado; detectada a doença ou praga em um setor, toda a lavoura pode ser tratada em pouco tempo, evitando a disseminação dos insetos ou fungos (Araujo, 2016).
2) Produtividade: pulveriza 100 ha/h contra 10 ha/h dos pulverizadores terrestres (tratores e manual), além de empregar menos água. Produtividades superiores a 100 ha/h podem ser alcançadas com volumes abaixo de 10 l/ha; tudo depende do avião, da distância, do comprimento da lavoura, etc.
3) Segurança: o avião agrícola conta com um motor potente e navegador tipo DGPS (equipamento operado com a ajuda de satélites), o que lhe confere precisão nas aplicações. Ao informar com precisão a velocidade de deslocamento, de forma instantânea, possibilita que o equipamento de pulverização do avião varie a VAZÃO (l/min) proporcionalmente à variação de velocidade, de forma a manter razoavelmente constante a TAXA DE APLICAÇÃO (l/ha).
4) Versatilidade: o avião agrícola é comumente utilizado na pulverização de várias culturas, como: cana de açúcar, soja, algodão, arroz, trigo, milho, feijão banana, laranja, café, pastagens e outras.
5) Capacitação técnica do pessoal envolvido na operação e na aplicação dos produtos fitossanitários (piloto agrícola, técnico executor em operação agrícola, Engenheiro Agrônomo como responsável técnico e outros), além de contar com uma completa Regulamentação e Fiscalização da atividade, que fazem da Aviação Agrícola uma ferramenta segura para a aplicação de defensivos agrícolas (Araujo, 2016).
6) O deslocamento do avião agrícola no ar gera uma velocidade relativa de igual intensidade, formando uma esteira aerodinâmica que é utilizada para o aumento da faixa de deposição dos produtos pulverizados; a reação aerodinâmica resulta na produção de gotas com menor diâmetro, possibilitando uma aplicação do produto mais uniforme e eficaz (Fernandes Jr., 2019).
7) Eficiência. O setor aeroagrícola brasileiro, acompanhando o avanço no campo, é hoje considerado um dos melhores do mundo, tanto em termos de tecnologia de aplicação e de aeronaves, quanto de segurança e preparo profissional (SINDAG, 2020).
8) O controle sobre o diâmetro das gotas (conseguido com a regulagem do atomizador rotativo embarcado) é a chave da tecnologia de aplicação aérea de pesticidas, fator que possibilita eficiência e segurança, mesmo com baixos valores BV = 10 a 40 l/ha, ou seja, de 10 a 50 vezes menos líquido do que nas pulverizações terrestres.
LIMITAÇÕES
São várias as vantagens da pulverização aérea em relação à terrestre. No entanto, não se deve negligenciar os riscos e alto potebcial danoso de uma aplicação aérea mal dimensionada, realizada em condições climáticas desfavoráveis e efetuadas por profissionais não habilitados; tampouco ignorar os danos causados pelos agrotóxicos que podem ser potencializados em caso de deriva e sem a aplicação das técnicas recomendadas.
Além do mais, por voar a baixa altura o tempo todo (de 2 a 4 m do solo ou do dossel das plantas), é uma atividade de alto risco para o piloto (e auxiliares em terra), que deve estar atento à fiação elétrica, postes, árvores e outros objetos existentes na área pulverizada.
Avião agrícola acidentado na lavoura.
DERIVA
O maior problema da aplicação aérea, ou o mais grave depois do acidente com a aeronave, é a chamada Deriva, que é o desvio pelo vento e outras causas do pesticida que está sendo pulverizado.
A Embrapa esclarece que existe normalmente uma "deriva técnica", em que os atuais equipamentos de pulverização, mesmo após a sua calibração, com temperaturas e ventos ideais (em torno de 3 km/h), deixam cerca de 32% dos agrotóxicos pulverizados retidos nas plantas, 49% vão para o solo e 19% vão no ar para outras áreas circunvizinhas da aplicação (Pignati et al, 2007).