USO DO AVIÃO AGRÍCOLA EM FLORESTAS PLANTADAS
O uso das técnicas de aviação agrícola em áreas florestais é um recurso que está ganhando espaço entre as operações de manejo dos reflorestamentos. A aviação aplicada às florestas pode estar associada à aplicação de adubos, defensivos, controle biológico de pragas e doenças e combate a incêndios.(1)
A aviação agrícola pode ser utilizada em todas as fases do manejo florestal, desde a pulverização de herbicidas pré-emergentes antes do plantio, adubação de cobertura em qualquer estágio da cultura e posteriormente na pulverização de inseticidas e fungicidas, para o controle de pragas e doenças, respectivamente. E, finalmente, no combate a incêndios florestais.(2)
Permite a semeadura aérea
A aviação agrícola é uma tecnologia que permite distribuir com rapidez e boa uniformidade as sementes, tanto de espécies forrageiras como espécies para reflorestamento. A rapidez da técnica aérea possibilita disponibilizar sementes em grandes áreas em poucas horas de aplicação. Com isso, reduz-se a mão-de-obra, além de permitir a “sobre-semeadura”, ou seja, lançamento de novas sementes antes mesmo da colheita das lavouras de grãos. Mas para isso, é fundamental a qualidade das sementes, regulagem das aeronaves, e atenção às condições de umidade do solo e ventos durante a aplicação.(3)
Quando se fala em regeneração de matas nativas, incluindo o plantio de sementes, a aviação agrícola no Brasil ainda é pouca usada. No entanto, associados do Sindag e Ibravag já decolaram para semear mudas nativas. (4)
Conforme o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), a meta é reabilitar 12 milhões de hectares de florestas nativas e 15 milhões de hectares de pastagens até 2030.
Diante da emergência climática global, a aviação agrícola brasileira mostra que está pronta para encarar o desafio de contribuir com a agricultura de baixo carbono, bem como participar do processo de regeneração das matas nativas e do manejo das florestas plantadas para fins comerciais. Este último, um importante mercado de atuação do setor, uma vez que as duas principais espécies cultivadas no Brasil, o eucalipto e o pinus, podem atingir grandes alturas, tornando inviável o manejo com ferramentas terrestres.
Para se ter uma ideia do setor, conforme Relatório Anual 2022 da Indústria Brasileira da Árvore (Ibá), a área de plantio florestal chega a 9,93 milhões de hectares, a maioria nos Estados de Minas Gerais (2,31 milhões de ha), São Paulo (1,26 milhão de ha) e Paraná (1,18 milhão de ha). Já entre as espécies plantadas para fins comerciais, o eucalipto ocupa o primeiro lugar com 7,53 milhões de hectares (FGV IBRE, Ibá & Canopy Remote Sensing Solutions, dado referentes a 2021), seguido pelo pinus (1,93 milhão de hectares).
Tecnologia de aplicação
Para Durigan (1989), o objetivo da tecnologia de aplicação é colocar a quantidade certa de ingrediente ativo no alvo desejado, com a máxima eficiência, da maneira mais econômica possível e sem afetar o meio ambiente. A tecnologia de aplicação refere-se à qualidade com que se faz o defensivo agrícola atingir o alvo desejado, relacionando o tipo de equipamento utilizado, à qualidade da água, o momento da aplicação, as condições ambientais, o tipo de ponta, etc. (Silva, 2004).
Parâmetros da aplicação
Na pulverização aérea de herbicidas em pastagens, normalmente são utilizados entre 40 e 50 l/ha, o que é considerado alto para os padrões de operações aéreas. A altura de voo varia de 10 a 40 m, sendo esta última a mais utilizada em pulverizações dessa natureza. Neste trabalho, como calda, foram usados os herbicidas Aminopiralide e Fluroxipir, com óleo mineral, na base de 2,5 l/ha e coadjuvante (hidrocarboneto) na dosagem de 1 l/ha.
Aeronave
Air Tractor AT-802 americana, com 54 bicos com pontas de jato plano ajustáveis, da Companhia CP, e faixa de deposição de 25 m. A velocidade do voo foi de 250 km/h e gotas médias (bico CP-A256-4025 azul claro para gotas com DMV = 334 um; bico CP-A256-4012 laranja ou marrom para DMV = 284 um; e bico CP-A256-4020 amarelo claro para DMV = 312 um. Num dos tratamentos, o T5, a vazão foi 30 l/ha, altura de voo h = 30 m, temperatura do ar T = 22,5oC, umidade relativa UR = 81% e velocidade do vento Vv = 1,81 m/s.
Conclusões
As alturas de voo podem variar entre 10 e 40 m. A 10 m as quantidades de depósito são maiores, independente do volume de calda aplicado. Para as regiões que necessitam de maiores alturas de voo, sem perder a eficiência de depósitos e controle, uma alternativa é aumentar o volume de aplicação e/ou a dose do herbicida.
O embaixador Fonseca Jr. comenta que a Embrapa Florestas divulgou estudo recente que demonstra que o plantio de árvores produtivas substituindo os pastos de baixíssima produtividade traz ganhos para a terra, inclusive auxiliando no aumento de estoque de carbono no solo. “Na década de 1970, por exemplo, a produtividade do eucalipto era de 10 m³/ha.ano. Hoje, após investimento em ciência e tecnologia, está em 39 m³/ha.ano”, esclarece Fonseca Jr.
REF.:
[1] Análise da deposição em aplicações aéreas de defensivos em função de diferentes alturas de voo e volumes de calda, Jonas F. Salvador, UNESP, Botucatu - SP, 2011, pág. 18/64.
repositorio.unesp.br
[2] Campo e Negócios on Line
https://revistacampoenegocios.com.br/aplicacao-aerea-os-beneficios-para-as-florestas/
[3] Aviação agrícola, para que serve ?, CropLife Brasil
https://croplifebrasil.org/noticias/aviacao-agricola-para-que-serve/
[4] https://revistaavag.org.br/florestas-plantadas-um-setor-afinado-com-a-sustentabilidade-do-planeta/
Plantio de Eucalipto no Brasil
Projeto de calibração de avião agrícola para pulverizar herbicida