APLICAÇÃO DE PESTICIDAS
A aplicação de pesticidas (ou defensivos agrícolas) tem sido caracterizada como uma ciência aplicada, de natureza multidisciplinar, envolvendo conhecimentos das áreas de Biologia, Engenharia e Química, entre outras.
Como será mostrado em outras páginas, a velocidade do vento é uma das condições mais críticas da aplicação aérea e só deve ocorrer entre 3 e 8 km/h. O tamanho das gotas vem em seguida; em geral, quanto menor o diâmetro da gota, maior tempo de permanência no ar e maior a probabilidade de ser transportada pelo vento para fora da área-alvo (plantação a ser pulverizada). A pesquisa mostra que há uma diminuição rápida no potencial de deriva para gotas de diâmetros maiores que 150 um ou 200 um. Uma gota de 100 um requer um pouco mais de 5 segundos para cair 1,5 m em queda livre, se nenhuma evaporação acontecer.
OBJETIVO
O objetivo principal de uma pulverização é aplicar a quantidade mínima de ingrediente ativo (IA) sobre o alvo (cultura), obtendo o máximo de eficiência, sem contaminar as áreas adjacentes - não alvo.
VOLUME DE APLICAÇÃO
Depende do tipo de tratamento que se deseja executar, mas apresenta uma forte relação com o tamanho das gotas produzidas pelos bicos hidráulicos e atomizadores rotativos, que determina a distribuição do defensivo no alvo. O tamanho ótimo de gotas é aquele que promove o máximo de deposição do ingrediente ativo no alvo, com um mínimo de contaminação do meio ambiente.
Nos últimos anos, a aplicação aérea de defensivos agrícolas voltou a ser alvo de grandes discussões no Brasil, inclusive com a criação de leis contra a atividade em alguns estados e municípios.
As duas culturas que mais utilizam a pulverização aérea no Brasil são a soja e a cana-de-açúcar, nessa ordem.
Segundo a Brasquímica, a pulverização aérea é a forma mais ágil para tratar o campo e ainda evitar o amassamento da planta. Prova disso é a quantidade de aviões agrícolas no Brasil: mais de 2.100 aeronaves, a maioria fabricada aqui pela Embraer. Estima-se que quase um quarto (1/4) da pulverização de lavouras aqui no Brasil é feita por aviões agrícolas. Isso nos torna detentor da segunda maior frota de aeronaves agrícolas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Os dados são do Registro Aeronáutico Brasileiro - RAB.
Quando precisamos usar a pulverização aérea ? Muitas vezes, quando as plantas atingem alturas elevadas (2 ou mais metros), tornando-se a única alternativa para protege-las das pragas e doenças. É o caso das espécies florestais (eucalipto) por exemplo, e de outras culturas como a cana-de-açúcar, laranja, café e milho, inviabilizando a aplicação terrestre com tratores.
Além disso, a urgência da aplicação, no caso de surtos epidêmicos de doenças causadas por mosquitos e no caso de pragas muito agressivas, torna indispensável esse tipo de aplicação. Pragas como percevejo, gafanhoto, bicudo-do-algodoeiro e ferrugem da soja, podem destruir uma plantação em poucos dias. Nessas situações, em grandes áreas, somente o avião agrícola permite realizar uma ação rápida no controle das pragas.
Outra vantagem do avião, que o torna indispensável, é que ele pode operar logo depois da chuva, enquanto o trator tem de esperar que o solo fique mais seco para poder trafegar.
A empresa Mais Soja publicou na internet um artigo intitulado: "A pulverização aérea de defensivos é realmente necessária ?". Pedimos permissão para reproduzir abaixo uma das ilustrações deste texto.
O uso do avião agrícola na aplicação de defensivos agrícolas e outros produtos, é precisa, pois conta com equipamento embarcado orientado por satélites, chamado DGPS (Differential Global Positioning System), que em português significa "Sistema de Posicionamento Global Diferencial".O DGPS é uma técnica que melhora a precisão do GPS (Global Positioning System), que é um sistema de navegação por satélite, tornando-o mais preciso e confiável. O DGPS é frequentemente utilizado na agricultura de precisão, incluindo as pulverizações com aviões agrícolas, para melhorar a precisão e a segurança dessas operações.
O avião agrícola permite a adoção do ultra baixo volume - UBV, volumes mínimos de produtos fitossanitários, lançados por alguns bicos hidráulicos mas, principalmente, pelo atomizador rotativo, que produz gotas menores e mais uniformes.
A aviação agrícola no Brasil conta com Normas e Regulamentos específicos (do MAPA, ANAC e Sindicatos), além de Pilotos capacitados. Entre as orientações que recebe o piloto, consta um mapa da área a ser pulverizada, sinalizando as que não devem ser sobrevoadas.
A aviação agrícola começou no Brasil em 1947, para conter um ataque de gafanhotos em Pelotas - RS.O modelo de aeronave mais usado no Brasil, o Ipanema, está no mercado há cerca de 50 anos. Seu projeto nasceu a pedido do Ministério da Agricultura - MAPA e a primeira unidade foi fabricada pela Embraer em 1972. Hoje, o modelo já está na sétima versão. Ele carrega 900 litros e pode ter um desempenho de até 200 ha/h na pulverização de soja, milho e cana. Até o fim do ano a Embraer deve bater a marca de 1.400 unidades produzidas do Ipanema. Todas elas atendem o mercado interno. Um avião agrícola leva 3 meses para ser fabricado, segundo o site www.canaonline.com.br
Nos últimos dez anos, ocorreram 110 acidentes com aeronaves agrícolas em território brasileiro. Desse total, mais de 60% resultaram de colisões em voo com obstáculos e perdas de controle em voo.(1)
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) a aviação agrícola está no topo dos acidentes aéreos. A taxa de acidentes no Brasil em 2020, por milhão de decolagens no setor foi de 131,46 acidentes, ou seja, mais de 131 casos em um milhão de decolagens.
Por voar a baixa altura (de 2 a 4 m) quando está pulverizando, o voo requer muita perícia do piloto; mesmo assim, a colisão com obstáculos (poste, árvore, fiação elétrica e outros) é a terceira causa de acidentes, como mostra a Figura abaixo.
Os 3 estados brasileiros onde ocorrem mais acidentes com aviões agrícolas são Mato Grosso, Rio Grande do Sul e São Paulo, como mostra o Gráfico acima.
Ref.1 - "Acidentes nas operações aeroagrícolas: análise do fator humano", Alexandr C. Simão.
APLICAÇÃO POR VIA SÓLIDA
Uma das principais vantagens da aplicação via sólida é a não utilização da água, o que dispensa diluição pelo usuário. Dependendo da granulometria do material, a aplicação de sólidos comporta duas modalidades: aplicação de pó e aplicação de grânulo, estando a primeira praticamente em desuso atualmente.
Quando aplicado com bicos hidráulicos, ao término da pulverização, deve-se lavar bem as pontas (deixar de molho em água com detergente), pois os materiais usados tendem a se depositar e secar no interior das pontas.
Equipamentos
Aplicadores de pó ou polvilhadoras usadas em pós secos; e
Aplicadores de granulados, que dispensa o ventilador usado nos aplicadores de pó.
Regulagem
Pulverizadores:
Q (l/ha) = (q(l/min)*60.000)/(e(cm)*V(km/h)) onde: e = espaçamento.
q (l/min) = (V(km/h)*e(cm)*Q(l/ha))/60.000 onde: V = velocidade do trator.
Pr = (Ct(l)*D(kg ou l))/Q(l/ha) onde: Ct = capacidade do tanque e D = dosagem.
Fonte: Tecnologia de Aplicação - Cap. 13, Robinson L. Contiero e auxs., 50 págs. (books.scielo.org)
APLICAÇÕES LÍQUIDAS DE PESTICIDAS
Para as aplicações utilizando-se aeronaves, as condições limites são:
a) Para aplicações com calda de formulação líquida em água, usando gotas de 200 um a 500 um de diâmetro e volumes de calda de 20 l/ha a 50 l/ha, a aplicação aérea deve ser interrompida quando a diferença de temperatura psicrométrica for maior que oito graus centígrados deltaT > 8oC, ou quando a temperatura do ar for superior a 36oC.
b) Para aplicações com calda de formulação líquida em água, utilizando-se gotas de 150 um a 170 um de diâmetro e volume de calda de 10 l/ha a 15 l/ha, a interrupção da aplicação aérea deve ocorrer quando deltaT > 4,5oC ou quando a temperatura do ar for maior que 32oC.