Aprendemos na lição passada que a economia é a ciência que estuda a escassez e, em função disso, todas as decisões a serem tomadas têm que ser pensadas com muito cuidado para se alcançar o melhor resultado, observando sempre a relação entre o custo e o benefício.
Vimos também que existem um conjunto de princípios que orientam como as pessoas tomam decisões, como as pessoas interagem e como a economia funciona. No entanto, a economia é uma ciência, então ela é fruto de uma evolução que vem ocorrendo ao longo de muitos anos. Imagine seu nível de conhecimento quando era apenas um bebê comparado com agora, você deve concordar que atualmente suas capacidades de lidar e entender a realidade a sua volta é bem melhor agora do que naquela época, e será melhor no futuro em relação a hoje, não é mesmo?
Na ciência econômica não foi diferente. Quando as primeiras ideias sobre a economia surgiram, as respostas aos problemas eram simples, se comparadas com o conhecimento acumulado que temos agora, mas essas etapas foram necessárias pois foram a partir delas que a economia enquanto ciência se desenvolveu, e ainda está se desenvolvendo. Aprenderemos na presente lição qual foi o processo de transformação dessa ciência ao longo dos anos, abordando em cada contexto histórico, quais eram as principais perguntas que os pensadores da época queriam responder, e quais foram as contribuições práticas de cada um.
A importância de se conhecer o surgimento de uma ciência se dá pelo fato de, ao descobrirmos esse processo, compreendemos que sua evolução não ocorre da noite para o dia, mas é fruto de um grande debate de ideias e de pensadores, que às vezes se complementam e às veze se contrapõe, mas no fim, ela se aperfeiçoa. Assim também é em sua vida enquanto ser social, uma vez que é mediante o debate que ideias antigas são aperfeiçoadas ou mesmo descartadas por ideias que se mostram mais coerentes para explicar a realidade.
Espero que você aproveite a jornada que vamos fazer nessa lição, pois estudaremos a formação de uma ciência para, a partir disso, compreendermos melhor algumas teorias amplamente defendidas pelos economistas como formas ideais de organizar a atividade econômica de um país e outras que foram descartadas, de forma parcial ou total (veremos com mais detalhes esses aspectos nas próximas lições).
Qual a importância de se estudar as escolas do pensamento econômico? Por que devo ser capaz de identificar qual a origem de uma ideia defendida por um economista? Em que momento da minha vida vou utilizar isso?
Talvez essas sejam perguntas que tenha feito ao ler o título da presente lição, não é mesmo? Conhecer a história do pensamento econômico parece ter pouca aplicabilidade na vida, mas isso não é verdade e vou te mostrar isso.
Alguma vez você já se deparou com a notícia de que o prefeito de sua cidade vai realizar uma obra pública e pavimentar um trecho da cidade que ainda não possui asfalto? Ou quem sabe você seja um estudante atento às notícias do país e viu que existem propostas de privatizar algumas estatais? Já ouviu ou leu em algum lugar que o Brasil possui uma carga tributária muito elevada?
Os exemplos são diversos e sempre que notícias como essas aparecem, surgem também as falas dos diferentes grupos ou partidos políticos sobre como ou quais devem ser as ações econômicas adotadas. Essa diversidade sobre o que deve ser feito diz respeito a linha, ou vertente teórica, que está por trás do pensamento político de cada um.
Gestores públicos que acreditam que o mercado é a melhor forma de organizar a atividade econômica vão adotar práticas econômicas em sua gestão que serão marcadas por uma menor participação do Estado, ou seja, vão intervir muito pouco na economia. Essa ideia se fundamenta principalmente nas teorias propostas pelas escolas do pensamento econômico clássica e neoclássica.
Já governos que preferem uma participação mais ativa do Estado na economia, se servindo desse agente para gerar crescimento econômico, pensam assim por confiar no que foi proposto pela escola keynesiana.
É mais ou menos assim: Imagine que você e seu irmão ou irmã estão em um impasse sobre de quem é a vez de lavar a louça ou se emprestam ou não algo um para ou outro. Se sua mãe fosse da escola Clássica ou Neoclássica, a tendência é que ela não interviesse no conflito e deixasse vocês chegarem a um acordo. Se ela fosse da escola keynesiana, ela interfere de alguma forma para mediar o conflito e chegar a uma solução.
Conhecer a história do pensamento econômico é conhecer os pilares que sustentam as decisões tomadas no âmbito governamental e que de alguma forma vão refletir em sua vida, e isso não somente como profissional, mas também como um cidadão. Por essa razão, a presente lição é de fundamental importância para você entender as motivações e os resultados esperados quando os gestores públicos tomam suas decisões.
A história brasileira é marcada por diversos momentos em que o Estado promoveu o financiamento de grandes obras e projetos, como no caso da construção de Brasília, por exemplo.
O fundamento para os gestores públicos utilizarem o Estado para fomentar, isto é, incentivar o desenvolvimento econômico é porque acreditam que o mercado por si só não consegue organizar os recursos na economia, precisando intervir para garantir o máximo de eficiência (produção) e igualdade (distribuição) na economia. Como você verá na lição, essa ideia surgiu e se espalhou pelo mundo a partir do século passado, quando a escola Keynesiana propôs suas teorias.
No Brasil, porém, a partir da década de 1990, um novo grupo político assumiu o comando, trazendo também uma mudança na ideologia econômica. Nessa época voltou-se a acreditar que a melhor forma de organizar a economia era pelo mercado, e o Estado por sua vez, tinha que intervir o mínimo possível. C
Porém, a Pandemia da Covid 19 que assola o mundo desde 2020 mostrou que a presença do Estado na economia de fato pode ser muito útil para toda população, seja pelas garantias básicas de saúde como também sua ação para garantir que os impactos causados sejam menos nocivos para economia, principalmente ao se pensar nas classes mais pobres. A partir desse contexto, na sua opinião, exercite seu senso crítico e reflita: em quais áreas você considera que a presença do Estado de fato é fundamental para o bem estar da população?
O case te deixou intrigado(a)? Assista ao vídeo a seguir para conhecer um pouco mais sobre essa história:
Espero que tenha gostado de compreender um pouco mais sobre economia com nossa primeira lição. Preparado para ir adiante?
Agora que você, estudante, conhece os princípios da economia, que tal descobrir um pouco mais sobre a história da economia? Essa ciência, como todas as ciências, é fruto da evolução de ideias que ainda estão em amadurecimento e, nessa lição, vamos aprender sobre sua formação histórica, a começar pela considerada primeira escola do pensamento econômico, a escola mercantilista.
O momento histórico é o século XV e os países ricos da época, notadamente os europeus, como Inglaterra, Espanha e Portugal, começaram a expandir seu poder por todo o mundo, por meio das chamadas grandes navegações. Esses países financiavam incursões marítimas com o propósito de descobrir riquezas em outras partes do mundo e também, potencialmente, expandir seu mercado. Essas incursões marítimas se mostraram muito lucrativas, pois regiões que eram descobertas se mostravam abundantes em riqueza, seja em forma de produtos de consumo como alimentação e vestimentas, como também na obtenção dos chamados metais preciosos, notadamente o ouro. Uma vez que esse comércio internacional se mostrou um ótimo investimento, os pensadores da época defendiam que a forma pela qual uma nação pode enriquecer é mediante o comércio.
O mercantilismo foi um momento no qual os pensadores, que à época eram mais filósofos do que economistas, defendiam que o meio pelo qual uma nação pode enriquecer é mediante o comércio, principalmente no acúmulo de metais preciosos - ouro e prata. Quanto maior fosse a quantidade desse bem no país, mais rico ele seria. O mercantilismo se configurava assim como um capitalismo unicamente comercial, não preocupado com a produção e geração de valor, mas apenas em obter e comercializar metais preciosos (BRUE, 2005).
Uma coisa que esperamos que fique evidente é que o que marca cada escola econômica é a forma como ela entende como a riqueza é gerada. Mercantilistas apostam no comércio e na acumulação de metais preciosos, os fisiocratas, por sua vez, vão dizer que é a natureza a geradora de riqueza. O termo fisiocracia vem do grego fisiocracia (physis e kratos) e quer dizer poder ou governo da natureza.
Os pensadores dessa escola acreditavam que um país não iria enriquecer unicamente por comercializar e acumular metais preciosos, pois era necessário o investimento no âmbito produtivo, mas não em qualquer produção, mas na produção agrícola. O motivo para pensarem isso? A natureza era a única capaz de gerar excedentes.
Os fisiocratas defendiam que a economia obedecia a leis naturais e entre a agricultura capitalista e a camponesa, se verificou uma superioridade da agricultura capitalista em termos de produção. Por esse motivo a crença de que agricultura em uma economia livre era a forma pela qual uma nação poderia enriquecer, dado a produção em grande escala desse setor e sua geração de excedentes que poderiam ser posteriormente comercializados, razão pelo qual para os fisiocratas o único trabalho verdadeiramente produtivo era o trabalho agrícola (GENNARI; DE OLIVEIRA, 2017).
Dando continuidade a evolução da ciência econômica, vamos imaginar que você vai iniciar uma viagem de carro por uma estrada desconhecida. Ao iniciar o percurso, você não sabe lidar muito bem com o novo caminho, então suas decisões sobre as direções a serem tomadas podem fazer com que a viagem demore um pouco mais, mas não tem problema, você ainda está em processo de aprendizagem. Depois que você fez o percurso, pode olhar para trás e se perguntar como conseguiu errar o caminho, afinal, era muito óbvio. Essa obviedade se dá pois você já fez o caminho, já o conhece, não é mesmo? Essa alegoria é só para mostrar que o mesmo ocorre com qualquer ciência. No início, cada nova descoberta é uma grande descoberta, mas com o passar dos anos parece que certos erros e acertos eram óbvios.
Os pensadores dessa escola, os chamados autores clássicos, se destacam por serem os primeiros a adotar um caráter científico em suas pesquisas, principalmente ao discutir não somente sobre geração de riqueza, mas sim geração de valor. Os dois principais nomes da escola clássica são Adam Smith e David Ricardo, uma vez que suas contribuições se estendem a diversas áreas como o debate sobre divisão de renda, comércio internacional, valor do trabalho e divisão social do trabalho. No famoso livro “Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações” publicado em 1776 por Adam Smith, considerado como o pai da economia moderna, a economia deveria ter como propósito entender como era gerado a riqueza em um país e como era distribuída. Riqueza, para Smith, só era obtida por meio da posse de algo que possuísse valor de troca, ou seja, a capacidade de uma mercadoria de poder ser comercializada por outras mercadorias (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013).
Smith se contrapõe aos mercantilistas ao dizer que a riqueza é dada pelo valor de troca, não pela moeda (metais preciosos), pois a função da moeda é servir apenas como uma ferramenta para a realização das trocas. A questão é, o que cria valor de troca? A resposta de Smith é o trabalho humano. Dessa forma, quanto mais produtivo for o trabalho, mais especializado e maior a acumulação de capital, maior seria a riqueza de um país.
Outro aspecto a ser destacado por essa escola é a sua defesa ao equilíbrio automático de mercado. Eles acreditavam no postulado da Lei de Say, que dizia que a oferta cria sua demanda, de forma que o total de salários e ganhos é igual ao total de produtos e serviços ofertados.
Em resumo, essa escola defendia preceitos como liberdade individual acima do coletivo; direito de propriedade inalienável (que não pode ser cedida ou tomada), livre iniciativa, livre concorrência e a não intervenção do Estado. Para os clássicos o Estado deveria existir, mas não agindo ativamente na economia, apenas garantindo o cumprimento de leis, principalmente o de direito de propriedade e manter algumas instituições básicas como saúde, educação e defesa nacional (BRUE, 2005).
A escola marxista se apresentou com uma oposição teórica aos fundamentos da economia clássica e recebe esse nome em homenagem a Karl Marx, que tem como principal obra “O capital”, obra essa formada por três livros. Na abordagem de Marx, o valor de uma mercadoria era dado pela quantidade de trabalho que havia nela. O valor era interpretado como de uso e de troca.
Valor de uso é dado pelas características físicas do produto e sua capacidade de satisfazer uma necessidade individual.
Valor de troca era a capacidade de um produto ser trocado por outro, ou seja, a propriedade de ser comercializável e, quanto maior a quantidade de trabalho em um bem, maior seria seu valor de troca.
Outro aspecto importante que Marx se contrapõe ao pensamento clássico é de que o capitalista não remunera de forma adequada seu trabalhador, pois da mercadoria vendida, apenas uma parte é repassada ao trabalhador, o restante fica nas mãos do capitalista. Essa diferença entre o valor monetário recebido pela venda de um produto e o percentual dado ao trabalhador foi batizado por Marx como mais valia (GENNARI; DE OLIVEIRA, 2017).
Marx aponta que o sistema capitalista baseado na livre concorrência era uma incoerência lógica, motivo pelo qual acreditava que o capitalismo trazia consigo a semente de sua própria destruição. Para o pensador, a livre concorrência no longo prazo conduziria a economia a um estado de superprodução, que não seria absorvida pelo mercado dado o fato de que em uma economia de livre mercado, os capitalistas pagariam os menores salários possíveis.
O ciclo então se iniciava. Sem lucros os investimentos produtivos iriam se reduzindo cada vez mais, aumentando o desemprego e a falência de muitas empresas de menor porte. Esse processo faria com que houvesse uma diminuição do número de empresas, concentrando o poder nas mãos de poucos. As mazelas sociais causadas por esse processo fariam, segundo Marx, com que a classe trabalhadora se revoltasse contra o sistema, a chamada revolução do proletariado, fazendo a economia mudar sua organização social e econômica para outro modelo, o socialismo.
Como mencionado no começo desta lição, é importante lembrarmos que estamos falando sobre períodos passados da história, por isso cada novo grupo de pensadores eram influenciados pelos anteriores, seja para fazer uma crítica, assim como os fisiocratas ao mercantilistas e os marxistas aos clássicos, mas também para complementar ou contribuir de forma direta, como os clássicos em relação aos fisiocratas.
A escola neoclássica, como o próprio nome diz, pode ser entendida como uma tentativa de trazer à tona novamente os pressupostos da escola clássica em um período mais moderno, por volta dos anos 1870, momento de intensa internacionalização das relações econômicas, e perdurou até meados de 1929, momento de uma crise econômica que marcaria a história da humanidade e que pôs em cheque as principais ideias defendidos por essa escola.
Os neoclássicos também são chamados marginalistas, pois adotaram diversos pressupostos da escola marginalista, como por exemplo a intenção de integrar em uma única abordagem os estudos sobre o valor com a teoria da produção, objetivando maior eficiência na alocação dos recursos pensando especificamente no nível micro ou seja, as empresas individuais e os consumidores, e não no contexto macroeconômico, como fizeram os clássicos (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013).
Alguns nomes como o de Vilfredo Pareto, Léon Walras e Alfred Marshall se destacam por realizarem diversas contribuições. Em Pareto tem se o avanço nos estudos sobre o bem-estar dos indivíduos, concebendo as chamadas curvas de indiferença, amplamente utilizadas nas análises microeconômicas, ou seja, que diz respeito ao particular, ao que circunda um único indivíduo ou a um pequeno grupo. Além disso, criou o princípio do “ótimo de Pareto”, que indica que após alcançado esse nível ótimo, não é possível melhorar a situação de um indivíduo sem prejudicar outros. Já Walras teve grande contribuição para o avanço da matemática nos modelos econômicos, com contribuições nas análises de equilíbrio geral macroeconômico (BRUE, 2005).
Por fim, Marshall ocupa um lugar de destaque entre os neoclássicos por sua contribuição em diversas áreas da economia e que atualmente ainda são utilizadas nos modelos econômicos. O autor desenvolveu diversos conceitos como custos de produção, utilidade marginal (lembra-se do 3º princípio econômico visto na lição passada?), utilidade marginal descrente, análise de equilíbrio parcial e principalmente a curva de demanda, amplamente utilizada nas análises econômicas desde então (GENNARI; DE OLIVEIRA, 2017).
Não se preocupe se você não estiver compreendendo as contribuições desses pensadores, pois neste momento nós estamos apenas apresentando os conceitos e, futuramente, vamos nos aprofundar nas ferramentas que ainda hoje são contribuições úteis para a compreensão da economia. Por ora, é importante conhecer quem são os pensadores que colaboraram para o desenvolvimento da economia, e criar repertório para a elaboração da sua própria visão crítica a respeito das escolas econômicas.
A última escola a ser estudada nesta lição será a Keynesiana. No entanto, não pense que elas acabam aqui, diversas outras surgiram ao longo do tempo, seja com o propósito de complementar uma escola anterior ou mesmo fazer uma crítica. Para um curso introdutório, se você, estudante, compreender bem sobre as teorias defendidas pelas principais escolas do pensamento econômico, já terá conhecimento suficiente para compreender melhor o ambiente econômico que vive, bem como as motivações dos gestores públicos ao elaborarem suas ações.
O preceito clássico de que a mão invisível do mercado fosse capaz de regular de forma eficiente toda a economia não foi suficiente para garantir o equilíbrio e harmonia no mercado.
Em essência, as contribuições de John Maynard Keynes, pensador que deu nome a essa escola, vieram com o propósito de corrigir as imperfeições do mercado, inserindo o Estado como um agente capaz de melhorar o desempenho da economia. Keynes em nenhum momento defende o fim do capitalismo, mas apenas que o Estado é necessário para corrigi-lo em momentos de crises (GENNARI; DE OLIVEIRA, 2017; BRUE, 2007).
O pensamento de Keynes foi tão importante que influenciou as políticas econômicas adotadas pelo período de 1930 a meados de 1970 em todo o mundo, e no Brasil até 1980. Talvez você tenha lido em algum livro de história brasileira que nosso país passou por uma forte intervenção do Estado em sua economia entre os anos de 50 a 80, estimulando a industrialização nacional. Um ponto de grande discordância do pensamento clássico com o keynesiano era de que a lei de Say, postulada na Escola Clássica, que dizia que a oferta cria sua demanda, não se verificava na realidade, pois se fosse verdade, não poderia existir desequilíbrios entre oferta (quem produz) e demanda (quem consome), seja um excesso ou escassez de produção ou renda (HUNT; LAUTZENHEISER, 2013).
Os autores clássicos não acreditavam no desemprego involuntário, em momentos de crise bastava que o mercado seguisse a livre concorrência que a longo prazo tudo se adequaria, era só o Estado não intervir. Keynes, ao contrário, acreditava que nesses momentos de crise era necessário a intervenção do Estado, pois as pessoas não poderiam esperar o longo prazo. Dessa forma, para corrigir, principalmente o desemprego, gerado pela imperfeição do livre mercado, Keynes propõe a ação efetiva do agente Estado para regular a economia em momentos de crise no capitalismo. E você deve estar se perguntando, como o Estado pode intervir nesses casos? Gerando emprego, por meio de obras públicas, por exemplo. Os dois principais livros de Keynes foram “Tratado sobre a moeda” de 1930 “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” de 1936, este último sendo considerado sua maior contribuição ao pensamento econômico.
Portanto, você teve a oportunidade de aprender na lição de hoje sobre a longa trajetória da economia, passando pelos Mercantilistas que apostavam no comércio e nos metais preciosos para se obter riqueza; conheceu também os Fisiocratas, que acreditavam que a agricultura era o único trabalho produtivo; foi apresentado à Escola Clássica, cujo precursor foi Adam Smith, considerado o pai da economia, aprendeu com ele sobre a necessidade do valor de troca, compreendeu que para essa escola a liberdade individual é muito importante, portanto, o Estado não deve interferir no mercado, além de outros aprendizados.
Você também conheceu a Escola Marxista, que se contrapunha aos clássicos, apontando que a não intervenção do Estado poderia acarretar no poder concentrado na mão de poucos, aprendeu sobre o conceito de mais valia e outros conceitos apresentados por Marx. Já na Escola Neoclássica, compreendeu que foi uma escola que pretendeu dar continuidade à Escola Clássica, apresentando novos conceitos, dentre os pensadores desta escola destacam-se Pareto, Walras e Marshall. E por fim, conheceu a Escola Keynesiana, que defendeu que o Estado deve intervir para regular a economia até que os ajustes automáticos do mercado aconteçam. São muitos anos e escolas de pensamento diferentes, por isso tantos posicionamentos econômicos são debatidos e comentados, e agora que você já conhece parte dessas teorias, ficou mais interessado?
Clique no play a seguir e assista ao vídeo:
O conteúdo da presente lição trouxe para você, aluno(a), o levantamento histórico da ciência econômica, mostrando alguns dos pensadores mais famosos que propuseram grande parte dos princípios econômicos seguidos até hoje em todo mundo e que boa parte também estavam presentes no conteúdo da nossa primeira lição, os 10 princípios da economia.
Talvez agora tenha ficado um pouco mais claro para você o porquê da existência de certos padrões no comportamento econômico, seja no nível individual, ou microeconômico, como no agregado, ou macroeconômico. Sempre que uma política econômica é adotada, ao nível municipal, estadual ou federal, e como já sabemos que as pessoas no âmbito econômico reagem a incentivos, o formulador da política espera que dessa ação surja algum resultado, e o motivo pelo qual ele espera isso é porque acredita que essa é a melhor decisão a ser tomada, dado os recursos que tem e o pensamento econômico que acredita ser o correto, e isso às vezes de forma inconsciente.
Políticas que tem como objetivo a maior participação do Estado possuem como fundamento as teorias de Keynes, pois acreditam que o mercado por si só não consegue gerar os melhores resultados sociais possíveis. Políticas que visam a não intervenção do Estado, por sua vez, estão mais próximas das vertentes clássicas e neoclássicas do pensamento econômico, por acreditarem que sim, o mercado mesmo com imperfeições ou falhas, ainda é capaz de criar um ambiente de maior eficiência na produção e alocação dos recursos se comparado com o Estado.
Mas essa análise não se limita apenas a política, mas indivíduos que acreditam que o mercado não é uma boa forma de organizar a economia tendem a adotar os pressupostos da teoria keynesiana ou marxista, como já dito de forma consciente ou não, assim como existirão aqueles que são mais pró mercado, ou seja, acreditam que o potencial das interações individuais sem intervenção é a melhor forma de conduzir e planejar sua vida.
Com esse conhecimento, ao longo de sua vida você perceberá que as decisões econômicas não são preto no branco, mas sim um misto de duas ou mais referências teóricas distintas, o que te ajudará a entender não somente o porquê de tais decisões serem tomadas, mas também quais são suas motivações e resultados esperado, podendo dessa forma se planejar melhor para o futuro.
Para compreender melhor as principais escolas econômicas e suas características, sugiro que você construa um quadro com o resumo das escolas, coloque o nome de cada uma, o nome dos principais economistas, o que elas defendem e o que te chamou a atenção em cada uma delas. Você aceita esse desafio?
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BRUE, S. L. História do pensamento econômico. 6° ed. São Paulo: Thomson Learning, 2005.
GENNARI, A. M; DE OLIVEIRA, R. C. História do pensamento econômico. Saraiva Educação SA, 2017.
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, M. História do Pensamento Econômico. Trad. André Arruda Villela. 2013.
IBGE. Sistema IBGE de Recuperação Automática. Contas Nacionais Trimestrais. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1846. Acesso em: 13 dez. 2021.