Olá, caro(a) estudante, que bom ter você, aqui, para mais uma lição da disciplina de Introdução à Economia. Estamos aos poucos construindo um conhecimento, ainda que básico, sobre diversas áreas de estudo dos economistas e que de alguma forma afeta sua vida, de forma direta e indireta.
Dando continuidade à essa jornada de conhecimento econômico, especificamente no conteúdo da teoria da produção, na presente lição, vamos dar um grande passo adiante, pois colocaremos o último tijolinho em nossa construção para entender como as empresas tomam suas decisões, pois, na lição, vamos aprender sobre custos.
Algum aluno(a) mais curioso(a) deve ter feito a seguinte pergunta: está bom, já vimos que as empresas produzem usando sua tecnologia de produção, aprendemos sobre a função de produção e sobre como medir a produtividade dos fatores de produção por meio do produto marginal e do produto médio, mas as empresas têm que contratar esses fatores, dessa forma, ela tem um custo de produção, e onde esses custos entram em nossos estudos?
Se você fez essa pergunta, parabéns! Lembra-se de quando vimos a teoria do consumidor e vimos que as pessoas não podem comprar todos os produtos e serviços que desejam, porque seus recursos, o salário, é limitado? Então, na teoria da produção, a ideia é exatamente a mesma, ou seja, as empresas vendem seus produtos e serviços para terem lucro, mas para poderem produzir utilizam fatores de produção, que tem que ser pagos (trabalhadores recebem salários, e capital recebe aluguel, juros, entre outros).
Dessa forma, a empresa tem que ter um critério para decidir o quanto de trabalho e de capital vai utilizar em seu processo produtivo, além de outros insumos. Vamos manter a hipótese de que as empresas decidem basicamente entre trabalho e capital, então a decisão de contratação desses fatores vai levar em consideração o quanto cada fator pode adicionar na produção (o que aprendemos, na lição passada) e o quanto vai custar produzir mais.
Talvez, ficará mais fácil entender a lição de hoje se você se colocar no lugar de um empresário, que precisa produzir o máximo para vender e ter lucro, mas com o mínimo de custo possível. Na aula de hoje, aprenderemos sobre os tipos de custos existentes e como eles são importantes na decisão de produção das empresas.
Como as empresas decidem o quanto de trabalhadores ou de máquinas vão contratar para gerar o produto que será vendido posteriormente no mercado?
Já pensou sobre isso? Vimos, na lição passada, que cada novo fator de produção é contratado com o objetivo de aumentar a produção. Desse modo, a partir do momento em que um novo trabalhador ou máquina, ao invés de aumentar, diminuir a produção, não faria sentido sua contratação, não é mesmo?
Essa é uma análise voltada para a produção, mas como ficam os custos? Um trabalhador adicional, por mais que seja capaz de aumentar a produção, tem um custo para ser inserido dentro da empresa, e esse custo é chamado de salário. O mesmo para novas máquinas. Ao se comprar uma nova máquina — à vista, por meio de um empréstimo ou financiamento —, mesmo ela aumentando a produção, será um custo a mais para a empresa, de forma que não basta pensar apenas no quanto a mais ela produz, mas se esse acréscimo é economicamente eficiente.
Para podermos entender isso, a lição de hoje vai abordar alguns tipos de custos muito importantes não apenas para economistas, mas para qualquer profissional da gestão, como administradores, tecnólogos, gestores e contadores.
Uma forma de destacar a importância da lição, você sabia que, em uma empresa, existem alguns custos que não variam com a produção, ou seja, se a produção aumentar ou diminuir não importa, o empresário terá que desembolsar o mesmo valor? Você já parou para pensar que existem custos variáveis, custo que aumentam ou diminuem de acordo com o nível de produção. Para quem não sabia, não fique preocupado, a lição de hoje trará todos esses conceitos sobre custos, conceitos esse, como mencionado, amplamente utilizados por profissionais da gestão.
Além desses custos, já parou para pensar que, como mencionado em nossa aula sobre os 10 princípios da economia, existe o chamado custo de oportunidade, também conhecido como custo econômico, que indica não somente o valor pago por um custo (por exemplo, um salário, um aluguel, juros de uma dívida, entre outros), mas também a perca associada à escolha de investir os recursos em uma área, sendo que se fosse investido em outra área também traria ganhos?
Em nossa lição, aprenderemos sobre tudo isso!
Para que você, aluno(a), perceba a importância da análise de custo para uma empresa, de pequeno, médio ou grande porte, do setor privado ou público, vamos analisar uma matéria que foi veiculada em março de 2022.
A notícia tinha o título “Siderópolis: Força energética para Santa Catarina” e tratava da inauguração de um empreendimento de R$ 1,28 trilhão que inclui 435 quilômetros de linhas de transmissão de energia e 925 torres, abrangendo 28 comunidades catarinenses. A obra gerou uma nova fonte de energia para o estado de Santa Catarina, com um aumento de 66% de disponibilidade de energia (MONTE, 2022).
O aumento da disponibilidade de energia foi mais do que dois gigawatts extras e com a inauguração da obra o estado ganhou uma segunda fonte de energia, o que reduz o custo e aumenta a confiabilidade no requisito energético (MONTE, 2022).
Agora, você pode se perguntar: mas qual a relação dessa notícia com o conteúdo? Na reportagem em resumo, é noticiado que no estado de Santa Catarina vai aumentar a disponibilidade de energia no estado. O ponto a ser observado na matéria é que ela destaca que o empreendimento vai reduzir o custo marginal de energia do estado.
Mas o que isso quer dizer? Se a matéria dissesse que iria reduzir o custo de produção de energia ou falasse que o custo médio de produção reduziria, tais conceitos seriam mais fáceis de entender, não é mesmo? Mas o que quer dizer redução no custo de produção? Na lição da aula de hoje, aprenderemos sobre isso e como esse é um conceito tão importante para as empresas.
Continuando com o tema da teoria da produção, agora que já vimos sobre a escolha dos fatores de produção, a partir do produto final gerado pela combinação de capital e trabalho, vamos iniciar o tema dos custos.
Assim como consumidores enfrentam a restrição orçamentária, o que limita a quantidade de bens e serviços que podem comprar, é de se esperar que as empresas também não tenham recursos financeiros infinitos, necessitando, assim, ter que escolher a quantidade de fatores de produção que vão adquirir, dado o seu custo, e fazer a melhor escolha possível para ter o mínimo de custo, mas o máximo de produção, não é mesmo?
Vamos iniciar conceituando os principais tipos de custos considerados pelos economistas.
Vamos começar fazendo uma distinção básica, porém muito importante, sobre a diferença entre custo econômico e custo contábil. Do ponto de vista da contabilidade, a definição de custo contábil é definida aos valores de despesas que a empresa, efetivamente, paga e irá pagar, pela compra de equipamento, pagamento de salários e, também, desgaste dos equipamentos da empresa que, em algum momento, terão que ser restituídos (VARIAN, 2012).
Ao se pensar no custo econômico, leva-se em consideração não somente aos desembolsos diretos associados a uma atividade produtiva, mas também o custo de decidir utilizar os recursos. Não entendeu? Já vamos explicar. Imagine que você está planejando abrir uma empresa e, para isso, terá que investir uma determinada quantidade do dinheiro que possui, além de pegar uma parte emprestada no banco. Assim, inicialmente, o seu custo contábil seria apenas o valor que teve que gastar para abrir a empresa. Já o seu custo econômico, por sua vez, seria o custo de iniciar a empresa somado ao custo que teve ao desistir de outros investimentos. Imagine que o investimento total da empresa é de R$ 200.000,00. Se você, ao invés de abrir a empresa, investisse em ações ou em renda fixa e tivesse um ganho mensal de R$ 2.500,00, o custo contábil seria apenas os R$ 200.000,00, enquanto que o econômico seria os R$ 200.000,00 somado aos R$ 2.500,00 (MANKIW, 2013).
Essa decisão econômica de considerar todos os custos envolvidos, considerando todas as possibilidades de gastos, também é conhecido como custo de oportunidade, que indica as oportunidades que serão descartadas ao se tomar uma decisão. Um outro exemplo talvez possa ajudar. Imagine, agora, que você possui um edifício, de forma que não teria que pagar o aluguel se instalar ali sua empresa. Do ponto de vista da contabilidade, o custo com o espaço ocupado é zero, pois não se paga aluguel (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). Porém economistas vão dizer que existe sim um custo, pois você poderia optar por alugar o espaço para outra empresa. É justamente esse aluguel não recebido que é considerado como um custo de oportunidade. Assim:
Custo de oportunidade = custo econômico
De acordo com Pindyck e Rubinfeld (2013), o motivo pelo qual os termos são empregados de forma distinta se dá em função do custo de oportunidade ser utilizado quando não, necessariamente, indicam um custo que envolva valores.
Vamos para mais exemplos, eles ajudam a entender melhor esses conceitos, não é mesmo? A situação agora é a seguinte, você já é dono(a) de uma pequena empresa, mas não tira um salário mensal para você, seu ganho depende dos ganhos da empresa. Você, no entanto, possui uma boa formação e sabe que, no mercado de trabalho, teria uma renda mensal de pelo menos R$ 7.000,00. Qual é o seu custo de oportunidade de ser dono da empresa? Isso mesmo R$ 7.000,00, pois deixa de ganhar esse salário para se dedicar a seu negócio.
O conceito de custo irreversível é o contrário do custo de oportunidade, em termos de obtenção, visto que custos de oportunidades, muitas vezes, são difíceis de identificar, enquanto que os custos irreversíveis são facilmente identificados, por serem custos realizados que não podem ser recuperados (VARIAN, 2012; PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Parece estranho o que vai ser dito sobre os custos irreversíveis, mas pense conosco: se você teve algum custo em uma viagem, por exemplo, e não tem como recuperá-lo de forma alguma, você o iria considerar em sua análise econômica? Não entendeu? Vamos para o exemplo. Novamente, você é dono de uma fábrica hipotética e teve que adquirir uma máquina que tem uma função muito específica no processo produtivo, de forma que se não for para tal função, a máquina é totalmente inútil. Essa máquina para você tem um custo de oportunidade igual a zero, porque economicamente ela não tem outra função, não pode ser utilizada em outra tarefa nem pode ser alugada, por ser muito específica. A decisão de comprar essa máquina no passado pode ter sido uma má ou boa decisão, mas isso não é mais relevante. Apenas, se a máquina pudesse ser usada em outra função, seu custo econômico estaria relacionado à sua possível venda ou aluguel. A próxima definição de custo é muito utilizada por economistas, então tente aprender o máximo possível.
Em alguns casos, os custos da empresa variam de acordo com o nível de produção, enquanto que em outros casos não. Esses custos são importantes, pois a soma deles resulta no chamado custo total (MANKIW, 2013).
Os custos fixos são aqueles que não mudam quando a produção da empresa aumenta ou diminui, de forma que, para que esses custos sejam eliminados, é necessário que a empresa encerre suas atividades. O custo variável, por sua vez, indica os custos que aumentam ou diminuem de acordo com a quantidade de produção que a empresa deseja. Exemplos de custos fixos são, por exemplo, o aluguel, seguro pago, o mínimo de funcionários para a empresa operar, e exemplos de custos variáveis são pagamento de salários, comissões, custos com insumos etc. (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Lembra-se de que aprendemos sobre o curto em longo prazo em aulas anteriores? Aqui, novamente, ele se faz importante, pois no curto prazo, dado a dificuldade de se aumentar a produção em um curto espaço de tempo, os custos tendem a ser fixos. No longo prazo, com a possibilidade de contratar ou não fatores de produção e, assim, alterar seus custos, todos os custos tendem a ser variáveis.
Agora que aprendemos sobre alguns conceitos importantes sobre custos, que tal analisarmos como eles se enquadram na teoria da produção e serão importantes na hora das empresas tomarem suas decisões? Vamos conhecer, agora, o custo marginal e o custo médio!
Caso você, estudante, tenha entendido bem as lições passadas sobre produto marginal e produto médio, não terá grandes dificuldades em entender o que é custo marginal e custo médio. O custo marginal (CMg) mostra o quanto o custo total aumenta, ao se desejar produzir uma unidade adicional de produto. Como vimos, o custo fixo não altera com o nível de produção, então o custo marginal acaba refletindo apenas nas mudanças de custo variável. O custo total médio (CMe), por sua vez, mostra o custo que se tem por cada unidade do produto (VARIAN, 2012). Para ficar mais clara a compreensão dos conceitos, vamos analisar o quadro seguinte:
Inicialmente, veja que a coluna custo total é dada pela soma dos custos fixos mais os custos variáveis e a coluna de custo total médio também é a soma do custo fixo médio e do custo variável médio (com algumas divergências em função do arredondamento das casas decimais). Dado a definição de custo marginal visto acima, veja que o custo marginal de aumentar a produção de 1 para 2 unidades é de R$ 28,00, pois o custo total de produzir 1 unidade é de R$ 100,00; enquanto produzir duas, o custo total é de R$ 128,00. O custo marginal de aumentar de 2 para 3 a produção é de R$ 20,00 dado que agora o custo com 3 unidade é de R$ 148,00 (R$ 148,00 - R$ 120,00 = R$ 20,00). E o custo médio total? Fica fácil, por meio do quadro, perceber que para obtê-lo basta dividir o custo total pela produção. Dessa forma, o custo total médio é de R$ 64,00 (R$ 128,00 / 2).
Para fechar nossa análise sobre custos, que será muito importante para a lição seguinte, adivinha o que vamos apresentar agora? Se você já se habituou às análises econômicas saberá que a resposta para a pergunta é um gráfico, a fim de representar o formato dessas curvas.
O que é importante entender da figura acima, pois nada mais é que uma representação gráfica do Quadro 1? Primeiro, como os custos fixos por definição são fixos, no gráfico (a), ele é representado por uma reta horizontal, enquanto que o custo variável e total são crescentes (quanto mais se produz, mais se gasta). No gráfico (b), é possível verificar uma curiosidade importante: sempre que o custo marginal é menor que o custo médio, o custo médio está caindo, e quando o custo marginal é maior que o custo médio, o custo médio está crescendo. Essa relação é importante, pois, quando o custo marginal é igual ao médio, o custo médio está em seu mínimo, sendo o ponto de escolha de quantidade de produção a ser escolhida e representada no gráfico pelo ponto A (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Quantos conceitos novos aprendemos, na lição de hoje, não é mesmo? Mas qual a razão pela qual esse assunto é tão importante? Como vimos no caso da lição, quando uma empresa consegue reduzir o custo marginal de produção, o custo para se produzir uma unidade adicional de produção torna-se menor, ou seja, se para aumentar em uma unidade de produção se gastava, por exemplo, R$ 200,00, se o custo marginal diminuir, essa mesma unidade adicional pode ser obtida por um custo menor que esse R$ 200,00.
Por essa razão, empresas e profissionais da área da gestão são tão preocupados com seus custos, pois, sempre que seus custos aumentam, a empresa fica em uma situação mais difícil, seja para adquirir os fatores de produção, que ficaram mais caros, seja porque isso afeta diretamente sua margem de lucro e o preço de venda a ser adotado.
Como exercício de fixação, vamos deixar o Quadro 2. Nele, constam a produção, os custos fixos e os custos variáveis. Para termos certeza que você aprendeu, seu desafio será completá-lo, considerando tudo o que aprendeu e chegando, assim, no custo total, no custo marginal e no custo total médio.
Clique aqui, teste seus conhecimentos sobre esta lição e confirme sua participação nesta disciplina!
MANKIW, N. G. Introdução à economia. [S. l.]: Cengage Learning, 2013.
MONTE, T. Siderópolis: Força energética para Santa Catarina. TNSUL.COM, [2022]. Disponível em: https://tnsul.com/2022/economia/sideropolis-forca-energetica-para-santa-catarina/. Acesso em: 6 jul. 2022.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. [S. l.]: Pearson Italia, 2013.
VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. [S. l.]: Elsevier Brasil, 2012.