Desde o início da nossa disciplina, você aluno(a), tem aprendido diversos termos, nomes, conceitos que acreditamos não ser comum em seu cotidiano, não é mesmo? Já parou para pensar o tanto de coisa nova que você pode aprender ao longo não somente dessa disciplina, mas de todo curso?
Na presente lição, daremos continuidade à expansão deste universo de nomes e conceitos novos, que são utilizados por economistas e também por profissionais da gestão, agora, porém, e como dito na lição anterior, colocando mais um tijolinho em nossa construção de conhecimento sobre a teoria da produção.
Na aula passada, vimos sobre a tecnologia de produção e da função de produção, que dirão como as empresas escolhem os insumos para poderem chegar ao produto final que desejam. Uma coisa que, talvez, você, agora, tenha se perguntado, e isso em função de já estar começando a pensar de forma mais econômica, do ponto de vista desta ciência, é que se os consumidores escolherão os produtos ou serviços que consumirão pensando na utilidade que eles gerarão, para as empresas deve ocorrer o mesmo, ou seja, contratar mais insumos, pensando no quanto de produto adicional ele pode gerar.
Se você pensou isso, parabéns! Na aula de hoje, veremos exatamente como entender a relação de produção e produtividade dos insumos trabalho e capital. Lembre-se, contratar um colaborador exige que ele seja capaz de contribuir para o aumento da produção, porque, caso contrário, não faria sentido contratá-lo, concorda?
Na aula de hoje, veremos, especificamente, os conceitos de produto médio e produto marginal, bem como sua representação gráfica (já deve ter ficado claro que economistas adoram um gráfico, não é mesmo?) Esta análise é importante, porque, quando pensamos como empresa, temos que saber o quão benéfico será a contratação de mais um trabalhador, ou de mais uma máquina, pois contratar mais uma unidade de ambos aumentaria o custo da empresa, então, é preciso saber se terá um efeito positivo sobre a produção.
Em resumo, aprenderemos como analisar, se vale a pena, ou não, contratar mais um trabalhador, ou mais uma máquina para aumentar a produção.
De qual forma as empresas escolhem a quantidade de trabalhadores que utilizarão em sua produção? Já pensou sobre isso? Todo dia, milhões de pessoas acordam cedo e vão trabalhar, tendo a certeza de que o trabalho as esperam e que, no fim do mês, receberá um salário como remuneração, não é mesmo?
Agora, por que as empresas contratam as pessoas e compram máquinas, equipamentos, instalações? A resposta é óbvia, fazem isso porque precisam destes fatores de produção para produzir os bens e serviços que elas, empresas, depois venderão ao mercado para obter lucro e também pagar os seus fatores de produção. Mas até que ponto uma empresa contrata mais uma pessoa? O que ela espera com esta contratação? Veja que, por mais simples que possa parecer esta resposta (contrata mais para produzir mais), esta decisão não é tão simples. Existe um custo adicional para a empresa associado à contratação de mais um trabalhador, e esse custo é o salário. Então, a empresa espera que esse trabalhador adicional consiga gerar um aumento da produção, de forma que quanto maior for a produção desse trabalhador, mais produtos a empresa pode produzir.
Como as empresas escolhem o quanto de pessoas contratarão? Qual o critério utilizado para saber o limite máximo de contratação que permite a empresa ter lucros, e não prejuízo? Você já se fez essas perguntas? O desafio da aula de hoje é você saber, por meio da curva de custo produto marginal e da curva de produto médio como esta decisão é tomada pelas empresas.
Imagine a situação em que você é gerente de uma empresa, e seus superiores lhe informam que eles planejam dobrar a produção, mas com o objetivo de que os custos não subam nesta proporção, ou seja, você tem a função de gerenciar esta meta tendo que, de alguma forma, ou aumentar a produtividade dos fatores de produção (ou seja, a mesma quantidade de fatores conseguir produzir mais) ou contratar novos trabalhadores e construir um novo barracão.
Parece uma tarefa difícil, não é mesmo? Após a presente lição, se, em algum momento de sua vida futura, você se deparar com esta situação, terá uma boa noção do que fazer e como tomar sua decisão sobre as novas contratações e o quanto esperar de resultado, em termos de produção, dessas novas contratações.
Para que você possa entender como os conceitos que veremos na aula são importantes, uma reportagem de março de 2019 pode auxiliar na compreensão. A notícia tinha como título “Brasileiro leva 1 hora para produzir o que americano faz em 15 minutos”. Como você pode imaginar, ela dizia que o trabalhador, no Brasil, levava uma hora para fazer o mesmo produto ou fornecer o mesmo serviço que um americano fazia em quinze minutos, ou seja, isso significa que a produtividade no Brasil é baixa. O baixo rendimento, segundo a notícia, não é devido ao trabalhador ser preguiçoso, e sim em razão dos atrasos na formação e, também, na infraestrutura das empresas (GOITIA, 2019).
Desta forma, chegou-se à conclusão que a produtividade média do trabalhador brasileiro é de apenas ¼ da do trabalhador americano, porém, é importante salientar que isso não relaciona o brasileiro a ser um trabalhador pior que os outros, pois a razão desta produtividade baixa está relacionada a algumas condições, como nível de educação dos funcionários e os equipamentos fornecidos pelas empresas (GOITIA, 2019).
Com a notícia observamos um problema que o Brasil passa há anos: a produtividade do trabalhador brasileiro está estagnada se comparada com a mão de obra de outros países. Mas por que isso é importante? Quanto maior a produtividade do trabalhador, maior é a eficiência produtiva da empresa, e, consequentemente, de todo o país, de forma que há melhoria na oferta de bens e serviços na economia, além de tornar o Brasil um país mais competitivo em termos de comércio exterior.
A partir da presente lição, você entenderá, de forma prática, como ter meios de se obter a produção média e marginal de um trabalhador e como isso é tão importante para a empresa na hora de decidir quantas pessoas contratarão, considerando o curto prazo.
O case o(a) deixou curioso(a)? Assista ao vídeo, a seguir, para conhecer um pouco mais sobre essa história:
Após termos aprendido sobre a tecnologia de produção e da função de produção, na presente lição, daremos início, agora, à análise referente ao processo produtivo em si, ou seja, das escolhas das empresas em termos de quais insumos e qual quantidade será utilizada na produção.
Lembra que, na lição passada, falamos sobre a importância do tempo para a análise da produção? Isso porque, no curto prazo, existe um fator de produção que não pode ser facilmente adquirido, fator esse que chamamos insumo fixo. Vamos começar nossa análise de produção considerando que a empresa está no curto prazo, então, um fator será fixo, e consideraremos que o capital é esse insumo, uma vez que para ser ter mais trabalho basta contratar novos trabalhadores.
Já vimos que economistas assumem que as pessoas racionais pensam na margem, ou seja, analisam as vantagens e as desvantagens, ou os benefícios e os custos, a partir de uma análise incremental. No caso das empresas, não é diferente, vamos assumir que elas analisam quanto uma unidade a mais de insumo (a contratação de um único trabalhador) afetaria o produto final gerado e, também, o custo adicional. No entanto empresas também fazem análises na média, avaliando como a contratação de mais de um trabalhador impactaria a produção e o custo (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Assumindo como fixo o capital, como a empresa faria para aumentar a produção? Isso mesmo, contratando mais trabalhadores, muito bem! Imagine que sua família é dona de uma padaria que possui dez fornos (o forno aqui é o capital) e dois funcionários. Como leva um tempo para comprar, ou mesmo construir novos fornos, para aumentar a quantidade q de pães produzidos, a única opção, pelo menos no curto prazo, é contratar mais funcionários, certo? Você foi designado como o responsável por aumentar a produção e está pensando em realizar a contratação de novos trabalhadores. Utilizaremos dados hipotéticos, por meio do Quadro 1 a seguir, para verificar o quanto a produção de pães aumenta à medida que você contrata novos trabalhadores.
Perceba que, mesmo tendo dez fornos, mas nenhum trabalhador, a produção é zero, uma vez que é necessário que tenham pessoas operando os fornos. Algumas coisas curiosas acontecem na produção à medida que se aumenta o número de trabalhadores. Veja que até a contratação do oitavo trabalhador (primeira coluna) a produção (quarta coluna) se eleva, mas, ao se contratar o nono trabalhador, a produção decresce (vai de 112 para 108, ou seja, 4 unidades a menos) (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Outro ponto interessante, e talvez algum aluno curioso tenha percebido, é que a partir de determinado número de trabalhador, há um aumento da produção. Mas este acréscimo no produto começa a ser em uma proporção decrescente? Como assim, não entendi? Olhe os valores da produção no Quadro 1. Quando se contrata o 1° trabalhador, a produção vai de 0 para 10, ou seja, um aumento de 10 unidades de pães. Quando se contrata o 2°, a produção vai de 10 para 30, um aumento de 20 unidades, enquanto que o 3° trabalhador gera um produto total de 60, um acréscimo de 30 unidades se comparado com o 2° trabalhador.
Veja, no entanto, que com quatro trabalhadores, a produção é de 80. Houve um acréscimo de 20 unidades (pois com três trabalhadores a produção era de 60), e com cinco trabalhadores a produção é de 95 (um aumento de 15 unidades, pois 4 trabalhadores produziam 80). Com o passar do tempo, mais trabalhadores não vão gerar mais acréscimo de produto, como é o caso da contratação do 9° trabalhador, que reduz a produção de 112 para 104. Mas por que isso acontece? Vamos pensar na produção. Como a quantidade de fornos é fixa, poucos trabalhadores não conseguem usar 100% da capacidade dos fornos, ou seja, há momentos em que os fornos ficam parados, não produzindo. À medida que aumenta o número de trabalhadores, os fornos são plenamente utilizados. A partir do momento que os fornos (o capital), ficam em 100% da utilização, não adianta mais contratar padeiros, pois não haverá forno sobrando para eles trabalharem, e os novos acabam atrapalhando os demais, pois há muitas pessoas para pouco capital.
Importante notar que esta análise de benefício de contratar novos trabalhadores está presente na quinta coluna do Quadro, no produto marginal do trabalho (PMgL). Por definição, o produto marginal do trabalho mostra o quanto aumenta a produção ao se adicionar uma unidade a mais de trabalho (VARIAN, 2012). Veja novamente o Quadro, quando o insumo trabalho aumenta de 3 para 4 o produto aumenta de 60 para 80, ou seja, aumentando em 20 unidades (80-60) a produção total. Uma forma comum para os economistas denotarem o PMgL é pela expressão (∆q/∆L), ou seja, a variação da produção total dividido pela produção da quantidade de trabalhadores. No caso da produção com 4, em vez de 3 trabalhadores, pela fórmula teríamos (80-60)/(4-3) = 20/1 = 20.
As empresas também estão preocupadas com o produto médio do trabalho (PML), que, diferente do produto marginal, mensura o acréscimo que cada trabalhador adicional gera de produto, o produto médio mostra o produto por unidade de trabalhador (VARIAN, 2012). No quadro, o produto médio por trabalho, quando se emprega 5 trabalhadores, é de 19 (95/5). A função do produto médio é mensurar a produtividade dos trabalhadores, ou seja, quanto de produto, na média, cada trabalhador é capaz de fazer. Olha que interessante. Na lição de hoje, estamos aprendendo a pensar como empresários, no sentido de descobrir qual o critério que as empresas utilizam para decidir quantas pessoas serão contratadas (MANKIW, 2013). No futuro, quando entrar no mercado de trabalho, verá que o que definirá sua entrada em uma empresa, com exceção para aqueles que se tornarem empresários, dependerá da sua capacidade de aumentar a produção e a produtividade da empresa.
Talvez você esteja sentindo falta de algo, não é mesmo? Se pensou isso, parabéns! Na economia, sempre será possível, com poucas exceções, representar informações de tabelas ou de equações em gráficos. Economistas usam gráficos porque é uma forma mais didática e simples de apresentação. Na teoria da produção, não seria diferente, analisaremos a relação de produto marginal e produto médio a partir de gráficos (MANKIW, 2013). Na Figura 1 a seguir, temos a apresentação de três curvas, todas tiradas a partir do Quadro 1. No gráfico (a), temos a curva de produção total de pães, que, no Quadro 1, é representada pela terceira coluna. Já no gráfico (b), apresentam-se as curvas de produto marginal e produto médio (caso tenha se esquecido, leia novamente a definição do que são esses produtos). Os gráficos representam as mesmas informações do Quadro 1.
Quais os pontos importantes da Figura 1 são importantes para você, estudante, compreender? Primeiro, veja que após 8 trabalhadores, a produção total torna-se negativa, ou seja, não é mais economicamente viável contratar 9 trabalhadores. Agora, as curvas de produto marginal e produto médio estão, diretamente, relacionadas entre si e com a curva de produção total, gráfico (a). Primeiro, veja que, quando a produção torna-se negativa (curva de produção inclina para baixo), o produto marginal também fica negativo, cruzando o eixo horizontal (a reta tracejada que relaciona o primeiro e o segundo gráfico no valor de 8 trabalhadores) (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
Outro ponto muito importante que fica mais visível no gráfico do que no Quadro 1 é que, quando o produto marginal é maior que o produto médio, o produto médio está crescendo, o que pode ser visto entre a contratação de 1 a 4 trabalhadores. Podemos constatar também que, a partir do momento em que o produto marginal for menor que o produto médio, o produto médio estará decaindo. Essa segunda condição é vista a partir da contratação do 4° trabalhador (PINDYCK; RUBINFELD, 2013; VARIAN, 2012). Para ver isso, analisaremos novamente a relação de número de trabalhadores e produção. Seis trabalhadores geram um produto total de 108 unidades de pães, o acréscimo de um 7° trabalhador aumenta a produção em apenas 4 unidades, indo para 112. Veja que o produto marginal do 7° trabalhador (4 unidades) é menor que o produto médio para 7 trabalhadores, que é de 16 (112/7 = 16).
Preste bem atenção nesta explicação: quando o produto marginal é maior que o produto médio, o produto médio está crescendo, mas, quando o produto marginal é menor que o produto médio, o produto médio estará decaindo, logo, quando o produto marginal é igual ao médio, o produto médio está no seu máximo, ou seja, será esse o ponto que definirá quantos novos trabalhadores você contratará para sua padaria (PINDYCK; RUBINFELD, 2013; VARIAN, 2012). Essa é a regra adotada para que as empresas, dentro da teoria da produção, definam a quantidade máxima de trabalhadores a serem contratados no curto prazo. Em nosso exemplo, o produto marginal é igual ao produto médio quando se empregam 4 trabalhadores. Com essa quantidade de trabalho, tanto o produto médio como o produto marginal são iguais a 20. Veja que, no gráfico (b), a curva de produto médio está no seu valor mais alto, a partir de 4 trabalhadores a curva de produto médio é decrescente.
Para fecharmos nossa lição, você verificou que, no curto prazo, acrescentar trabalhadores aumenta a produção, mas em proporções decrescentes, chegando ao ponto de reduzir a produção se houver uma grande quantidade de capital (máquinas, equipamentos e instalações) para poucos trabalhadores (no Quadro 1, o 8° trabalhador reduz a produção de 112 para 108). Esta relação é conhecida na economia de lei dos rendimentos marginais decrescentes, ou seja, o aumento de um insumo, mantendo os outros constantes faz com que a produção adicional diminua.
Ficou interessado(a) sobre esse tema? Clique no play, a seguir, e assista ao vídeo:
Na lição de hoje, aprendemos como analisar a produção média e marginal do trabalhador, e como que apenas com esses dois conceitos fica fácil perceber quantas trabalhadores ou quantas máquinas uma empresa contratará para gerar seus produtos e serviços que serão, posteriormente, vendidos ao mercado. Nossa análise considerou o curto prazo, ou seja, como aprendemos em lições passadas, consideramos que a empresa só pode aumentar a quantidade de um único insumo, ou fator de produção, o trabalho.
Isso é um tema importante porque, quando pensamos em empresas, pensamos em produção, trabalhadores, máquinas operando etc., mas também temos que considerar que as empresas têm um custo para manter sua atividade. Por esta razão, sua decisão em termos de contratação de fatores de produção deve ser a melhor possível, pois a ideia final é sempre obter lucro, e não prejuízo, não é mesmo?
Assim como a matéria presente em nosso estudo de caso, a produtividade do trabalhador é um fator fundamental para que uma empresa e também um país possam aumentar sua eficiência produtiva, e isso tem diversos impactos em nossa vida, pois quanto maior a produtividade, maior a produção e mais competitiva é a empresa, ou o país se torna. Imagine que você é dono de uma empresa que consegue produzir com muita eficiência uma grande quantidade e diversidade de produtos de qualidade. Não seria ótimo?
Por esta razão, entender como se comporta a produção média e marginal dos fatores de produção é muito importante. Além disso, como falamos no começo da nossa lição, colocamos mais um tijolo em nossa construção de conhecimento sobre a teoria da produção. Na próxima lição, aprenderemos como analisar a decisão de uma empresa que possui dois insumos variáveis, ou seja, podendo variar não somente a quantidade de trabalho, mas também de capital (máquinas).
Como um exercício de reflexão, gostaríamos que você pensasse e discutisse com seus colegas de sala: qual seria a forma da população brasileira ser mais produtiva? Vimos, na matéria do case, que grande parte disso não é em função de preguiça, mas sim que, no Brasil, não temos uma infraestrutura adequada em termos de produção, de educação, de preparo. Nesse sentido, em um questionamento com seus colegas ou mesmo parentes, pergunte a eles o que pode ser feito para haver um aumento na produtividade do trabalhador brasileiro para que assim o trabalhador, no Brasil, possa ser tão eficiente quanto os trabalhadores de outros países.
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GOITIA, V. Brasileiro leva 1 hora para produzir o que americano faz em 15 minutos. UOL Economia. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/03/19/brasil-baixa-produtividade-competitividade-comparacao-outros-paises.htm. Acesso em: 18 mar. 2022.
MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. São Paulo: Pearson Itália, 2013.
VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2012.