É costume ouvir-se, às vezes, muitos comentários sobre os cânticos litúrgicos, sobretudo os cânticos das missas de Domingo. Muitos defendem cânticos «mais alegres e festivos» e o uso de determinados instrumentos musicais. Pelos comentários vamos percebendo os conhecimentos que muitos cristãos têm da liturgia. E notamos que alguns cristãos sabem alguma coisa, outros pouco ou nada, não estando em conta a sua sensibilidade. As pessoas não se podem esquecer que estão a celebrar a liturgia. Esta não é um simples convívio entre cristãos. Tudo deve contribuir para a oração pessoal e comunitária, levando todos a aderir mais a Jesus Cristo e a interiorizar e a praticar a sua palavra. Qual é a função dos cânticos na liturgia? É o louvor a Deus e a santificação dos fiéis, ajudar a viver o mistério que se celebra. A música instrumental e os cânticos não se usam para distrair nem para entreter agradavelmente as pessoas, como muitos o querem fazer. Não faltam por aí missas giras e espetaculares, como se ouve, que não prestam louvor a Deus nem proporcionam o crescimento na fé dos cristãos que nelas participam. Não passam de meras reuniões de cristãos, de entretenimento, que, de encontro e acolhimento de Deus, têm muito pouco. E muitos pensam que a alegria está no ruído. Não está. A alegria dos cânticos não depende tanto do cântico em si, mas da perfeição e do entusiasmo interior da assembleia e dos cantores. Não faltam por aí cânticos alegres que não comunicam nada a quem os ouve. Os cânticos devem ser escolhidos não porque são giros ou agradáveis de ouvir, mas porque nos ajudam a viver o que estamos a celebrar. E o que é que estamos a celebrar? A presença da Palavra de Deus no meio de nós, a Morte e a Ressurreição de Jesus, a presença de Jesus ressuscitado no meio de nós, o fortalecimento do amor e da comunhão entre os fiéis. Os cânticos não nos devem distrair disto, mas ajudá-lo a viver. Muitos cânticos que por aí andam são mais cantigas do que cânticos litúrgicos. Podem ser usados em festivais ou encontros, mas não deviam ser usados na liturgia da Igreja.