Acima os cascos terminados, faltando apenas pintura. Abaixo outra foto do casco finalizado. Todas as outras partes estão prontas. Faltam agora três coisas:
Pintar - A superfície resultante está ótima. Vamos precisar de poucos retoques apenas.
Colocar velas - Vamos encomendar a fabricação
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Na aplicação da fibra e resina, usamos o mesmo princípio aprendido no revestimento do cockpit, que comentamos na etapa 3, mas que detalhamos melhor abaixo. O corte das peças aqui foi feito com o auxílio do velho e bom molde, feito em papel kraft 250g/m2. Colocamos o molde sobre o barco montado e verificamos o quanto teríamos que deixar de margem no corte. Riscamos a fibra e cortamos com tesoura comum amolada de uma forma especial. Mas vamos por partes....
A superfície da madeira revestida fica muito bonita! Dá vontade de não pintar, mas isto não dá pra fazer com epoxi e mesmo usando o melhor verniz PU, exigiria manutenção bem mais frequente.
Acima, detalhes de procedimentos posteriores à fibra, feitos no casco: Furos para o leme e para a tampa de inspeção do convés.
Considerações desta etapa:
A marcação com molde economiza bastante tecido, pois permite otimizar os cortes, e fizemos com caneta hidrográfica do tipo permanente (para transparências). Fazer esta operação sobre um piso cerâmico nos pareceu fundamental, pois as linhas quadriculadas ajudaram a alinhar o tecido, que por natureza, tende a ficar disforme e torcido com muita facilidade, o que pode prejudicar o corte.
Uma tesoura amolada comum não corta bem a fibra, pois o vidro escorrega no metal liso. Solução: amolamos a tesoura na parte grossa de uma pedra de amolar, para que fique com o corte ranhurado. Detalhe: a fibra cega a tesoura com facilidade, e o jeito foi ir amolando de vez em quando, logo que começava a "mastigar". Foi ótimo usar luva de borracha, pois a fibra cortada vai passando pela mão e a luva evita uma irritação extremamente desagradável na pele.
Antes de aplicar a resina ensaiamos o posicionamento com a fibra seca, quando então aproveitamos para fazer pequenas marcas no casco e no tecido com caneta permanente. Isto ajudou muito na hora do assentamento, que é sempre uma operação delicada e exige muito cuidado.
Finalmente o segredo dos segredos: A tensão superficial, que é responsável pela capilaricade e outros fenômenos foi a nossa grande aliada. Usá-la a nosso favor faz com que ela pressione fortemente, a baixo custo, a fibra contra a madeira:
Aplicamos um pouco de resina na superfície da madeira com rolo de lã, 15 cm, próprio para epoxi, e posicionamos a fibra no lugar. Pelo menos duas pessoas são necessárias para isto. É possível movimentar a fibra, com cuidado, empurrando-a com as mãos espalmadas sobre a superfície do tecido.
Passamos, ainda com o rolo, mais epoxi sobre o tecido já no lugar. Todos os fios ficam efetivamente embebidos na resina, que não deve ter muita viscosidade.
O mais importante de tudo: Com uma espátula de plástico sem cabo, talvez a ferramente mais simples e barata que se pode encontrar no mercado, dessas que se vendem para emassar, retiramos todo o epoxi possível passando como se fosse um rodo, com bastante força, mas com cuidado. O tecido, totalmente transparente pela resina, deve ficar parecendo seco ao reflexo após isto. Algum tempo depois conferíamos para ver se aflorava mais epoxi. Quanto menos epoxi, mais a tensão superficial faz pressão (enorme) entre a fibra e o compensado e com as leis da física ao nosso favor, melhor o resultado, sem precisar de "vacuum bagging" e nem nada de complicado. É necessário remover o excesso de resina de forma quase obsessiva.
Uma observação adicional: A não realização da operação acima é sinônimo de desastre certo! Muita resina escorrida, poças no chão e o que é pior: Estalactites de resina na parte de baixo do local onde foi feita a aplicação!