POESIA

O CAPITÃO

Era mais um Abril murcho e cinzento

Com o medo a espreitar em cada esquina,

Repressão de um regime bolorento

Que o povo à pobreza e prisão destina.

 

Ao longe o sangue, as fardas sem alento,

Granadas, explosões, a morte domina,

Torturas a moldar o pensamento,

Mulheres a implorar a luz divina.

 

Mas a senha soou na noite nua        

A coluna avançou com a canção

Com cravos a vitória se insinua.  

 

O alferes e o cabo disseram não! 

O povo gritou e invadiu a rua: 

Fora o fascismo, venceu o Capitão!

 

Graça Alves