EDITORIAL

FICHA TÉCNICA

Direção: Maria Conceição Costa
Coordenação e edição: José Vieira
Colaboradores:
Alexandra Matos, António Carlos Gomes, António Tendeiro, Antonino Neves, Bruno Simões, Clara Gomes, Daniela Oliveira, Graça Alves, Helena Gonçalves, José Vieira, Susana Alexandrino, Teresa Silvano

O ano de 2024 marca o 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, um dos momentos mais significativos da nossa história, por representar o dia em que Portugal se libertou de uma longa ditadura, conquistando a liberdade e a democracia.
A mobilização social que a Revolução tornou possível conduziu à afirmação de direitos de cidadania. No tocante à educação, aquilo que por agora mais importa, (re)mobilizou as aspirações de acesso aos diferentes níveis de escolaridade. Emergiu, assim, “o ensino para todos”, numa escala e de uma forma que nunca tinha existido na história de quase 900 anos do nosso país. Abriu-se o caminho para um sistema educativo inclusivo e democrático.
A educação tem um papel determinante na transformação das vidas das pessoas, na promoção da igualdade e na construção de uma sociedade mais justa e democrática.
Não foi por acaso que, logo que lhes foi possível, a primeira coisa que milhões de pais fizeram foi pôr os filhos a estudar até onde quisessem.
Com efeito, a Revolução permitiu implementar políticas para expandir a rede de escolas, especialmente nas áreas rurais e menos desenvolvidas, para garantir a todas as crianças o acesso à educação.
A educação de adultos recebeu maior atenção, com programas destinados a reduzir o analfabetismo e melhorar as qualificações das pessoas.
A formação profissional foi ampliada, preparando jovens e adultos para o mercado de trabalho com competências técnicas e profissionais.
O currículo escolar foi modernizado, eliminaram-se disciplinas obsoletas e introduziram-se novos conteúdos alinhados com princípios democráticos. Por exemplo, a preocupação com a “formação de pessoas responsáveis, autónomas, solidárias, que conhecem e exercem os seus direitos e deveres em diálogo e no respeito pelos outros, com espírito democrático, pluralista, crítico e criativo”(1) levou à introdução da educação para a cidadania no processo educativo.
Também as perspetivas didáticas foram alteradas, abandonando-se o ensino tradicional autoritário e baseado na memorização e adotando-se propostas centradas no desenvolvimento de competências associadas à participação e ao espírito critico e criativo, com enfase na compreensão de que a realidade obriga a uma referência comum de rigor e atenção às diferenças.
A inclusão e a igualdade de oportunidades tornaram-se pilares do novo sistema educativo.
Melhorias na formação inicial e contínua de professores permitiram-lhes estar mais preparados para os desafios pedagógicos e sociais.
Também o ensino superior foi expandido significativamente, com a criação de novas universidades e institutos politécnicos em todo o país.
Todas estas transformações foram essenciais para modernizar o sistema educativo português, promover a igualdade de oportunidades e preparar o país para os desafios do futuro, sempre com um forte compromisso com os valores democráticos e a inclusão social.
O 25 de Abril deve ser mais do que uma data! Representa um exemplo da luta pela justiça social e pela educação para todos, promovendo uma cultura de paz, solidariedade e respeito mútuo.
Temos que compreender que a democracia é um bem que deve ser cultivado e protegido todos os dias.
Viva o 25 de Abril! Viva a liberdade!

Maria Conceição Costa
(Diretora da ESAB)

1 Disponível em https://www.dge.mec.pt/educacao-para-cidadania-linhas-orientadoras-0