HISTÓRIA E CULTURA
DAS ARTES

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

UM DIA MEMORÁVEL EM CONFINAMENTO

Embora não seja comum isto acontecer, partilho um pouco do que se passou neste dia.

Primeiro, recebo uma mensagem por email, daquelas que, quando se recebe, nos surpreendem porque são uma verdadeira “jóia”.

O apreço que Ruqaia Salahe e Noor Salah demonstraram para comigo deixou-me sem palavras. Certamente, recorreram ao Google para traduzir de árabe para português o que queriam escrever. A sua atitude, de generosidade e autonomia, demonstrou a vontade de participar e também de marcar a importância de comemorar este dia. Confesso já ter recebido outras belas surpresas, ao longo da minha vida, enquanto docente, e algumas delas guardo em caixinhas, que, volta e meia, encontro no armário desarrumado dos materiais de trabalho. Utilizo-as, por vezes, para fazer algo criativo, ou leio as mensagens escritas, para me animar e continuar a dar valor ao meu trabalho e à minha profissão. Escusado será dizer que estas coisas sempre ficam na memória e no coração de qualquer um de nós, docentes, mas há sempre umas que nos tocam mais do que outras!

A segunda partilha, que gostaria de referir, é uma atividade que realizei com os meus alunos, no âmbito da História da Cultura e das Artes e da Cidadania e Desenvolvimento, com uma turma do 10º ano.Como ponto central de aprendizagem de E@D, aula síncrona para este dia, estiveram as “Guerrilla girls”.O grupo de artistas feministas e ativistas anónimas que, desde 1985, têm como objetivo combater o sexismo e o machismo no mundo da arte, com o intuito de trazer para a conversa as desigualdades, na comunidade artística, encontradas nos museus e em todo o circuito comercial das galerias.

Algumas alunas e alunos da turma fizeram-se representar com o pseudónimo de uma mulher artista falecida. Falou-se de algumas destas artistas não terem conseguido a visibilidade merecida no mundo artístico, porque foram “camufladas” pela sociedade da sua época, pelo simples facto de serem mulheres. Outros alunos e alunas escolheram pseudónimos de outras mulheres artistas, cujas obras foram, ou têm sido exemplo de ativismo na arte contemporânea. Abordou-se também a necessidade de continuarmos centrados nos Direitos Humanos, nas lutas e nas conquistas, para um bem igualitário.

As “Guerrilha 10-2B” (foi assim que chamei a este grupo turma) pintaram os lábios (eles e elas) e estiveram muito bem, na partilha online, no empenho e na participação.

É com imensa gratidão e orgulho que vejo a participação dos meus alunos neste tipo de dinâmicas de trabalho que centralizam a importância de comemorar dias festivos como este, abordando matérias da área de estudo, conteúdos da própria disciplina e fomentando a cidadania. É com este processo de dar e receber, que enriqueço todos os dias, enquanto docente.

Ainda sobre o Dia Internacional da Mulher, gosto de o “saborear”, com o objetivo de relembrar que deve continuar a ser de ativismo, todos os dias, e deve servir de encorajamento para outras mulheres se envolverem, neste caminho para a igualdade.

Agradeço o ensinamento que tive de outras mulheres que fizeram, ou fazem parte da minha vida, mas também, dos homens que se juntam a nós, neste e noutros dias!

Carmo Almeida