A visão, um dos nossos cinco sentidos, pode ser utilizada de três modos distintos, como é referido na citação de José Saramago, sendo estes: olhar, ver e reparar”, os quais, na minha opinião, podem ser facilmente dissociados.Do meu ponto de vista, o ato de olhar corresponde a uma ação não premeditada que nos é impossível contornar, isto é, o olhar é algo inato, algo que nasce e morrerá connosco. Um bom exemplo desta ação será quando, por hipótese, um aluno, que se encontra na sala de aula, aparentemente atento, virado para o quadro, é questionado e não consegue sequer reproduzir a pergunta que lhe foi feita. Ele estava a olhar, porém a sua atenção não estava nas imagens filtradas pelos seus olhos.

Acredito também que o ato de ver se traduz por um olhar atento, isto é, corresponde a uma ação, que implica assimilação dos conteúdos fornecidos pela visão, a qual vai resultar em mudanças no nosso íntimo, mesmo que não nos sejam, de imediato, percetíveis. O estádio de desenvolvimento em que este ato está mais presente é a infância. As crianças veem o mundo com o espírito puro, o que lhes permite absorver a informação que lhes é concedida, livre de julgamentos, sem filtros. Por exemplo, na associação de palavras às imagens que lhes correspondem, a criança vai ver a imagem, atribuir-lhe uma palavra e incorporar esse conceito na sua mente sem haver um período de reflexão.

Por fim, considero que o ato de reparar é algo mais complexo, uma vez que implica uma assimilação da informação, acompanhada por uma análise introspetiva, que realizamos conscientemente e com o intuito de desvendar os mistérios do mundo que nos acolhe. Para mim, esta ação é o mecanismo que nos permite conceber uma perspetiva sobre o mundo que nos rodeia e pode, por isso, ser o motor da mudança, da evolução. Penso que adquirimos esta capacidade na fase da adolescência, quando começamos a questionar o que observamos.

Concluindo, do meu ponto de vista, estas três formas de utilizar a visão podem ser relacionadas, quer com os estádios de desenvolvimento quer com o nosso estado de espírito, que afetará a nossa capacidade de realizar estas ações.

Mariana Branco (12º 1E)
(Texto redigido na aula de Português-Domínio da Escrita)